Peter Willcox, o capitão do "Artic Sunrise", o barco do Greenpeace cujos membros foram acusados de pirataria na Rússia depois de realizarem uma ação de protesto contra uma plataforma petroleira no Ártico, disse nesta segunda-feira que, se pudesse, voltaria atrás. "Se pudesse voltar atrás, ficaria em Nova York. Lamento muito", afirmou o capitão de 60 anos, citado pela agência Ria Novosti. Willcox cumpre uma pena de prisão preventiva de dois meses junto a seus tripulantes, entre eles a gaúcha Ana Paula Maciel, de 31 anos. "Há 40 anos pratico este ofício e jamais houve uma acusação semelhante", declarou Peter Willcox ante um tribunal de Murmansk (noroeste da Rússia), que rejeitou seu recurso de apelação. O tribunal também decidiu nesta segunda-feira manter em prisão preventiva a argentina Camila Speziale, de 21 anos, que tentou escalar a plataforma petroleira russa Gazprom, antes de ser detida pela guarda-costeira russa. "Sou inocente, não entendo do que me acusam", disse a jovem ante o tribunal. "Fui detida por algo que não fiz. Quero retornar ao meu país e seguir trabalhando e estudando. Consideram que sou perigosa para a sociedade, mas como isso pode ser possível?", acrescentou a jovem. O capitão do barco também declarou ante o tribunal que sofre de problemas cardíacos. Em 1985, Peter Willcox comandava um barco da organização de defesa do meio ambiente Greenpeace, o "Rainbow Warrior", quando ele foi explodido por agentes secretos franceses no porto de Auckland, na Nova Zelândia, enquanto fazia uma campanha contra os testes nucleares na Polinésia. A operação, que deixou um morto, o fotógrafo Fernando Pereira, de 35 anos, provocou um enorme escândalo internacional. Assim como os outros membros da tripulação, o capitão já foi condenado a pagar uma multa de 20.000 rublos (450 euros) por se negar a obedecer as autoridades. A tripulação era composta por pessoas provenientes de 18 países diferentes, entre eles Rússia, Estados Unidos, Argentina, França, Brasil, Holanda e Reino Unido, mas apenas a Holanda solicitou publicamente que estas pessoas fossem libertadas. O "Artic Sunrise" foi abordado e posteriormente rebocado por um comando transportado por helicóptero da guarda-costeira russa no Mar de Barents (Ártico russo) depois que vários de seus tripulantes, a bordo de botes infláveis, se aproximaram de uma plataforma petroleira russa e tentaram escalá-la para, segundo eles, colocar uma bandeira denunciando os riscos ecológicos. Toda a tripulação do barco - 28 militantes do Greenpeace, 26 deles estrangeiros, e dois jornalistas freelancer - foi acusada de "pirataria em grupo organizado" e pode ser condenada a 15 anos de prisão. Na última quarta-feira, o comitê investigador russo anunciou que estudava novas acusações por crimes agravados contra a tripulação, afirmando que foram apreendidos produtos entorpecentes a bordo do "Artic Sunrise". |