Fotos: Banco Mundial
Pesquisa indica que tecnologias de baixo carbono são a forma mais rápida para melhorar o padrão de vida de 70% da África subsaariana, que anda não tem acesso à eletricidade em seus laresNos últimos anos, cerca de 2,5 milhões de residências quenianas começaram a receber eletricidade graças a instalações fotovoltaicas, 2.150 postos de trabalho foram criados em Gana para a construção de projetos de energia renovável, a mortalidade materna em Uganda caiu pela metade em parte devido ao uso de rádios com baterias solares para troca de informações, e por toda a África subsaariana famílias passaram a economizar 12,6% de sua renda ao substituir o querosene como combustível por fontes alternativas de energia.
Todos esses benefícios são reconhecidos pelo estudo The low carbon energy lift powering faster development in sub-Saharan Africa (A ascensão da energia de baixo carbono impulsionando o desenvolvimento mais rápido na África subsaariana), publicado nesta terça-feira (29) pelo centro de pesquisa Green Alliance e apoiado pelas organizações Christian Aid, Greenpeace, Sociedade Real para a Proteção de Pássaros e WWF.
Segundo o relatório, as tecnologias renováveis podem ter um papel ainda mais importante para ajudar o desenvolvimento dos países mais pobres, e na África subsaariana elas possuem um enorme potencial, já que 40% da população mundial que não tem acesso à energia encontra-se nesse continente.
Para se ter uma ideia, o documento aponta que apenas 20% da comunidade da África subsaariana está conectada à rede elétrica, 10% têm acesso a uma rede não confiável de energia e 70% da população não tem nenhum acesso à eletricidade, sendo que, desta, 80% vive em áreas rurais.
E essa situação não atinge os subsaarianos apenas em nível residencial: cerca de 30% dos centros de saúde e 65% das escolas primárias da região não têm acesso à eletricidade, comerciantes informais perdem aproximadamente 16% de seus negócios devido à falta de energia confiável, 50% das vacinas perdem sua validade devido à falta de refrigeração e fábricas sofrem com escassez de eletricidade em 56 dias por ano – quase um dia por semana.
Assim, o estudo indica que as energias renováveis têm o potencial de ajudar a solucionar esses problemas, mas ainda há um longo caminho pela frente, mostra a pesquisa. A capacidade de geração precisa aumentar 3,5 vezes para que todos tenham acesso à eletricidade, passando de 132 TWh em 2014 para 462 TWh até 2030, o ano limite para a meta da ONU de acesso universal à energia.
Uma das soluções para isso seria apostar na geração renovável descentralizada, que pode atingir as comunidades muito mais rapidamente do que expandir os sistemas de rede central, além de serem mais resilientes às mudanças climáticas, já que, por exemplo, se ocorrer algum problema, uma parcela menor da população é prejudicada. Para isso, estima-se que seria necessário um financiamento de R$ 91,35 bilhões, dos quais cerca de 50% já estão garantidos por governos e entidades.
Com esse investimento, o relatório estima, por exemplo, que projetos solares gerarão mais 2,1 mil empregos para Gana, que a capacidade de energia geotérmica do Quênia dobrará entre 2012 e 2030 de 12,2% para 24% do sistema, e que a capacidade eólica da Etiópia crescerá 8% no mesmo período. O documento, que é britânico, enfatiza a importância de o Reino Unido investir no desenvolvimento das energias renováveis em solo africano.
“A falta de acesso à eletricidade na África subsaariana é um escândalo que está aprisionando as pessoas na pobreza. O governo do Reino Unido tem um papel importante a desempenhar no apoio a companhias britânicas para que sejam parte da revolução das energias renováveis, que pode transformar as vidas dos povos africanos”, observou Laura Taylor, diretora da Christian Aid.
“A Agenda 2030 é um plano para um crescimento sustentável, inclusivo e equilibrado em longo prazo. Estamos certos de que a Grã-Bretanha deve ser uma líder mundial na economia de baixo carbono. Essa é a chave para o aumento dos empregos altamente qualificados e mais bem pagos que precisamos, assim como para fortalecer um desenvolvimento por todo o mundo que beneficie a todos”, concordou Chuka Umunna, secretário de negócios do Partido dos Trabalhadores britânico.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil. (CarbonoBrasil)
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