Durante milhões de anos o norte da placa tectónica africana mergulhou por baixo da Europa. Na conferência da União de Geociências Europeia que ocorreu na semana passada, os cientistas referiram que este processo que se encontra actualmente parado poderá inverter-se.
Se os especialistas estiverem correctos irá iniciar-se uma nova zona de subducção mas desta vez será a Europa que mergulhará por baixo de África.
A rocha densa do extremo norte da placa africana que se encontrava por baixo do mar Mediterrâneo, praticamente já se afundou toda por baixo da placa da Eurásia na qual a Europa assenta. Mas a massa de terra de África é demasiado leve para se afundar.
“A África não se afundará mas a África e a Europa continuarão a aproximar-se”, refere Rinus Wortel da Universidade de Utrecht. "Parece possível que numa escala de tempo adequada, estamos a testemunhar o começo de subducção da Europa na África.”
O grupo de Utrecht refere que a lenta convergência dos dois continentes de centímetros por ano, foi parcialmente obstruída pela colisão de duas placas na Turquia e pelo facto da leveza do continente africano impedir a subducção.
Modelos computacionais sugerem que o produto final desta situação poderá ser o início de uma zona de subducção na direcção oposta do que acontecia no passado. Estes modelos estão a ser corroborados por observações dos sismos na região.
A confirmação de que a subducção da Europa terá começado pode permitir aos cientistas uma melhor modelação da região e realizar análises mais eficazes do risco de sismo e tsunami.
No entanto, a longa escala de tempo envolvida no processo geológico torna estas medidas num desafio.
“Iremos continuar a verificar se a actividade sísmica do mar continua a indicar esta descida do Mediterrânico para baixo do Norte de África”, refere Rinus Wortel.
Há alguma preocupação entre os cientistas de que os países europeus estão a investir pouco na construção de um sistema de alerta de tsunami na região do Mediterrâneo. Referem que houve alguma preocupação após o tsunami de de 2004 mas que rapidamente diminuiu.
Fonte: www.bbc.co.uk