Universo Energético
Soberania Alimentar deve ser debatida pelo conjunto da sociedade
O conceito de Soberania Alimentar nasce de um contraponto do conceito de Segurança Alimentar estabelecido pela FAO, pois compreende-se que um povo para ser livre precisa ser soberano e essa soberania passa pela alimentação. O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), assim como a Via Campesina Internacional, compreende que Soberania Alimentar é o direito dos povos a definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos, que garantam o direito à alimentação a toda a população, com base na pequena e média produção, respeitando suas próprias culturas e a diversidade dos modos camponeses de produção, de comercialização e de gestão, nos quais a mulher desempenha um papel fundamental. Para além disso, é um direito que os povos têm a produzir seus próprios alimentos.
Mais que um conceito, Soberania Alimentar é um princípio que orienta a luta camponesa. É uma proposta alternativa de produção e consumo, que apoia os povos em sua luta contra o agronegócio e as políticas neoliberais promovidas por intuições financeiras e transnacionais, destaca o dirigente nacional do MPA,Valter Israel da Silva. Portanto, se a produção e distribuição de alimentos fazem parte da soberania de um povo, ele é inegociável e não pode ficar dependente de vontades políticas ou práticas de governos ou empresas.Isso coloca aqueles que produzem, distribuem e consomem alimentos no coração dos sistemas e políticas alimentares, acima das exigências dos mercados e das empresas.
O MPA em conjunto com a Via Campesina, defende a importância do Campesinato como sujeito capaz de assegurar a Soberania Alimentar. Como mostra os dados do Censo Agropecuário (IBGE, 2006), mesmo tendo apenas 24% das terras, produzem cerca de 70% dos alimentos que chegam à sua mesa. A Agricultura Familiar Camponesa apresenta uma produtividade equivalente ao dobro das áreas do agronegócio.
Para a consolidação da Soberania Alimentar,o MPA tem construído o Plano Camponês, que vem sendo apresentado a sociedade e órgão governamentais com base em três diretrizes.A primeira diretriz do Programa Camponês, afirma a Agricultura Camponesa como base da Soberania Alimentar, do abastecimento popular de alimentos de base agroecológica; a segunda diretriz, crie as condições materiais para a manutenção do camponês no campo, sobretudo a juventude camponesa, garantindo acesso à terra, água e biodiversidade, facilitando acesso ao crédito, capacitação e assistência técnica, garantindo estrutura logística para produção, beneficiamento e comercialização de alimentos, ampliando sua renda, elevando sua consciência social, gerando novas relações de gênero, novos processos produtivos ambientalmente sustentáveis e melhorando sua qualidade de vida; e a terceira diretriz, diz respeita a garantia de alimentos de qualidade para a população brasileira e que permita constituir novas relações de produção, distribuição e consumo sob controle popular e estatal.
Para isso, se faz necessário uma Reforma Agrária Popular, nova política de Crédito Subsidiada pelo Estado e apropriada à Agricultura Camponesa, um Modelo Energético que respeite o meio ambiente e as pessoas, gerando autonomia para as famílias e ou grupos camponeses, contribuindo para a Soberania nos âmbitos Alimentar, Hídrico, Energético, Genético e Territorial.
Acreditamos que somente o Campesinato terá capacidade de proporcionar vitalidade ao povo e ao planeta. “Entendemos que a construção da Soberania Alimentar é uma questão do conjunto da sociedade, por isso, lutar pelos pré-requisitos para que ela ocorra, não é uma questão camponesa, mas uma questão nacional”, afirma Valter.
A Soberania Alimentar não é só uma alternativa para os camponeses e camponesas, mas sim para toda sociedade em seu conjunto. Por meio da Soberania Alimentar, o Campesinato poderá continuar com suas práticas sustentáveis na terra em benefício da alimentação de toda humanidade é por isso, que Kátia Abreu e o projeto do agronegócio, não representa o Campesinato.
Informe do MPA, in EcoDebate, 09/10/2015
-
A Agroecologia é A Solução Para A Fome E A Mudança Climática
por Kirtana Chandrasekaran e Martín Drago* O salvadorenho Adolfo é um exemplo dos benefícios da agroecologia camponesa. Foto: Jason Taylor/Amigos da Terra Internacional Lima, Peru, 28/11/2014 – Cientistas especializados em mudança climática divulgaram...
-
“a Obesidade E A Fome São Os Dois Lados De Um Sistema Alimentar Que Não Funciona”
Entrevista com Esther Vivas , ativista social e pesquisadora de políticas agrárias e alimentares.Qual é o estado do atual modelo de produção, distribuição e consumo de alimentos? Atualmente, enquanto milhões de pessoas no mundo...
-
Desafios Da Segurança Alimentar No Brasil
...
-
Do Campo Para A Sala De Aula
por Esther Vivas “Menino, de onde vem o leite?”, lhe perguntam. “Da Tetra Pak”, responde. Quantas vezes você já ouviu esta piada? A distância entre o campo e o prato, entre a produção e o consumo, apenas aumentou nos últimos anos....
-
Quando Se Premia Aos Que Geram Fome
Transgênicos não, tchê!! Desde sempre na luta contra as corporações, pela Soberania Alimentar!. Manifestação do CEA em Pelotas no ano 2000.Esther VivasVivemos em um mundo ao contrário, no qual se premia as multinacionais da agricultura transgênica...
Universo Energético