Está chegando agora o pesadelo para o Euro?
Meu último Comentário do Mercado se ocupou primeiramente com a bancarrota do Euro. Tanto este como o total desmoronamento do sistema foi prolongado mais uma vez. A pergunta é: por quanto tempo ainda?
É verão novamente e com isso tempo para mais uma crise financeira, como foi regra nos últimos anos. Em 2007 foi a quebradeira das hipotecas subprimes nos EUA, com a queda dos derivativos CDOs; em 2008 foi a crise bancária, que quase levou o sistema ao colapso. Em ambos os casos já estava previsto há meses o que ia acontecer. 2009 foi “um ano relativamente tranqüilo”, conquistado através de maciços bailouts e pacotes conjunturais do Estado. A economia encolheu em 2009, mas este declínio pode ser estancado através de novos e enormes endividamentos dos Estados. E o preço do ouro no outono foi acima de 1.000 Dólares/onça e ali estacionou, o que indica a fuga do sistema monetário.
E aqui nós estamos a pleno vapor: basta desejar e você já recebe dinheiro do BNDS para qualquer atividade. De onde vem mesmo o dinheiro? E observando as taxas de juros praticadas, não há dúvida que pisamos ainda mais fundo no acelerador, embora à frente se encontre um imenso muro de concreto. Ficamos imaginando os “economistas” do sião-eletrônico que agora nada falam – até desviam o foco – mas posteriormente encherão a boca ao comentar: “já estava mais do que previsto que ia acabar assim...”. Nada se ouve, fala ou assiste sobre um questionamento inteligente dos fundamentos da economia atual, baseada na exploração pela cobrança dos juros bancários. Aqui impera um dos mais tenebrosos tabus midiáticos – NR.
2010 será o ano da quebra dos estados e das reformas monetárias. Começou no início do ano com a falência de facto da Grécia e continuou com o quase-colapso do Euro, em maio. Os indícios estão à mostra e é fácil notar. Apesar disso eles querem nos iludir até o último minuto.
Por que não “a crise” novamente neste verão?
Iria se encaixar bem na história da crise. Uma coisa está clara, o Euro não se manterá por muito mais tempo, após ele quase desaparecer a 7 de maio. Nesta ocasião, somente a crise da Grécia estava ativa e, subitamente, todos os títulos do tesouro dos países europeus, exceto da Alemanha, voaram no mercado. O motivo é que provavelmente a Alemanha deixaria a moeda comum na semana seguinte, sobre o qual havia diversas notícias de insiders antes e depois. Ou seja, foi feito um pacote de salvamento sob medida para os mercados de bonds (títulos), através do qual a Alemanha tornou-se fiadora praticamente por todas as dívidas européias.
O caso da Grécia, Portugal etc, foi peixe pequeno. Agora aparece um “peixe grande” – a Espanha. E depois vêm “peixes ainda maiores” na mira do mercado: Itália e França. A Itália tem o mesmo problema da Grécia, com enorme dívida pública, mas tem ainda indústrias. A França tem um enorme orçamento deficitário. Ambos os países são grandes importadores. Em algum momento, este desequilíbrio terá que se ajustar, pois os “pacotes de salvamento” através da Alemanha para a Itália ou a França, provavelmente nem ao menos para a Espanha, não terão a credibilidade por parte dos mercados de títulos. Excetuando a população alemã, o aumento de impostos em 50%, ou mais (em todos os impostos) não será tolerado.
Quando a ilusão dos mercados não funcionar mais
Então voarão pelos mercados todos os títulos do tesouro em Euro, e desta vez inclusive os alemães. Os bancos fecharão instantaneamente – a 14 de maio nós estivemos a poucas horas do fechamento de todos os bancos na Zona do Euro. Nos governos, contava-se com a quebra do Euro dentro de 6 horas. Então cada um dos países do Euro teria que ter uma nova moeda, pois o Euro não seria mais aceito. Também o Dólar, a Libra e o Yen “virariam fumaça”; apenas o Franco suíço se manteria provavelmente por um período mais longo.
E ouro: o bote salva-vidas deste período: em um curto momento ele “atingirá as nuvens”. E não estará mais disponível, provavelmente por dinheiro algum. Com a quebra do papel-moeda, quebra também o poder do Estado baseado neste dinheiro. Caos será a conseqüência.
Quando isso acontecer, vai ser bem rápido. Depois dos imóveis e dos bancos, agora é a vez dos países. Bill Buckler chama de “the stage deflation”. O terceiro e último degrau da crise, que termina com a quebra dos Estados. A tempestade.
Walter Eichelburg, engenheiro.
O autor do artigo não é um consultor financeiro, mas sim um investidor em Viena - NR.
Este artigo apareceu na revista ef-online, de 10 de julho de 2010.