Um diagnóstico elaborado pela iniciativa Rio Alimentação Sustentável traçou o perfil de abastecimento de alimentos saudáveis e sustentáveis no Brasil, em especial no território carioca, com o objetivo de orientar os passos que garantirão a oferta dos alimentos durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
A iniciativa é formada por uma aliança entre 26 organizações coordenadas pela Conservação Internacional – Brasil (CI-Brasil) e WWF-Brasil. O Diagnóstico para a Oferta de Alimentos Saudáveis e Sustentáveis nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 foi apresentado no Rio durante a assinatura de um memorando de entendimento entre a iniciativa Rio Alimentação Sustentável Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 visando garantir alimentos saudáveis e sustentáveis durante as competições.
Foram analisadas 15 cadeias produtivas, entre as quais carne, cereais, frutas, hortaliças, peixes, leite e derivados. A ideia é que esse diagnóstico se torne um guia para o país na formulação de políticas públicas para alimentação. O documento está disponível no site da iniciativa: www.rio-alimentacaosustentavel.org.br.
Ao apontar oportunidades e desafios para o setor, o levantamento torna-se um importante guia para os organizadores dos Jogos Rio 2016 e inspiração para governos, instituições públicas, empresas e sociedade civil repensarem o modelo de alimentação a ser adotado durante eventos de grande porte.
“Nosso objetivo é oferecer uma alimentação saudável, sustentável e que promova a rica cozinha brasileira”, diz Leila Luiz, gerente de Alimentos e Bebidas do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, lembrando que serão servidas cerca de 14 milhões de refeições durante o período das competições Olímpicas e Paralímpicas.
É grande o potencial que se pode deixar para as políticas públicas alimentares a partir de um megaevento como os Jogos. Exemplo disso é a experiência pioneira dos Jogos de Londres 2012, onde os prestadores de serviço de alimentação buscaram reduzir a pegada ecológica dos alimentos, priorizando produtos regionais.
“Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 serão uma chance para o Brasil aprimorar a estruturação das cadeias produtivas de alimentos saudáveis e sustentáveis no Rio de Janeiro e no Brasil. Esses alimentos terão visibilidade e poderão tornar-se mais acessíveis”, enfatiza Guilherme Dutra, Diretor de Estratégia Costeira e Marinha da Conservação Internacional – Brasil.
“A alimentação também faz parte da experiência que as pessoas vão viver nos Jogos. Por isso, estamos felizes de trabalhar em parceria com a Rio Alimentação Sustentável, que vai nos ajudar a promover a sustentabilidade entre os produtores brasileiros, explica Julie Duffus, gerente de Sustentabilidade do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016.
Produção – Uma das estratégias apontadas pelo diagnóstico é adequar a produção aos padrões de qualidade e regulamentos exigidos pelo mercado de produtos sustentáveis. O custo para certificar alimentos e garantir sua origem e sistema de produção é alto e impacta todos os elos da cadeia de produção, tornando-se um gargalo para o setor.
De acordo com os organizadores da iniciativa, será preciso criar alternativas, como a certificação em grupo ou por segmento, entre os produtores envolvidos. Somente um sistema de certificação reconhecido pelo mercado poderá indicar para o consumidor que o alimento é produzido de forma mais sustentável.
Apesar da crescente demanda por alimentos produzidos de forma mais sustentável, a produção ainda se dá em escala muito baixa no país. Outra barreira é a ausência de estatísticas confiáveis. “Este é um primeiro esforço nacional para que possamos ter um diagnóstico real da produção de alimentos saudáveis no país”, esclarece Frederico Soares Machado, analista de Políticas Públicas do WWF-Brasil, uma das organizações responsáveis pelo documento.
Para garantir que a iniciativa Rio Alimentação Sustentável cumprirá seus objetivos, o relatório traz uma série de recomendações para subsidiar a estratégia do Comitê Rio 2016, que estabeleceu parâmetros de sustentabilidade para os fornecedores e licenciados da alimentação dos Jogos.
A rastreabilidade também deverá ser incorporada pelos organizadores para garantir a procedência dos produtos. Parecerias com governos e o setor privado, além de campanhas informativas também fazem parte das recomendações.
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.
(WWF Brasil)