Rua arborizada em Porto Alegre: bom para caminhar. Foto: Fanfiction
Urbanização excessiva eleva temperaturas nas cidades e no interior dos veículos. A solução parece óbvia: aumentar as áreas verdes e estimular o transporte não-motorizadoNa semana passada, a Agência Brasil produziu uma reportagem sobre o desconforto de passageiros e funcionários que trabalham nas linhas de ônibus do Rio de Janeiro. Com temperaturas de 40º C e sensações térmicas acima de 50º C, os usuários e “tripulantes” dos coletivos sofrem o desconforto de passar horas dentro dos veículos lotados. O pior, explica a matéria, é que os motoristas, que trabalham próximos aos motores, estão sujeitos a temperaturas de até 60º, o que gera irritação e acaba provocando acidentes.
O problema não é exclusivo do Rio de Janeiro e por isso reproduzimos o texto o Mobilize. Há duas semanas, enfrentei situação semelhante em um coletivo em São Paulo. Saí do terminal Princesa Isabel, no qual as temperaturas giravam por volta de 50º C. Permanecer sob aquela cobertura metálica já é um desafio, especialmente no período da tarde, entre 13h e 17h.
Assim que entrei no ônibus senti o acréscimo de calor concentrado no interior do carro. Embora quase vazio, o ônibus parecia mesmo uma estufa. Depois de alguns minutos de espera sob aquela sensação térmica de 50º C, o ônibus deixou o terminal, mas a circulação do ar pelas janelas não era suficiente para arrefecer o ambiente. Três pontos à frente, não aguentei e decidi descer do ônibus e completar a pé meu caminho até a av. Paulista. Mesmo sob o sol intenso, o ar do lado de fora estava muito mais agradável.
Apenas como referência, destacamos abaixo um extrato de pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará e publicada pela revista Geonorte, em 2012.
Fonte: Clima Urbano e Sensação Térmica – O caso dos terminais de ônibus de Fortaleza (Maciel, Nascimento e Zanella, Universidade Federal do Ceará)
Os números mostram claramente os riscos do calor excessivo para o organismo humano. Seja no Rio, seja em SP, em qualquer cidade do Nordeste, Norte ou Centro-Oeste, não há dúvida de que os ônibus urbanos precisam ter sistemas mais eficientes de refrigeração.
O ar condicionado já se tornou quase um padrão em carros de passeio, até nos modelos mais populares. E mesmo os trens urbanos e metrôs já estão sendo dotados de ar condicionado, pelo menos nas maiores capitais do país. Em São Paulo, não poucos passageiros preferem aguardar na plataforma a chegada dos trens mais modernos, mais frescos.
O problema de fundo é que as cidades brasileiras incharam, ampliaram suas áreas construídas e reduziram as áreas arborizadas. Basta andar a pé ou de bicicleta por qualquer cidade para sentir na pele a diferença térmica nas proximidades de um parque ou praça com boa vegetação. São ilhas de frescor.
Pedalada no deserto urbanoNeste final de semana pedalamos, eu e minha mulher, até um grande centro de compras, na zona norte paulistana, e tivemos a sensação de estar cruzando uma região desértica. Explica-se: é uma área com mais de 2 milhões de metros quadrados, dos quais mais de 95% estão cobertos de asfalto ou edificações.
Imagem aérea de grande centro de compras em São Paulo: arborização zero. Foto: Google
Filas de carros, todos com seus vidros fechados, jogavam gases e mais calor para o ambiente externo. As raras – e sofridas – árvores estão dispostas ao longo das ruas, mas incapazes de mudar a paisagem. Enfim, o shopping é uma gigantesca ilha de calor. Talvez seja bom para vender mais aparelhos de ar condicionado. Mas não é um bom lugar para se estar.
Soluções para já: comprar ventarolas e ventiladores. A médio prazo, instalar ar condicionado nos ônibus e trens. A longo prazo, mas para começar já: quebrar o concreto, romper o asfalto e plantar árvores.
* Publicado originalmente no site Mobilize Brasil. (Mobiize Brasil)
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