Cães reconhecem quando uma pessoa está feliz ou triste
Universo Energético

Cães reconhecem quando uma pessoa está feliz ou triste


17 de abril de 2015 

figura
Mais de 62 mil espécies de vertebrados já foram descritas pelos biólogos. O homem é apenas uma delas. Ainda assim, muitos pensam que a raça humana é a única a ter sentimentos. Uma visão antropocêntrica que a ciência tem ajudado a derrubar. Cada vez mais, estudos provam que, além das reações instantâneas a estímulos – medo, dor, fome e sede, por exemplo –, os animais exibem e reconhecem, nos outros, estados emocionais complexos. “É, no mínimo, solitário pensar que, em um mundo tão vasto, apenas nós seríamos capazes de sentir e todos os outros estariam aqui apenas para nos servir”, resume Mark Bekoff, professor emérito de biologia evolutiva da Universidade do Colorado, no livro Wild justice: the moral lives of animals (Justiça selvagem: a vida moral dos animais, sem edição no Brasil).
Eles não apenas têm emoções como as identificam em humanos, segundo um estudo publicado recentemente na revista Current Biology. Pesquisadores da Universidade de Medicina Veterinária de Viena (Áustria) constataram, pela primeira vez, que cães podem discriminar expressões emocionais exibidas por outra espécie – no caso, o homem. Para Corsin Müller, investigador do Laboratório de Inteligência Canina da instituição e um dos autores de estudo, essa é a primeira “evidência científica sólida” de uma capacidade que os tutores de animais estão cansados de reconhecer em seus bichos.
Müller esclarece que estudos anteriores sobre o mesmo tema chegaram a conclusões pouco convincentes. Para sanar a dúvida de vez, a equipe austríaca desenvolveu um teste totalmente novo. Primeiramente, eles treinaram cães para diferenciar as imagens de uma mesma pessoa tanto com o rosto feliz quanto raivoso. Em ambos os casos, os cachorros só viam a metade superior ou inferior da face e, dependendo da expressão, os pesquisadores diziam as palavras “feliz” ou “bravo”.
Depois do teste composto por 15 pares de figuras, as habilidades discriminatórias dos animais eram examinadas em outros experimentos, nos quais os cientistas misturavam a metade de um rosto familiar (visto no teste anterior) ao de um estranho, ou mostravam apenas imagens que não haviam sido usadas previamente. Os cães foram divididos em dois grupos: o primeiro deveria reconhecer os rostos felizes, e o segundo identificar as faces raivosas. Quem acertava ganhava recompensa.
Associações
“Descobrimos que os cachorros do primeiro grupo aprendiam mais rapidamente a fazer a diferenciação. Isso indica que eles reconhecem a expressão de raiva como um estímulo aversivo”, conta Müller. “Além disso, eles se saíram muito bem nos testes em que mostramos rostos que ainda não eram familiares. A conclusão é que eles usaram suas memórias sobre emoções humanas para cumprir a tarefa, pois não foram ‘apresentados’ àqueles rostos antes e, ainda assim, sabiam indicar quais estavam felizes e quais estavam bravos”, revela o pesquisador.
“Nosso estudo demonstra que os cães podem distinguir raiva e alegria em humanos, ou seja, eles sabem que essas duas expressões têm significados diferentes. Eles podem fazer isso não apenas para pessoas que conhecem bem, mas até para rostos que jamais viram antes”, acrescenta Ludwig Huber, principal autor do estudo e chefe do grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Messerli. “Não sabemos dizer o que as diferenças significam para o cão, mas, aparentemente, eles associam um rosto sorridente a um significado positivo e uma expressão raivosa a um significado negativo. Parece-nos que, por experiências anteriores, eles sabem que não é uma boa ideia ficar próximo de alguém que está com raiva”, continua.
De acordo com os pesquisadores, o estudo continuará para explorar o papel da habilidade de reconhecimento das emoções humanas. Além disso, a equipe pretende estudar como os cachorros expressam suas próprias emoções e como elas são influenciadas pelo estado de ânimo de seus tutores ou de outros humanos. “Esperamos obter importantes dicas sobre essa ligação extraordinária de humanos com seus pets favoritos”, escreveram no artigo.
Para a pesquisadora Deborah Custance, que estuda esses laços, os cães não apenas reconhecem as emoções humanas, mas são empáticos em relação a elas. “Os donos de animais de estimação sempre falam que os cachorros parecem bem afinados com as emoções humanas. Eles parecem celebrar nossa alegria e ter comiseração por nossa tristeza”, observa a psicóloga da Universidade de Londres. Custance lembra que, embora realizada com pequena amostragem, uma pesquisa chegou a apontar que, quando os tutores fingiam chorar, seus cães rapidamente respondiam, exibindo um comportamento mais submisso que o habitual. “Se os animais identificam emoções e dão sinais claros de empatia, essa é uma forte evidência de que eles próprios têm sentimentos mais complexos que normalmente se atribui”, acredita.
Além dos experimentos de observação, exames de imagem estão ajudando a desvendar as emoções dos animais. Recentemente, pesquisadores húngaros fizeram ressonância magnética em cachorros e descobriram que o cérebro canino reage de forma semelhante ao de humanos quando exposto a sons com alta carga emotiva, como risadas e choros. Estudo americano, também baseado em imagens cerebrais, mostrou que o cheiro dos tutores faz ativar, em cães, a rede de neurônios associados ao prazer.
Esses estudos têm sido citados por um dos mais ativos cientistas que investigam as emoções animais. Jaak Panksepp, psicobiólogo e neurocientista americano, costuma usá-los em suas populares palestras mundo afora para chancelar a ideia de que os bichos não apenas têm sensações positivas, no sentido de uma reação fisiológica a certos estímulos, mas, de fato, sentem. Uma das mais polêmicas afirmações de Panksepp é que ratos podem, inclusive, rir. E porquinhos-da-índia, chorar. Ele diz isso com base em estudos de imagem que mostraram, nesses animais, a ativação dos mesmos circuitos que, em humanos, entram em atividade durante riso e choro.
Promoção de bem-estar
Ao demonstrar como os animais lidam com as emoções, estudos como o conduzido no Laboratório de Inteligência Canina estão ajudando a repensar o bem-estar deles, alega Mark Bekoff, professor emérito de biologia evolutiva da Universidade do Colorado. “Esse é um campo de pesquisa que está se tornando popular, não apenas pela relevância científica, por nos levar a compreender o comportamento animal, mas porque é importante para o bem-estar animal e, portanto, podem direcionar as políticas públicas”, diz. De acordo com ele, agora é amplamente aceito que mamíferos, outras espécies vertebradas e até alguns invertebrados têm emoções muito semelhantes as dos humanos.
Na Universidade Queen Mary, de Londres, os cães não são os únicos focos de pesquisa sobre emoção e bem-estar. Alan McElligott e Elodie Briefer, da Faculdade de Ciências Biológicas, estão estudando como as cabras expressam sentimentos, principalmente os positivos, que, segundo eles, são mais difíceis de detectar – diferentemente de cães, elas não “abanam o rabinho” quando estão felizes. “No geral, é mais fácil reconhecer os sinais associados a estresse e emoções negativas nos animais. Mas saber o que os faz felizes é tão importante quanto, ao pensarmos que podemos fazer para o seu bem-estar”, defende McElligott.
Ele analisou o comportamento e a fisiologia de ovelhas que vivem em um santuário inglês, incluindo sinais vitais, gestos e vocalizações, para entender como elas expressam emoções em situações negativas e positivas. “Quando estão satisfeitas, elas apontam suas orelhas para a frente e mantêm o rabo erguido, produzindo mais vocalizações”, ensina. “Saber dessas coisas é importante porque, dessa forma, é possível adaptar o ambiente para evitar as emoções negativas e promover as positivas”, diz o pesquisador.
Fonte: EM





