Angela Merkel e David Cameron, assim como a presidenta Dilma Rousseff, podem fazer a lição de casa e ir até Nova Iorque e cumprir seus compromissos reais.
Novas histórias estão circulando sobre o relatório de mudanças climáticas do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) – um resumo que condensa três outros relatórios sobre clima para políticos. A síntese será oficialmente lançada na Conferência do Clima, 31 de outubro, mas o conteúdo das mais de 5000 páginas é de conhecimento geral, ainda que seja ignorado por muitos: as mudanças climáticas ameaçam tanto nossa geração quanto as gerações futuras. Durante nossa vida na Terra, o planeta sofrerá mudanças catastróficas a menos que as emissões de carbono sejam reduzidas e que os combustíveis fósseis sejam substituídos por fontes renováveis e limpas.
As mudanças climáticas podem parecer algo complexo e fora de nosso alcance, mas pode ser simples se tomarmos a iniciativa de diminuir a queima de combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás – responsável pela maioria das emissões de carbono que causam o aquecimento global.
A escolha é nossa. A cada dia que permitimos e contribuímos com o uso de combustíveis fósseis e enquanto novas minas de carvão e campos de petróleo são planejados, nós somos parte do problema. Mas a cada dia que desafiamos os políticos e empresas, exigindo energia limpa e segura, passamos a fazer parte da solução, parte de um movimento que cresce rapidamente pela mudança que já está acontecendo em países como China e Estados Unidos.
Agora, como os governantes estão se preparando para um novo acordo climático global a ser assinado em dezembro de 2015 em Paris, a luta climática vem sendo travada nas principais capitais do mundo, onde são tomadas as decisões sobre o uso do carvão, extração de petróleo, novos gasodutos e infraestrutura das grandes cidades.
A boa notícia é que as mudanças climáticas voltaram a fazer parte da agenda política global – com a maior intensidade possível. O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, está convocando chefes de Estado para uma Conferência Climática no dia 23 de setembro, em Nova Iorque. Ele tem como objetivo criar um impulso político para a COP 20 (Conferência do Clima da ONU), que este ano ocorre no Peru. Na melhor das hipóteses, poderíamos testemunhar sinais de um novo tipo de liderança de economias emergentes, como a China, que recentemente criou políticas radicais para reduzir o uso de carvão e promover as energias renováveis, mas que ainda precisa levar essa medida interna para o âmbito internacional.
A taxa de crescimento do uso de carvão na China está estagnada em zero e mostra sinais de declínio para os primeiros seis meses deste ano. Esta é uma mudança em relação à taxa média anual de crescimento de 10% em 2003 – 2011. Ao mesmo tempo, o uso de carvão também mudou drasticamente nos Estados Unidos, resultando em declínio absoluto de emissões. Não é surpresa o carvão ser um fator comum entre líderes dos dois principais emissores do mundo, já que ambos buscam um terreno em comum no encontro promovido por Ban Ki-Moon.
Mas onde estão as autoridades europeias? Aquelas que costumavam liderar ações pelo clima? Eles vão permitir que China e EUA façam o principal acordo climático sem intervir? Por que a chanceler alemã, Angela Merkel, planeja não participar do lançamento do relatório do IPCC, enquanto o primeiro ministro britânico, David Cameron, ainda não confirmou sua participação? É para evitar o constrangimento de não ter atingido os objetivos traçados até 2030 pela União Europeia?
Bom, isso ainda pode ser corrigido.
Angela Merkel e David Cameron, assim como a presidenta Dilma Rousseff, podem fazer a lição de casa e ir até Nova Iorque e cumprir seus compromissos reais.
* Kaisa Kosonen é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Nórdico.** Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil. (Greenpeace)
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