Os recursos para garantir a produção de alimentos em escala mundial vêm causando danos irreparáveis, não só para o meio ambiente, mas também para a saúde das pessoas. É preciso ficar atento às refeições – até as mais balanceadas podem esconder agrotóxicos, fertilizantes e outras substâncias usadas nas plantações. Além disso, é importante tomar decisões individuais por uma alimentação menos agressiva.
As substâncias utilizadas para fortificar as plantações no mundo inteiro já respondem por boa parte da poluição do solo, dos recursos hídricos e até pelo aumento de doenças. “O consumo de agrotóxicos está diretamente relacionado ao surgimento de vários tipos de câncer. Além disso, estas substâncias também trazem impactos neurológicos, sendo responsáveis por vários casos de déficit de atenção”, afirma o nutrólogo Eric Slywitch.
De acordo com o especialista, os produtos aplicados para fortificar as plantações são ingeridos pela maioria dos animais consumidos pelo homem. “As rações preparadas para aves, bois e porcos têm base vegetal com altos níveis de agrotóxicos, que contaminam os animais”, explica. “O problema é que essas substâncias se concentram no corpo dos animais por mais de dez anos, e, posteriormente, no organismo das pessoas, causando doenças”, diz Slywitch.
Um estudo recente mostra que 11,4 quilos de ração são necessários para produzir um quilo de frango próprio para refeição. No caso do porco, a proporção é de 21 quilos de ração para um de carne. E, para cada quilo de carne bovina, são necessários 44 quilos de ração, preparados com agrotóxicos, fertilizantes e outras substâncias.
Para Carlos Armênio Khatounian, engenheiro agrônomo e professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), o crescimento econômico é um dos principais fatores para o declínio da qualidade dos alimentos. Com base em pesquisas, o professor apontou que, para produzir uma porção de nuggets congelados, mais de um litro de petróleo é utilizado.
Uma das saídas para eliminar os danos causados pela alimentação nos dias de hoje é a agricultura orgânica – que, nem sempre tem preços mais altos do que os alimentos convencionais, vendidos em larga escala nos mercados. Segundo um estudo da FAO, o modo de produção tem muita força nos países pobres.
Além disso, ter uma horta em casa pode ser o primeiro passo para evitar o consumo dos alimentos contaminados. “Quem tem uma horta em casa, consome alimentos livres de agrotóxicos. A pessoa tem controle total sobre o que está produzindo e ainda pratica uma atividade terapêutica”, finaliza o engenheiro agrônomo Paulo Gonçalves.
* Publicado originalmente no site CicloVivo.