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A mobilidade na maior cidade do Brasil não é um desafio para amadores. Trata-se de um sistema complexo, interdependente e interrelacionado, que vem configurando a forma de crescimento de São Paulo nas últimas décadas.
Diariamente são realizadas cerca de 29,7 milhões de viagens motorizadas, e outras 13,976 milhões não motorizadas, em percursos cada vez mais longos, percorrendo vias cada vez mais repletas de carros e utilizando transportes coletivos lotados e estuporados.
Este cenário tornou o transporte responsável por cerca de 61% das emissões provenientes de energia na cidade de São Paulo.
É um arranjo pouco eficiente, que faz crescer a cada dia o débito ambiental da capital paulista.
A equação é: consumo de energia, de fonte renovável ou não, para movimentar modais em vias construídas à custa de impermeabilização do solo e canalização de rios, entre outros impactos, gerando a emissão de uma enorme quantidade de gases causadores de efeito estufa.
Além disso, o modelo de cidade que se apresenta hoje é excludente, empurra a população de menor poder aquisitivo para a periferia, e amplia a necessidade de deslocamentos diários, já que os empregos permanecem nas regiões mais centrais. A maior necessidade de locomoção vem acompanhada de maior demanda por infraestrutura de transporte, agravando ainda mais o quadro exposto.
A situação mostra como mexer com a mobilidade é uma oportunidade de ação vigorosa em relação à redução da poluição e reversão deste processo de geração de impactos.
Um dos instrumentos para que se realize uma transformação neste cenário é o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) do município de São Paulo, aprovado recentemente pela Câmara. A aplicação de diretrizes que estão no PDE pode ser uma importante ferramenta para a mudança na forma como a cidade cresce.
O plano prevê uma cidade mais compacta, com adensamento urbano em torno dos eixos viários de transporte público e contenção do crescimento horizontal, o que reduziria os deslocamentos diários.
Em complemento às medidas previstas coloco também a necessidade de criação e de uma nova geração de veículos menos poluentes, como os elétricos, além do investimento em outros modais, que não o transporte motorizado individual.
A fatura ambiental da maior metrópole do país precisa para de crescer e um novo olhar para a forma como a população se locomove é ponto fundamental nesta mudança.
* Ricardo Young, 56, empresário, é vereador de São Paulo pelo PPS. Foi presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. (O Autor)
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