A população do Canadá em 2100, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
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A população do Canadá em 2100, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


A população do Canadá era de 13,7 milhões de habitantes em 1950, cerca de um quarto da população brasileira da época e passou para 34 milhões de habitantes em 2010, menos de um quinto da população brasileira atual. Portanto, o Canadá teve um crescimento demográfico mais lento do que o brasileiro, sendo que a principal causa do crescimento brasileiro foi devido às diferenças entre as taxas brutas de mortalidade e natalidade, enquanto no Canadá foi devido à imigração. Para 2050, a estimativa é de 43,6 milhões na projeção média, devendo chegar a 48,3 milhões de habitantes em 2100. No final do século XXI a população canadense pode chegar a 71 milhões na hipótese alta ou 31,6 milhões na hipótese baixa.



O Canadá tem a segunda área territorial do mundo – 9,984,670 km2. Como possui uma população pequena, o país possui uma densidade demográfica de apenas 3 habitantes por quilômetro quadrado, em 2010, muito abaixo dos 23 hab/km2 do Brasil.



A taxa de fecundidade total (TFT) do Canadá era de 3,7 filhos por mulher em 1950-55, mas chegou abaixo do nível de reposição no quinquênio 1970-75, com TFT de 1,98 filhos por mulher. Em 2005-10 a TFT estava em 1,5 filhos por mulher e a projeção média da ONU indica uma recuperação lenta ao longo do século até atingir 2 filhos em 2100. O número médio de nascimentos estava em 409 mil no quinquênio 1950-55 e caiu para 371 mil nascimentos em 2005-10. A idade mediana era de 27,2 anos em 1950 e passou para 40 anos em 2010, mostrando que o Canadá tem uma estrutura etária muito mais envelhecida que a do Brasil.



A mortalidade infantil de 38,4 por mil já era baixa em 1950-55 e chegou a 5,2 mortes para cada mil nascimentos em 2005-10. No mesmo período a esperança de vida passou de 69 anos para 80,5 anos. Para 2100, estima-se uma mortalidade infantil de apenas 1,9 por mil e uma esperança de vida de 90 anos.



Em termos ambientais, o Canadá – por ser um país extenso e com baixa densidade demográfica – possui um grande superávit ambiental. Segundo o relatório Planeta Vivo, da WWF, a pegada ecológica per capita dos canadenses era alta, 6,43 hectares globais (gha), em 2008, mas possuía uma biocapacidade per capita de 14,92 gha.



Porém, se a população do Canadá passar para 100 milhões de habitantes (metade da brasileira) a biocapacidade cairia para 5,5 gha e o país passaria a ter déficit ambiental. Desta forma, podemos concluir que alto consumo com baixa densidade demográfica pode ser viável, o que não é sustentável é alto consumo com alta população (como ocorre nos Estados Unidos).



Para complicar uma situação favorável, o Canadá tem abusado do seu potencial ambiental ao ampliar a exploração das areias betuminosas (tar sands) que é um combustível fóssil altamente poluidor. Ironicamente, o aumento da emissão de gases de efeito estufa e o aquecimento global podem até ser bom para o Canadá, pois reduziria as temperaturas muito baixas existentes no país.



Mas para o resto do mundo seria péssimo, pois cerca de 20% das geleiras no norte do Canadá podem desaparecer até o fim do século 21, um derretimento que pode acrescentar 3,5 cm na elevação do nível do mar. Desta forma, caminhar para uma economia de baixo carbono, poderia ser uma contribuição canadense para o mundo e para as populações litorâneas do globo.

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FONTE : José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal.
EcoDebate, 03/05/2013





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