Foto: Aaron Amat/ Fotolia
Até a segunda metade do século XX, o urbanismo foi dividido em duas áreas: centrais e suburbanas. Essa abordagem criou bairros distantes de baixa densidade, péssima infraestrutura de transportes públicos e fraco desenvolvimento urbano e social. Já nos bairros centrais o mercado imobiliário encontrou um nicho de negócios altamente lucrativo, incentivado pela gestão pública, farto financiamento e estímulo para fixação das empresas privadas nos eixos centrais.
Nos dois casos esse modelo de urbanismo estimulou a demanda de automóveis através da construção de estradas, rodovias e leis de polos geradores de tráfego que estimulavam a construção de estacionamentos de automóveis. Com desvantagem clara para as áreas suburbanas mais distantes, mais pobres, sem acesso ao automóvel e ao transporte público.
Com a falência deste modelo, surge um novo conceito de desenvolvimento urbano que vem sendo cada vez mais discutido em todo o mundo o “Walkable Urbanism”, (Urbanismo caminhável em tradução livre), é um tipo de urbanismo que valoriza a curta distância entre moradia, trabalho, educação, saúde e lazer e é caracteriza por alta densidade e mix de diversos tipos de imóveis ligados por áreas de lazer e conectadas com múltiplos sistemas de transportes coletivo e não motorizado.
Nesse novo modelo , o desenvolvimento urbano se volta para o desenvolvimento social e para geração de riqueza nos subúrbios da cidade, aproximando o trabalho, educação, saúde e lazer de forma distrital.
O Instituto Mobilidade Verde vem defendendo este modelo há mais de 5 anos, quando começamos a pesquisar cidades e constatar a falência do atual modelo de desenvolvimento urbano. As melhores cidades do mundo serão aquelas que tem bairros cada vez menos dependentes de transportes individuais e públicos e consequentemente mais humanos, urbanizados e com fácil acesso a pé ou de bicicletas ao trabalho, educação, saúde e lazer.
A George Washington University divulgou recentemente uma pesquisa onde demonstra que as melhores cidades para viver nos EUA são aquelas que tem maior índice de WalkUp, são áreas na cidade onde as pessoas tem acesso a saúde, lazer, educação e trabalho andando a pé ou de bicicleta.
Eles também observaram que bairros centrais estão sendo revitalizados e uma forte tendência de urbanização nos subúrbios. Para isso eles criaram uma metodologia de pontuação que leva em consideração densidade, transporte público, parques e áreas mistas.
Eles identificaram e estudaram 558 “WalkUps” nos EUA, estas áreas geralmente correspondem por 1% da área metropolitana mas geram 48% da riqueza produzida. Nova York tem 66 “WalkUps”.
Washington tem 45 “WalkUps”, no entanto, está melhor posicionada, pois estes locais estão melhor conectados com os sistemas de transportes públicos e as pessoas dependem menos de transportes que Nova York.
Ou seja, as melhores cidades são aquelas onde a população depende menos de transporte individual ou público. Quanto maior a quantidade destes pontos de “caminhabilidade” distribuídos na cidade, melhor é a cidade, mais desenvolvida e maior é a geração de riqueza.
A Universidade de Washington lançou um ranking das 30 melhores cidades de acordo com o número de locais com boa caminhabilidade nos EUA.
* Publicado originalmente em 4 de agosto, no blog Mobilidade Sustentável, e retirado do site EcoD. (EcoD)
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