- Animais Passam A Ser Reconhecidos Como Seres Sencientes Na Nova Zelândia
(da Redação da ANDA)O governo da Nova Zelândia reconheceu formalmente os animais não-humanos como seres sencientes, de acordo com uma emenda da lei de bem-estar animal aprovada em 15 de setembro.Segundo a nova lei, é necessário “reconhecer os...

- Férias Com Animais Tornam-se Tendência Na Europa
(Foto: Divulgação)Um estudo europeu divulgado esta semana revela que mais de metade dos tutores de cães (54%) leva os animais de férias e um quarto dos tutores de gatos (26%) faz o mesmo. Os portugueses estão entre os que mais se preocupam em escolher...

- Afeto : Pesquisa Afirma Que Tratar Seu Cão Como Filho é Algo Normal
08 de outubro de 2014 Pesquisa sugere que sentimentos para cães seja similar ao dos filhos (Foto: reprodução)Nova pesquisa sugere que relação afetiva entre mães e seus cachorros seja similar à que possuem com seus filhos. O que isso quer...

-
Estudo aponta que cães enlouquecem quando confinados15 de abril de 2014 Por Patricia Tai (da Redação da ANDA) Foto: Flickr / Emilian Robert VicolPara a maioria dos tutores de animais, a experiência de deixar o seu melhor amigo em um canil por...

-
Como seu cachorro sabe o que você está sentindo: detector de emoções é encontrado no cérebro dos cães Publicado 24 Março 2014. em Animais Por Michaeleen Doucleff Não tem nada mais irritante para um amante de cães do que ouvir coisas como...



Universo Energético








.