Em evento do Cebds, especialista fala da importância em integrar a sustentabilidade aos negócios das empresas
Sem sustentabilidade, não existe crescimento econômico. A questão é urgente, pois sem sustentabilidade a economia irá colapsar. Este é o alerta de Paul Gilding, que há quase 40 anos atua como defensor das implicações da sustentabilidade e mudanças do clima para estratégias de negócios e da economia. “Hoje, o fator impulsionador da sustentabilidade não deve ser a responsabilidade, mas a economia”, diz.
Autor do livro “A Grande Ruptura”, o australiano Gilding ministrou, no dia 31 de outubro, a palestra magna de um evento do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds). No evento, o Cebds lançou a plataforma do projeto Ação 2020, com ações das empresas para aliar a agenda do setor privado com a da sociedade e propor soluções de negócios e políticas públicas.
Na visão de Gilding, os mercados são os melhores ambientes para promover mudanças, já que as empresas são capazes de promover transformações efetivas em passo rápido. “O problema é que a sustentabilidade não está integrada aos negócios das empresas”, diz.
Por parte dos consumidores, a demanda existe. Cerca de 70% dos compradores globais já demonstram que esperam ofertas de produtos mais sustentáveis, segundo o especialista. Ele alerta que as empresas que não perceberem esse movimento vão parar de crescer. “A oportunidade de negócio está aí para as empresas crescerem em bases sustentáveis.”
Para Gilding, o papel do governo é importante, ao proporcionar condições para as empresas mudarem e se desenvolverem de forma sustentável. Para ele, influenciar políticas públicas é uma das ações necessárias para criar um ambiente de mercado favorável.
Na palestra, Gilding projetou um cenário em que o poder de consumo da Ásia e dos Estados Unidos crescem como atualmente: a estimativa é que, em 2030, serão necessários 3 planetas para dar conta dos padrões atuais de produção e consumo. Atualmente, consumimos 1,5 vez mais do que a capacidade do planeta de fornecer recursos e absorver resíduos. Por isso, ele alerta que é preciso ter senso de urgência. A crise global é inevitável, mas quanto mais mudanças foram promovidas agora, mais gerenciável ela será, diz Gilding. “Menos pessoas sofrerão os impactos e a transição será mais suave.”
* Publicado originalmente no site Akatu.
(Akatu)