Artigo: O Poder Mundial
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Artigo: O Poder Mundial


Créditos de: Alerta Total
Via: Infoworld

Nova elevação dos juros básicos. No último artigo, O Brasil e o colapso mundial, assinalei o precário equilíbrio do Balanço de Pagamentos do Brasil, assegurado pelo carry-trade, ou seja, pela entrada de moeda escritural estrangeira tomada por empréstimo no exterior a juros baixíssimos, para ser aplicada no País em títulos públicos e privados, dotados de pródigas taxas de juros.
A formação de reservas em moeda estrangeira que decorre desse ingresso de capital especulativo é tanto maior quanto maior seja a diferença entre os juros internos e os do exterior. E que é que acaba de fazer o Banco Central, a serviço dos banqueiros e aplicadores especulativos do Brasil e do exterior?

Elevou para 10,25% aa. a taxa básica, SELIC, dos títulos do Tesouro, fazendo crescer o montante dos recursos que os contribuintes brasileiros são forçados a transferir em favor da manipulação financeira, que nada produz de real. Outro resultado disso será continuar o Brasil acumulando mais reservas em dólares, aplicadas a taxas de juros inferiores à taxa de inflação dessa moeda. Para ainda maior prejuízo, esta tende a sofrer agudo colapso em questão de meses.

Já desmascaramos, reiteradas vezes, o surrado e falso pretexto segundo o qual a elevação da taxa de juros conteria a inflação, brandido em coro por ministros do governo, diretores do Banco Central, porta-vozes dos bancos, economistas pró-bancos etc.

Esse pretexto repousa, além disso, sobre outra falsa suposição, a de que o crescimento do produto bruto acarreta necessariamente maior inflação de preços. Não bastasse isso, fez-se alarde de um crescimento explosivo do PIB, com base só no 1º trimestre de 2010, em comparação com o de 2009, sem levar em conta que, em relação ao 1º trimestre de 2008, a elevação foi de 6,7%. Isso dá taxa média de apenas 3,3% ao ano, ou pouco mais de 1% aa., considerando o PIB por habitante.

De fato, o aumento da taxa de juros foi decretado, como sempre, com a finalidade de tornar maiores os ganhos auferidos pelos sanguessugas dos mercados financeiros. Não contém a inflação. Ao contrário a estimula, ao fazer reduzir a oferta de bens e serviços, pois causa queda na produção real, por prejudicar os investimentos produtivos e favorecer os financeiros.

Como em todos os países comandados pela oligarquia mundial, tudo se faz às expensas dos que trabalham. Para fingir que se está diminuindo a dívida, reduzindo o déficit público ou combatendo a inflação, o desemprego é o meio favorito do sistema.

Em suma, em vez de desatrelar a Nação do comboio desgovernado que é o sistema (caos) financeiro mundial, a política econômica “brasileira” a amarra ainda mais a ele. A propósito, atualizemos as informações referentes à nova etapa do desmoronamento das finanças e de aprofundamento da depressão econômica mundial.

Acúmulo de efeitos das crises

Os EUA são exemplo cruel de brutal desemprego, que só tende a se agravar em função dos próximos lances do colapso financeiro. A verdadeira taxa de desemprego (há nada menos que seis taxas oficiais) já se situa, no mínimo, entre 15% e 20%, como aponta o GEAB, importante grupo de analistas franceses.

É nesse contexto que estão programados vultosos cortes no orçamento federal dos EUA, ao que se diz, de US$ trilhão em três anos. Nada indica que esses cortes atinjam seriamente os programas de armas estratégicas. Os Estados, há tempos, estão suprimindo gastos fundamentais nos serviços sociais e com isso agravando o desemprego.

O panorama na Europa não é menos desanimador. Sem falar na Grécia ou em Portugal, a Espanha, com mais de 20% de desemprego oficial, obedece às diretivas do FMI de sacrificar os assalariados, e a própria Alemanha, líder econômica do bloco, anunciou pesados cortes.

Tanto os governos dos EUA como os da Europa só não acabam com as benesses que prodigalizam em favor dos grandes banqueiros. Nos EUA, por exemplo, os juros cobrados pelo banco central privado (FED) estão baixíssimos, quase em zero.

Por que? Para ajudar os devedores imobiliários que continuam perdendo suas casas? – Nada disso. Não se lembram que o próprio FED emprestou trilhões de dólares àqueles bancos para cobrir os rombos causados pelos títulos derivativos tóxicos? Eles continuam tomando empréstimos do FED a juro real negativo para aplicar em títulos do Tesouro que rendem em média 3% aa. Nas hipotecas continuam cobrando juros da ordem de 6% aa., e ainda mais altos no reduzido volume de empréstimos às empresas e às pessoas físicas.

Conforme dados do Banco Internacional de Liquidações (Vide BIS Quarterly Review, junho de 2010, p. 16), a dívida pública dos EUA atingiu US$ 16,1 trilhões em março de 2010, tendo crescido nada menos que 36,5% desde junho de 2007. O PIB cifrava-se em US$ 14,2 trilhões em 2009, mesmo inflado por métodos estatísticos questionáveis.

O curioso é que quase só se comenta a também alarmante dívida pública de países europeus, para onde as agências de risco e outros instrumentos do sistema resolveram deslocar o foco da crise.

Isso tudo parece ter por objetivo sustentar, por mais algum tempo, o dólar, viciado por emissões ilimitadas e pela rápida deterioração das contas nacionais dos EUA.

O império anglo-americano, cujo principal braço armado são os EUA, está no auge do poder militar, ao mesmo tempo em que sua economia e sua moeda dependem cada vez mais desse poder para manter de pé a imensa fraude que lhes permite sobreviver.

Certamente o dólar ganhou alento com as capitulações da Rússia e da China, no Conselho de Segurança da ONU, ao aprovarem a absurda Resolução de pesadas sanções contra o Irã, propugnada pelos outros membros permanentes desse Conselho (EUA, Reino Unido e França).

Não se sabe que conluios levaram aquelas duas potências a entregar à sua própria sorte o Irã, cercado de todos os lados por mísseis estadunidenses, britânicos e israelenses. Ademais, a Resolução prejudica a Rússia, suas indústrias bélicas e de equipamentos, obrigadas a deixar de fornecer suprimentos essenciais à defesa daquela república islâmica.

O desenlace aproxima-se

Não encontrando, até o momento, resistência face a seus desmandos, nem internamente nem de outros países, a oligarquia financeira (petroleira etc.) anglo-americana, prossegue fomentando a depressão e o colapso financeiro, que vê como meio de aprofundar seu controle totalitário sobre o planeta.

Como quer que seja, a maneira como ela vem empurrando as crises com a barriga tem, entre outros resultados, que o montante de derivativos “over-the-counter”, i.e., os não negociados em bolsas, continue acima de US$ 600 trilhões: US$ 615 trilhões, em dezembro de 2009 (BIS Quarterly Review, junho de 2010, p. 25.)

Ainda mais impressionante é que o valor de mercado desses derivativos seja de somente US$ 22 trilhões, i;e. 3,6% daquele montante (Idem, ibidem).

Os fatores desencadeadores de nova e aguda crise são múltiplos. Entre muitos outros:

1) o soçobrar das hipotecas nos EUA, no Reino Unido, na Espanha etc.;

2) as dívidas públicas e privadas da Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal, sem falar em EUA, Reino Unido, Japão e vários outros;

3) a elevadíssima exposição dos bancos nesses e em outros créditos de difícil adimplemento (por exemplo, as ações da matriz do Santander, apesar dos grandes lucros no Brasil, já caíram 40% este ano).




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