Altamira Ser renovável não é ser sustentável
Foto aérea de Altamira, no Pará, com bairro alagado pela construção de Belo Monte. Foto: ©Marizilda Cruppe / Greenpeace

Segundo debate sobre política e meio ambiente discutiu o tema energético e levantou questões centrais sobre a matriz brasileira e a abordagem eleitoral
A uma semana para o Brasil ir às urnas, o Greenpeace explora um assunto central e no entanto ainda raso no debate presidencial. Em parceria com o estúdio de jornalismo independente Fluxo, o Sujeito Oculto de último dia 23 debateu sobre Energia, tema caro aos palanques eleitorais de todo o Brasil. Participaram da conversa Célio Bermann (IEE-USP), Rodrigo Sauaia (ABSOLAR) e Ricardo Baitelo (Greenpeace). A mediação ficou a cargo de Bruno Torturra (Fluxo).
Em contexto de crise, onde o País é ameaçado pelo racionamento e o aumento do preço da energia, é preciso reavaliar a política energética nacional. A prioridade para combustíveis fósseis e a centralização da produção de energia trava um possível modelo de desenvolvimento sustentável.
“O mundo hoje utiliza apenas 14% de fontes renováveis para produção de energia elétrica e combustíveis. O Brasil tem 42% da sua matriz baseada em energia renovável, mas não leva em consideração o mais importante: nossa matriz é sustentável?”, questionou o professor Célio Bermann, abrindo o debate. Doutor em engenharia e planejamento energético, com dois livros publicados na área, o professor chamou a atenção para um importante ponto: ser renovável não é ser sustentável. “Para ser sustentável, tem que levar em conta os impactos socioambientais”.
A questão das hidrelétricas, clamadas pelo governo como fontes limpas, inesgotáveis e a solução para o abastecimento do Brasil, foi abordada a fundo. Bruno Weis, jornalista do Greenpeace, foi à Altamira, no Pará, cidade de 80 mil habitantes que recebeu 25 mil trabalhadores para as obras de Belo Monte – sendo a grande maioria homens.
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Ponto de ônibus em Altamira com apenas homens, que esperam transporte para voltar às obras de Belo Monte. Foto: ©Zé Gabriel / Greenpeace

“A cidade é um coquetel que mistura ócio, DINHEIRO no bolso (pois eles recebem e não têm onde gastar), saudade de casa, prostituição, bebidas e outras drogas”, explica Weis. Segundo o jornalista, a enorme população masculina transforma Altamira numa atmosfera opressora para mulheres: “Altamirenses que defendiam a obra se arrependem ao verem que a cidade se transformou numa ferida aberta, um formigueiro de desilusões”.

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