Universo Energético
O Pantanal conquista a Suécia
O Pantanal é a maior área úmida do planeta, abriga uma rica biodiversidade – mais de 5 mil espécies vegetais e animais registrados e sustenta atividades econômicas como a pesca, o turismo e a pecuária. Foto: © WWF
Por Redação do WWF Brasil –
O Pantanal encantou os participantes da Semana Mundial da Água, (World Water Week), um dos mais importantes fóruns sobre recursos hídricos do mundo. Centenas de espectadores de mais de 50 países assistiram à apresentação “Mudanças não acontecem de repente”, em que o coordenador do Programa Água para Vida do WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas, falou sobre a importância do trabalho de conservação dos rios e das nascentes das “cabeceiras do Pantanal”. É nessa região, localizada no planalto da bacia do Paraguai, no estado de Mato Grosso, onde nascem 30% das águas que alimentam a biodiversidade pantaneira e garantem o abastecimento de municípios onde vivem e trabalham pelo menos três milhões de pessoas.
“Desde 2008, o WWF-Brasil mapeia áreas críticas de degradação das cabeceiras dos principais rios que formam o Pantanal, mas foi em 2012 que vimos que era necessária uma ação urgente”, disse Kimura de Freitas. Um estudo organizado pelo WWF-Brasil, a The Nature Conservancy (TNC) e outros parceiros mostrou que justamente essa área das cabeceiras estava em alto risco ecológico por desmatamento, erosão dos solos e construção de hidrelétricas.
Foi assim que surgiu o Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, uma aliança entre mais de 70 entidades do setor público (governo do estado de Mato Grosso, prefeituras e assembleias legislativas), setor privado (empresas e setor agropecuário) e a sociedade civil organizada pela defesa das águas do Pantanal. O grupo listou 34 soluções para os problemas relacionados às cabeceiras desse rico e sensível bioma. Cada entidade que aderir ao Pacto se compromete voluntariamente a implementar em sua localidade pelo menos três das 34 ações para preservar as nascentes e os rios.
Para desenvolver as atividades na área das cabeceiras, o WWF-Brasil contou com o apoio do Programa HSBC pela Água que destinou US$ 100 milhões em cinco anos para que organizações não governamentais pudessem desenvolver atividades relacionadas aos recursos hídricos em cinco bacias hidrográficas: do rio Paraguai, Pantanal; Yangtze, na China; Ganges, na Índia, Mekong, que percorre parte da China, Laos, Tailândia, Camboja e Vietnã; Ruaha e Mara, no Quênia e Tanzânia. Essas iniciativas devem beneficiar um milhão de pessoas ao redor do mundo.
Vista aérea do Pantanal. Foto: © Adriano Gambarini / WWF-Brasil
Por que o Pantanal?
O Pantanal é a maior área úmida do planeta, abriga uma rica biodiversidade – mais de 5 mil espécies vegetais e animais registrados e sustenta atividades econômicas como a pesca, o turismo e a pecuária. Um estudo apresentado pela Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) em 2009 revelou que o Pantanal gera US$ 212 bilhões ano em serviços ambientais. Se essas regiões fossem convertidas em áreas agrícolas e pastagens geraria apenas US$ 400 milhões ao ano.
O que conhecemos por Pantanal são áreas alagadas pelo transbordamento dos rios e lagos ou também pelo afloramento do lençol freático. “As áreas úmidas são importantes para o ecossistema porque são grandes reservatórios de água doce, recarregam o nível d’água do solo, regulam o clima local e regional e também mantém uma grande biodiversidade associadas ao ritmo de suas águas”, explicou Kimura de Freitas.
O risco ecológico das águas das cabeceiras do Pantanal representa problemas em todo o ecossistema com ameaça de extinção de espécies animais e vegetais, problemas de abastecimento de água, além de afetar outras regiões do Brasil. “Sabemos que as chuvas no sudeste dependem, em alguma medida, da evaporação dos rios pantaneiros”, disse o coordenador do WWF-Brasil. “Além disso, muitos rios que desaguam nas regiões sul e sudeste nascem no Pantanal”, completou.
A Semana Mundial da Água
A Semana Mundial da Água ou World Water Week, em inglês, é um evento anual organizado pelo Instituto Internacional de Água de Estocolmo (SIWI) e acontece na capital sueca anualmente desde 1991 com o objetivo de discutir questões relacionadas aos recursos hídricos globais. Reúne mais de 2.500 especialistas, profissionais do setor e tomadores de decisão para debater sobre resultados e projetos que envolvem questões ligadas à água doce ao redor do planeta. A programação de 2015 acontece sob o lema “Água para o desenvolvimento” e conta com mais de 150 palestras e oito workshops. (WWF Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.
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