Créditos de Informação Incorrecta e Prova Final
Após o “resgate” (com muitas aspas…) da Irlanda, muitos perguntam: quem será a próxima vítima do mercado?
Já: quem será? Mah…é difícil.
Experimentamos fazer duas contas.
Os Pigs eram 4: Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha.
Grécia e Irlanda já foram vendidos aos BCE e FMI.
Sobram Portugal e Espanha. Mas esta última está a melhorar. Devagarinho, mas melhora, pois implementou medidas de contenção já na passada Primavera. E agora não está em risco imediato de default.
Por isso sobra apenas um País que é…deixem-me ver…ah, sim, é este: Portugal.
Comenta o Presidente da República, Cavaco Silva.
Espero que consigamos fazer o nosso trabalho de casa para que não seja necessário recorrer nem ao Fundo de Estabilização Europeu nem ao Fundo Monetário Internacional
Olha o acaso, eu também espero o mesmo. E mais:
Os mercados não olham só para aí [sistema bancário e dados macroeconómicos], pode ser que sejam influenciados pela execução orçamental, desde logo pela de 2010 e foi anunciado um desvio à execução orçamental, podem desconfiar em relação à execução orçamental para o ano de 2011.
Desconfiar? E porque?
O défice do subsector Estado registou um valor de €11.885 milhões no período entre Janeiro e Outubro, representando um aumento de €215 milhões face ao período homólogo de 2009, anunciou hoje o Governo.
Ah, por isso? Naaaaaaãooooo, ora essa.
Um País à beira da falência vê o próprio deficit piorar de outros 215 milhões de Euros, e porque os mercados teriam que desconfiar? Aliás, já estou a ver aumentar as filas dos investidores para comprar os Títulos de Estado Portugueses: afinal quem é que não gosta de ganhar dinheiro “seguro” como este?
Doutro lado, também Portugal não deixa fugir as boas ocasiões:
O primeiro-ministro afirmou hoje que Portugal fará na Irlanda, tal como aconteceu na Grécia, um investimento na compra de dívida deste País
Claro, quando há possibilidade de enriquecer sem esforço, porque recusar?
Dados macroquê?
Fora da brincadeira: este sistema está mesmo doentio.
Como é possível pedir a um País que agora terá de enfrentar os mercados no papel da vítima sacrifical e que é o próximo candidato à “ajuda” de BCE e FMI para adquirir parte da dívida dum País já falido?
O que é possível fazer agora é observar os juros da dívida portuguesa.
Verdade, como realça o Presidente da República, a situação de Portugal não é tão grave como a da Irlanda. Mas é verdade também é que agora Portugal ficou como o elo mais fraco da União: e as atenções dos mercados estão concentrada em Lisboa.
Os dados macroeconómicos não são tão negativos? O sistema bancário é saudável?
Sem dúvida, isso conta. Mas não apenas isso.
Afirma o Primeiro Ministro, José Sócrates:
[Portugal tem] um défice orçamental de 7,3 por cento, que é menor do que o da França, para já não falar em comparação com a Grécia, Irlanda, Reino Unido, Estados Unidos ou Japão.
Também neste caso: verdade mas…
Mas Grécia e Irlanda já foram, enquanto ninguém na posse das próprias faculdade mentais pode comparar a capacidade produtiva de Portugal com a da França, do Reino Unido, dos EUA ou do Japão.
E isso só para fazer um exemplo.
E quanto aos bancos em boa saúde:
O principal índice da bolsa nacional ( PSI-20) negociou nos 7.787,64 pontos com 19 acções em queda e uma, Jerónimo Martins, a valorizar. Na Europa, o dia também foi negativo. Os índices do Velho Continente, que encerram pelas 17h de Lisboa, seguem generalizadamente no vermelho, penalizados pelos receios de contágio da crise da dívida irlandesa a outras economias da Zona Euro mais fragilizadas.
[...]
Por cá, também foi a banca quem mais pressionou o PSI-20. O BES afundou 4,27% para os 3,139 euros enquanto o BPI e o BCP depreciaram 2,17% para os 1,486 euros e 2,16% para os 0,633 euros, respectivamente.
BES, BPI, BCP: bancos portugueses.
Os bancos estão numa condição de relativa saúde; mas isso foi até hoje. Terão força para aguentar a pressão das próximas semanas?
Naturalmente, há sempre quem rema contra. Quando o barco afunda, alguém tenta retirar a água, outros alargam os buracos.
Neste caso quem alarga o buraco é Belmiro de Azevedo, o homem mais rico do País e dono de um império financeiro:
Vale a pena investir. Em Portugal não sei.
Caso não tivesse ficado claro, o bom Belmiro é dos poucos que gostaria, e não pouco, ver o FMI em Portugal.
Para concluir vamos ouvir a analise de Gaspar d”Orey, Gestor de Fundos da Orey Financial:
E agora é só esperar e ver o que vai acontecer ao longo das próximas semanas: esperar e fazer figas para que Portugal não perca a própria independência.
Apesar dos vários Belmiros.
Ipse dixit.
Fontes: Expresso, Diário de Notícias.