15 Nov 2015 A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Agapan, a comunidade ambientalista e a coletividade rio-grandense e brasileira estão de luto pela perda de um dos seus maiores ativistas. Sábado, dia 7 de novembro de 2015, faleceu em Porto Alegre, aos 89 anos de idade, o Professor Flávio Lewgoy, ex-presidente, conselheiro, membro da comissão técnico-científica e representante da Agapan em numerosos órgãos colegiados. Como lembrou seu filho Bernardo, “ele foi, sobretudo um homem bom, muito amado por todos que o conheceram (...) “ Diz a tradição judaica que os justos morrem no Shabat”. O ecologista Flávio Lewgoy foi um ser humano maravilhoso e exemplar, uma pessoa que viveu com a máxima intensidade o lema da Agapan, “A Vida Sempre em Primeiro Lugar”. Até o fim dos seus dias ele foi um cidadão do mundo, um ativista que colocou a ciência a serviço da Vida. Aposentado aos 70 anos, declarou, “Como militante ambientalista eu não me aposento.” E trabalhou como ecologista para o bem de todos até o fim dos seus dias. Teus amigos e admiradores da Agapan, lembrarão sempre a tua participação intensa nas lutas e nos sonhos da entidade de tua eleição. E que faleceste em um sábado, como um justo, deixando um legado como professor, cientista, ecologista, filhos, netos e um bisneto, depois de teres iluminado as nossas vidas. Flávio Lewgoy nasceu em Porto Alegre no dia 31 de janeiro de 1926. Formou-se em Química Industrial na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especializou-se em Genética e lecionou no Departamento de Genética da Ufrgs, tendo introduzido no currículo universitário a disciplina Ecogenética. Foi responsável pelo Laboratório do Instituto de Criminalística do Rio Grande do Sul e pioneiro na introdução da química forense no Estado. Começou suas atividades como ecologista nos primórdios da Agapan (1972-3) tendo sido vice-presidente, sob a presidência de José Lutzenberger e, por duas vezes, presidente da entidade. Deu suporte técnico-científico a numerosas bandeiras de luta do movimento ecológico, entre as quais a campanha contra o uso dos agrotóxicos na agricultura que resultou na Lei dos Agrotóxicos no Rio Grande do Sul – a seguir foi adotada em numerosos estados brasileiros- ; contra o uso de sementes transgênicas na agricultura e os seus efeitos deletérios na biodiversidade e na saúde humana; contra a poluição causada pela indústria de celulose Borregaard, depois Riocell, Klabin, Aracruz e hoje a CMPC – Celulose Riograndense, poluição esta que inclui as dioxinas, substâncias mutagênicas, carcinogênicas e teratogênicas que estão entre as mais nocivas conhecidas pelo homem. Sempre foi inconformado com o fato de as autoridades governamentais terem autorizado o lançamento destes e de outros poluentes no Guaíba, o principal manancial de abastecimento de água da população da Grande Porto Alegre. Flávio Lewgoy lutou contra o projeto de instalação do Pólo Petroquímico, que pretendia o lançamento dos seus efluentes sem tratamento, no Guaíba, na Lagoa dos Patos e depois no Oceano Atlântico. A luta resultou no Sistema de Tratamento de Efluentes do Pólo Petroquímico e a sua localização no município de Triunfo. Lewgoy deu suporte técnico-científico contra a construção de centrais nucleares e a utilização de carvão para a geração de energia no Rio Grande do Sul. Preocupado com os impactos ambientais na saúde humana, Lewgoy participou por mais de 20 anos no Conselho Estadual de Saúde, participou também no Conselho Estadual do Meio Ambiente, representando a Agapan. Este homem bom e justo realizou tudo isso e muito mais. Não teremos outro como ele. Descansa em paz, Flávio Lewgoy. Texto do amigo Celso Marques, em nome da Agapan. |