Escoamento permanente de lama da Samarco no Rio Doce durante chuvas preocupa Ibama
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Escoamento permanente de lama da Samarco no Rio Doce durante chuvas preocupa Ibama



 
Barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), após o rompimento. Foto: Ibama

Após inspeção emergencial de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à Barragem de Fundão, em Mariana (MG), por causa de um novo deslizamento de resíduos registrado na quarta-feira (27), o órgão reforçou h, na sexta-feira (29), que a maior preocupação, do ponto de vista ambiental, é conter o escoamento permanente de lama para a Bacia do Rio Doce durante o período de chuvas.
Os especialistas do Ibama constataram que os cerca de 1 milhão de metros cúbicos de lama que se deslocaram essa semana a partir do ponto em que a barragem se rompeu (veja vídeo abaixo) foram, em grande parte, contidos antes ou pela Barragem de Santarém, que também pertence à mineradora Samarco, e armazena água.
O maior temor era que ocorresse um transbordamento em Santarém ou que a estabilidade do Dique de Sela, na Barragem de Germano, tivesse sido comprometida. Segundo o Ibama, no entanto, os equipamentos de monitoramento instalados nas barragens não registraram grandes distúrbios, indicando estabilidade nas estruturas, mesma informação divulgada pela Samarco.
Ainda assim, o Núcleo de Combate a Crimes Ambientais do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) determinou ontem (28) que a mineradora refaça os cálculos do índice de estabilidade tanto em Santarém como em Germano. De acordo com os últimos dados conhecidos, ambas se encontram com índice abaixo de 1,5, o mínimo exigido pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
Para o Ibama, a prioridade da empresa deve ser a contenção do escorrimento paulatino e contínuo dos 16 milhões de metros cúbicos de lama que ainda restam na Barragem de Fundão. Mais de 60 milhões de metros cúbicos de lama foram liberados no rompimento da barragem, grande parte ficou espalhado ao longo das margens nos rios da Bacia do Rio Doce.
“Para nós, o desastre ainda não cessou, ainda está em curso, visto que a fonte poluidora ainda não foi interrompida”, disse o coordenador de emergências ambientais do Ibama, Marcelo Amorim. “Toda essa lama, com essa época de chuvas, continua a ser continuamente carreada. É preciso cessar essa fonte. Se fosse um incêndio, estaríamos ainda no rescaldo, como diriam os bombeiros”, comparou.
Para solucionar o problema, a Samarco propôs a construção de quatro diques de filtragem no Alto Rio Doce, assim como o plantio de espécies vegetais de vida curta ao longo das margens para conter a lama. Ambas as soluções estão em fase de testes, segundo Amorim.
Plano de Recuperação Ambiental será refeito
Ontem (28), o Ibama rejeitou o Plano de Recuperação Ambiental apresentado no dia 18 de janeiro pela Samarco, mais de dois meses após o rompimento da Barragem de Fundão.
Em nota técnica, o Ibama disse que o documento de 76 páginas, elaborado por uma consultoria ambiental, apresenta um diagnóstico “extremamente superficial” dos danos ambientais. Os técnicos do órgão federal afirmaram que o plano sequer considera os impactos sociais do desastre, assim como não faz uma estimativa da área afetada ao longo das margens e tampouco um levantamento das espécies de fauna e flora afetadas. Ações de longo prazo também não foram detalhadas.
Em resumo, “pode-se observar que o levantamento dos impactos foi feito de maneira genérica e superficial, sem considerar o imenso volume de informações produzidas e disponíveis até o momento”, avaliou a equipe técnica do Ibama.
Além da nota técnica, foram realizadas reuniões entre especialistas do Ibama e representantes da mineradora para esclarecer os pontos que devem constar em um novo Plano de Recuperação, cujo prazo de prazo entrega termina dia 17 de fevereiro. “Sentamos com a empresa para discutir com grande riqueza de detalhes, para não haver dúvidas sobre o que deve estar no plano”, disse o coordenador de emergências ambientais do Ibama.

Por Felipe Pontes, da Agência Brasil, in EcoDebate, 01/02/2016




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