Contrariando a máxima que os países mais pobres não possuem condições de arcar com tecnologias verdes, relatório aponta que estes são os que mais contribuem com o planeta.
Uma narrativa popular entre os “negadores do clima” e detratores da energia verde é que o combate às emissões de carbono e às mudanças climáticas, ao promover as fontes de energias sustentáveis, é um fardo para os países mais pobres e prejudica suas populações. Porém, um novo relatório, chamado Climatescope 2014: Mapping the Global Frontier for Clean Energy Investment, contradiz tal argumentação, mostrando que alguns dos países mais pobres do mundo já são líderes em energias renováveis.
De acordo com o relatório, que avalia a habilidade de 55 países em atrair investimentos em energia limpa baseada em políticas atuais, as nações emergentes estão superando, e muito, as economias estruturadas quando o assunto é energia verde. Descobriu-se também que os mercados emergentes tiveram um crescimento de 143% em sua capacidade de energia limpa, enquanto os países com economias maiores e mais robustas contabilizam apenas 84%.
“Energia limpa é uma opção de baixo custo para muitos desses países”, disse Ethan Zindler, analista para a Bloomberg New Energy Finance. “As tecnologias já possuem um custo-benefício agora. Não no futuro, mas agora”, completa.
“Por anos, foi amplamente aceito que apenas os países mais ricos do mundo teriam meios de se beneficiar com as fontes energéticas de emissão zero de carbono”, lê-se na introdução do relatório. “Nações emergentes, presumia-se, poderiam pagar apenas por geração de energia baseada em fósseis. Essa crença norteou diversas decisões políticas e de investimento. Ela até mesmo moldou as dinâmicas dos debates internacionais sobre o clima, mas tecnologias verdes se expandiram e tecnologias para energia limpa já estão ao alcance de tais países – que são o lar de alguns dos mais extraordinários recursos naturais como vento, sol, geotermal, biomassa e hidroelétricas”.
O texto continua apontando que a dependência de combustíveis fósseis, na realidade, significou que alguns dos países mais pobres têm os preços mais caros de eletricidade.
“Nos países menos desenvolvidos, onde centenas de milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade, à distribuição de energia limpa como fonte elétrica, é geralmente a escolha óbvia, ao invés do tradicional método de redes de transmissão ou geradores locais a diesel”, afirma o relatório, salientando ainda países como a Jamaica, onde as energias eólicas e solares, podem contabilizar metade do preço do que seria com combustíveis fósseis.
Esse é o terceiro ano do projeto, que anteriormente examinou exaustivamente os países da América Latina e do Caribe. Nesse ano, o relatório avalia países na África Subsaariana e na Ásia, além de 10 estados indianos e 15 províncias chinesas.
* Tradução: Vinicius Gomes.
** Publicado originalmente pelo EcoWatch e retirado do site Revista Fórum.
(Revista Fórum)