Universo Energético
China promete cortar 18% do CO2 em 2020
Mail
Fumaça na região de Shanghai. Foto: Nana Queiroz, 2015
Em meio a retração econômica, plano chinês de desenvolvimento para os próximos cinco anos tem foco em ciência e tecnologia, incluindo renováveis. Documento traça meta de redução de emissões.Por Redação do OC –A China adotou nesta quarta-feira (16) o que a imprensa oficial do país chama de “o mais verde” Plano Quinquenal já apresentado. O documento, aprovado em um cenário de retração econômica, traça outro rumo ao desenvolvimento chinês até 2020 e dá grande peso no “desenvolvimento verde”, com quase metade dos alvos prioritários voltada às políticas ambientais. O governo espera que, ao final de cinco anos, ciência e tecnologia representem 60% do PIB chinês.
O governo também estabeleceu a meta de reduzir em 18% suas emissões de gases de efeito estufa e 15% da intensidade de energia por unidade do PIB em 2020, em relação aos níveis de 2015. Ou seja, a retração na economia que levou à necessidade de reajustar o sistema produtivo é boa para o clima. Um estudo divulgado na semana passada mostra que o país pode ter atingido o seu pico de emissões – a meta chinesa apresentada às Nações Unidas para a construção do acordo do clima de Paris era que esse pico fosse atingido em 2030. Porém, taxas de crescimento altas como as registradas na última década não devem voltar a acontecer, e por isso as emissões não devem aumentar.
“Depois de mais de três décadas de crescimento econômico de dois dígitos, a China chegou a um ponto em que tem que se despedir do velho caminho de crescimento e inaugurar um novo capítulo para as suas estratégias de desenvolvimento”, diz a agência oficial chinesa. “O anseio do país por crescimento verde, em vez de arrastar para baixo a economia, será um benefício e desencadeia uma nova onda de oportunidades para os investidores nacionais e estrangeiros.” A expectativa é que a “economia verde” movimente um mercado de até 10 trilhões de yuans (cerca de 1,5 trilhão de dólares), com empresas de energia renovável, controle da poluição e tratamento de esgoto.
O país já vem reduzindo o consumo de carvão. Em 2015, a queda foi de 3,7%, após queda de 2,9% em 2014. No começo do mês, foi anunciada a extinção de 1,8 milhão de postos de trabalho em siderúrgicas e na indústria do carvão. O plano até 2020 cita uma “revolução energética” baseada em renováveis. A China lidera hoje as novas instalações de solar e eólica – no ano passado, a sua nova capacidade eólica atingiu um recorde, com aumento de mais de 60% em relação ao ano anterior. Para os próximos anos, deve haver investimentos expressivos também em carros elétricos.
Ativistas de clima comemoraram a aprovação do plano. Para o Greenpeace, o documento sugere que a China vai implementar e melhorar as suas metas nacionais de redução de emissões apresentadas na COP21, a conferência de clima da ONU. “O fato de que o governo chinês já está falando sobre como melhorar o seu plano de ação climática indica que ele está pronto para o jogo”, diz Li Shuo, do Greenpeace na Ásia. “Se isso se traduzir em políticas concretas, a China poderia estar a caminho de se tornar um líder global em frear emissões.”
O país também implantará um sistema de parques nacionais e um sistema de monitoramento ambiental em todo o país em 2020. De acordo com a imprensa local, dirigentes estarão sujeitos a “auditoria de responsabilidade de proteção ambiental” antes de deixarem seus postos.
Além da política climática e dos benefícios para a economia, a nova estratégia ambiental chinesa também está relacionada a questões de saúde pública, já que a população chinesa está exposta a um alto nível de poluição do ar.
(Observatório do Clima/ #Envolverde)* Publicado originalmente no site Observatório do Clima.
-
China pode já ter passado pico de emissãoSiderúrgicas em Benxi, China: velha economia está ficando para trás. Foto: Andreas HabichCrescimento a “taxas chinesas” ficou no passado e foco agora é qualidade, dizem pesquisadores britânicos; emissão...
-
Eua E China Lançam Declaração Para Paris
Os dois maiores emissores globais reforçam compromisso de financiar países pobres em mitigação e adaptação a mudanças climáticas e cobram ambição no acordo do clima.Cíntya Feitosa, do OC –Os dois países líderes em emissões de gases de...
-
Emissão De Gases Que Provocam O Efeito Estufa Volta A Crescer No Brasil
No ano passado, a emissão de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera voltou a crescer no Brasil. Ela vinha caindo desde 2005.Para os pesquisadores do Observatório do Clima a situação é de alerta. Está no relatório apresentado nesta quarta-feira...
-
China E Eua Firmam Acordo Climático Histórico
Por Redação do Greenpeace China e Estados Unidos, dois maiores emissores mundiais, firmam acordo para combater mudanças climáticas. Notícia é positiva, mas poderia ser mais ambiciosa.Quando o tema é a política sobre mudanças climáticas e energia,...
-
Emissões Do Setor De Energia Dos Eua Sobem 2% Em 2013
por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil Apesar de parecer pouco, alta representa o fim de uma tendência de queda nos últimos anos, assim como aponta para o crescimento do uso do carvão. Os diplomatas norte-americanos têm apresentado nas negociações...
Universo Energético