(da Redação da ANDA)
Todos os anos cerca de 25 milhões de vertebrados são usados em pesquisas, em testes e na educação nos Estados Unidos. Mas uma nova descoberta anunciada na terça-feira promete mudar esta prática: os fígados artificiais, tecnicamente chamados de “fígados quimiossintéticos”. As informações são do Take Part.
Mukund Chorghade, diretor científico da empresa Empiriko, que trabalha na descoberta de novas drogas, apresentou a pesquisa de sua equipe na reunião da American Chemical Society, em Dallas. Se aprovada, os cientistas serão capazes de testar remédios sem experimentação em animais.
“Estes fígados quimiossintéticos não só produzem os mesmos metabólitos que animais vivos em uma fração do tempo, mas também proporcionam um perfil metabólico mais abrangente, em quantidades muito maiores para mais testes e análise”, disse Chorghade no anúncio.
Até agora, a equipe testou mais de 50 medicamentos nos quais as reações químicas dos fígados quimiossintéticos imitaram com sucesso as de um fígado animal. Com mais 50, a equipe vai cumprir a exigência do FDA (Food and Drug Administration) para a aprovação regulatória.
Muitos advogados e cientistas há muito tempo questionam a relevância de testes em animais, considerando o avanço da pesquisa e da tecnologia. Além de razões controversas morais, custos elevados e métodos demorados, a prática muitas vezes não consegue produzir os mesmos resultados derivados de testes em humanos. A Newsweek relata que após um componente químico ser considerado seguro para os animais, ele só tem 8 % de chance de ser aprovado para seres humanos.
“É um processo muito meticuloso, trabalhoso e caro”, afirmou Chorghade. “Frequentemente, os cientistas têm que matar muitos animais.” Embora a ACS, a maior sociedade científica do mundo, acredite que a nova tecnologia pode colocar um fim a testes em animais, nem todos estão tão otimistas.
Edythe London, professora e cientista sênior da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, tem dedicado sua carreira aos estudos dos efeitos do abuso crônico de drogas. O uso de primatas em seu laboratório fez dela um alvo de grupos ativistas de proteção animal. Devido a isso, ela tem de justificar o uso de animais na ciência: “Nos esforçamos constantemente para minimizar o risco para eles”, escreveu London, em um artigo no Los Angeles Times. “No entanto, uma certa quantidade de risco é necessária para nos fornecer as informações que precisamos de uma forma rigorosamente científica.”
O que ela pensa sobre a alternativa de Empiriko?
“O novo método de fígado in vitro oferece vantagens de custo e tempo”, diz a pesquisadora. “Tem o potencial para reduzir, mas não eliminar a necessidade de ensaios in vivo dos animais.”
O FDA ainda exige testes em animais para todas as novas drogas. Se esta política está chegando ao fim, só o tempo dirá. Pelo menos um esforço promissor é meio caminho andado.
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