Uma das funcionárias da Smam, que atuou na operação, lembrou que havia plantado algumas das árvores que foram cortadas. “Não gostamos, mas às vezes temos que abrir mão de algumas coisas por outras. Neste caso, pelo desenvolvimento da cidade”, afirmou ela, que preferiu não se identificar. O corte das árvores é considerado uma medida fundamental para a conclusão da duplicação da Edvaldo Pereira Paiva, que visa melhorar a mobilidade urbana na região que vai desde a avenida Padre Cacique até a Usina do Gasômetro. Segundo o secretário municipal de Gestão, Urbano Schimitt, a Padre Cacique terá seu fluxo ampliado com o transporte público e a Edvaldo Pereira ficará com os veículos particulares. “Gradativamente haverá uma reorganização do trânsito nesta região”, projetou. Contestando algumas acusações feitas contra o corte, o secretário explicou que a retirada é fundamental porque dentro do Plano Viário da cidade, que integra o Plano Diretor de Porto Alegre, as árvores estavam no traçado de uma rua. “Em algum momento foram plantadas de maneira equivocada”, disse. Ação na madrugada Durante a madrugada, policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE) e do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM) cercaram um pequeno acampamento de 12 barracas, composto por um grupo de manifestantes contrários ao corte das árvores. Na ação, foram detidos 21 homens e seis mulheres. Todos foram soltos antes das 8h, após assinarem um Termo Circunstanciado por desobediência de medida judicial e por desacato, infrações que responderão em liberdade. Schimitt explicou que a ação foi realizada durante a madrugada para preservar a segurança das pessoas e evitar problemas no trânsito. “Foi uma preocupação grande para que houvesse uma rapidez nessa operação e tivéssemos menor impacto possível na questão do trânsito, como também na questão da segurança das pessoas que estão trabalhando e dos próprios manifestantes”, explicou em entrevista à Rádio Guaíba. O corte de árvores foi autorizado pela Justiça no último dia 16. Por três votos a zero, os desembargadores liberaram a retirada de cerca de 100 mudas na avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio. A decisão foi tomada pelo relator Carlos Eduardo Duro, pela presidente da Câmara, Maria Isabel Souza, e pelo desembargador Eduardo Kraemer. Das árvores retiradas, 14 eram consideradas de grande porte e as demais de pequeno, tendo cerca de dez anos. A última árvore cortada, uma seringueira, foi a mais complicada por sua grandiosidade e volume de galhos. Foi necessário podá-la primeiro. A árvore estava localizada em frente à Câmara Municipal. O material recolhido foi levado para a Estação de Transbordo da Lomba do Pinheiro, na zona Leste da Capital. Como compensação pelo impacto ambiental da obra, a prefeitura da Capital promete providenciará o plantio de 401 novas árvores, das quais 130 já foram plantadas na área. Além disso, mais 2 mil espécies nativas devem ser plantadas no projeto da Orla do Guaíba. Mobilização nas redes sociais A ação para o corte das árvores gerou repercussões, em especial nas redes sociais. Muitas manifestações de apoio à operação para a realização da obra e contrárias, contestando entre outras coisas, o horário em que foi desencadeada. Poucas horas após os cortes já eram organizados atos e protestos, um deles intitulado “O protesto não acabou! Protesto contra o corte de árvores em Porto Alegre!”. ***************************************** Fonte: Mauren Xavier / Correio do Povo |