Segundo dados do Censo do IBGE, a região, que engloba parte dos bairros Farrapos e Humaitá, abriga cerca de 30 mil moradores e já tem histórico de lutas. Uma das muitas conquistas sociais foi o asfaltamento da avenida Padre Leopoldo Brentano. Com a Arena, a via está sendo duplicada e haverá a construção do viaduto de acesso à BR 448 (Rodovia do Parque). “Foi uma conquista por meio do Orçamento Participativo. A empresa encarregada das obras da contrapartida social da Arena do Grêmio destruiu o asfalto para fazer a nova pista, que receberá pavimentação de blocos de concreto. Para isso, levantaram a via, que ficará mais alta do que a calçada”, afirma o presidente da Associação de Moradores da Vila Mario Quintana, Sérgio Almeida Bueno. O líder comunitário relata que muitas obras do entorno da Arena foram feitas “a toque de caixa” para cumprir as metas até a inauguração. “Fizeram os esgotos pluviais destruindo os sistemas sanitários que existiam. Entrou areia na tubulação e está tudo entupido. Se vier chuva, vai sair porcaria para todo o lado, inclusive invadindo as casas, que acabaram ficando abaixo do nível da rua”, reclama. O morador e comerciante Valdir Garcia, 73 anos, dono da Lancheria da Dora, tem expectativa de aumentar os rendimentos com a abertura da Arena. Mas se alia a Bueno nas observações quanto às obras. “Nas últimas chuvas, os ônibus nem passavam pela avenida Frederico Mentz. Chegavam na esquina da avenida Padre Leopoldo Brentano e faziam a volta. Estava inundado. Tudo isso porque levantaram a via uns 50 centímetros em relação ao que era”, comenta. Garcia também reclama do acúmulo de lixo na área. Na rua Voluntários da Pátria, é possível observar grandes quantidades de lixo sobre as calçadas. “Na Padre Leopoldo Brentano, tem um lixão que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana limpa numa semana e na outra já está cheio de resto de construção, de móveis, animais mortos e lixo de casa mesmo”, conta. Na via, ainda existem postes de energia que estão em lugar indevido. De acordo com o líder comunitário Bueno, a CEEE não pretende mexer nas caixas de tensão e nos postes enquanto as obras não estiverem terminadas. “Outro dia veio uma equipe da CEEE e constatou que os cabos de tensão estão submersos em mais de um metro de água e nada fizeram. Estão empurrando tudo com a barriga. Quando tiver problema, vai ser dos grandes”, alerta Bueno. Chegada do Grêmio altera panorama Quando o Grêmio construiu o Olímpico, no início da década de 1950 (foi inaugurado em 19 de setembro de 1954), foi preciso retirar uma vila que havia entre a avenida Carlos Barbosa e o arroio Cascatinha: a Caiu do Céu. Agora, a Arena do Grêmio foi construída ao lado da Vila Mario Quintana, que lá permanecerá. Preocupada com a segurança da região, a Brigada Militar já começou a formular estratégias para agir diuturnamente e em dias de grandes eventos. O 11º BPM recebeu novas viaturas para aumentar o patrulhamento ostensivo. O batalhão também está formando 60 novos soldados para atuar na região a partir de abril de 2013. “A Arena vai modificar o perfil sociológico da região. O entorno carece de uma série de medidas. Historicamente, não se tem um grande número de assaltos e roubos, mas com o aumento da demanda pode haver problemas. Nos próximos dias, 12 novas viaturas entram em atividade para melhorarmos o patrulhamento. Irão rodar 24 horas”, garante o comandante do 11º BPM, tenente-coronel Alberi Barbosa. Parte do comércio no entorno da Arena já começa a melhorar sua estrutura para receber o público que acessará o estádio. Vários estabelecimentos estão com o símbolo do Grêmio na fachada e pintados de azul. “Nossos estabelecimentos já se valorizaram com a construção da Arena. A movimentação do público vai aumentar o faturamento. Os colorados já estão indo embora”, brinca Valdir Garcia, dono da Lancheria da Dora. Outra preocupação dos torcedores está centrada no transporte coletivo. Existem muitas linhas de ônibus que chegam à Arena, mas a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) tem projetos para os dias de jogos e eventos. De acordo com o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, há um estudo de viabilidade de mudança de linhas. “A área está inconclusa, pois o edifício-garagem da Arena não está pronto nem os viadutos de acesso da BR 448 foram finalizados. Não existem áreas de desembarque para as linhas especiais de ônibus que serão colocadas nos dias de jogos. Há muitas questões que precisam ser pensadas. Ainda nesta quinzena teremos uma reunião para planejar a inauguração do estádio”, comenta Cappellari. Alternativa é "seguir o hino" Vanderlei Cappellari, da EPTC, diz que uma alternativa para os gremistas está em “seguir o hino: ir a pé até o estádio”. “Poderão descer na Estação Anchieta da Trensurb. Até o estádio é 1,1 km que pode ser percorrido caminhando.” Quando Lupicínio Rodrigues escreveu a letra, em 1953, havia greve de bondes. Os torcedores iam a pé até o Estádio da Timbaúva, pertencente ao Força e Luz. ****************************************** FONTE : Correio do Povo, Nildo Júnior / Correio do Povo . |