Universo Energético
QUAL O CUSTO DA MOBILIDADE URBANA ?
 
		
		
		

Ônibus articulado no Terminal Parque Dom Pedro II, em São Paulo. Cesar Ogata / SECOM
 Nas metrópoles brasileiras, o gasto com transporte coletivo que  recai sobre os usuários aumenta em comparação àquilo desembolsado pelo  poder público Por Carlos Drummond, da Carta Capital — Os ônibus realizam 87% das viagens por transporte público no País e  transportam 70% dos brasileiros, segundo a Associação Nacional das  Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Apesar disso, contam com menos  subsídios – não somente no Brasil, mas em toda a América Latina – do que  os sistemas de transporte coletivo dos países industrializados com  renda per-capita maior que a latino-americana, conforme levantamento da  Organização Internacional para o Transporte Público (UITP, na sigla em  inglês). Aqui, os custos operacionais de sistemas de transportes  públicos são quase totalmente cobertos pela venda de passagens, mostra  pesquisa realizada pela entidade em metrópoles latino-americanas.
 Em Bogotá, as tarifas representam 82% do faturamento do sistema de  ônibus. Há 8% de subsídios do governo e os 10% restantes são  provenientes de receitas não tarifárias. É a mais alta participação das  tarifas na comparação e o único caso de receita não tarifária.
 Em São Paulo, a parcela das tarifas na composição da receita total é  de 47%. Os subsídios do governo perfazem 35%, o menor percentual da  amostra, e os 18% restantes correspondem à fração para remuneração dos  empresários, único caso identificado na pesquisa.
 Em Buenos Aires, as tarifas compõem 40% da receita, o menor  percentual apurado pela pesquisa, e os subsídios perfazem 60%, a mais  alta participação, na comparação com as demais metrópoles. Em Santiago, a  situação é inversa: 40% correspondem aos subsídios do governo e 60%, às  tarifas.
 No Brasil, a remuneração da mão de obra corresponde a 29,4% dos  custos totais e o combustível, 23%, segundo a NTU. O terceiro item mais  relevante são os impostos, com 21,1%, seguido pelo montante despendido  em manutenção e renovação dos veículos (19,1%) e itens diversos (7,4%).
 Quando a tarifa pública não cobre os custos de operação do sistema e  põe em risco o pagamento da tarifa de remuneração (valor pago às  empresas para realizar o transporte de ônibus nas cidades), ela deve ser  complementada por fontes diversas, segundo a Associação, incluídos  recursos dos orçamentos públicos, publicidade nos ônibus, pedágio  urbano, cobrança de estacionamentos públicos e impostos sobre os  combustíveis.
 Em dez anos, entre 2002 e 2012, o aumento dos custos do transporte  público no Brasil superou aquele do transporte individual, mostram os  cálculos da NTU. A tarifa subiu 111%, e o óleo diesel consumido pelos  ônibus aumentou 200%, enquanto o preço da gasolina utilizada pelos  automóveis elevou-se em 43,9%, e o dos carros, em 6,3%. 

Manifestação contra aumento da tarifa de ônibus em São Paulo (8.1.2016)
 A maior parte da infraestrutura dos transportes  públicos, historicamente, tem sido financiada pelo poder público no  âmbito nacional. Hoje alguns países como a Índia, a Suíça e os Estados  Unidos ainda se beneficiam de fundos de investimentos específicos para o  transporte, segundo a organização. Na Europa, o chamado Plano Juncker  está alocando 315 bilhões de euros em um programa de três anos de  investimento em infraestrutura, inclusive em projetos de transporte  urbano.
 Países ricos desenvolveram uma grande quantidade de alternativas de  financiamento, mostra o levantamento Alternative Ways of Funding Public  Transport, feito pelo pesquisador Harry Ubbels, da Universidade Livre de  Amsterdã, na Holanda, entre outros especialistas. Em Versement, na  França, 33% do financiamento do transporte público provêm do orçamento  das empresas de transporte. O sistema de Portland, nos Estados Unidos,  banca 60% dos seus custos com repasses do governo local. Em Vancouver,  no Canadá, 60% dos recursos têm origem no orçamento do órgão público  responsável pelo setor. As receitas dos sistemas de transporte público  de Heathrow (Inglaterra), de Amsterdã e do estado de Washington (Estados  Unidos) contam, respectivamente, com aportes do aeroporto de Heahrow,  receitas de estacionamento e verba dos orçamentos operacionais dos  sistemas de ônibus e ferry-boat. Esses são alguns dos casos específicos  estudados pelos pesquisadores.
 A pesquisa da UITP mencionada acima mostra uma variação significativa  no peso das tarifas pagas pelo passageiro em relação à receita total,  na comparação com as fontes de financiamento dos sistemas de ônibus de  metrópoles da Colômbia, Argentina, Chile e Brasil. A conclusão à qual se  chega é uma velha conhecida entre a população das capitais  latino-americanas e pode ser confirmada por estudos feitos sobre o  Brasil pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP): o custo  do transporte coletivo que recai sobre os usuários aumentou  exponencialmente em comparação àquilo desembolsado pelo poder público.  Enquanto o valor que pesa sobre os usuários foi de 17 bilhões de reais  para 38,7 bilhões entre 2003 e 2004 aqui no Brasil, a parcela bancada  pelo governo passou de 1,4 bilhões para 2,5 bilhões no mesmo período. 
(Carta Capital/ #Envolverde) * Publicado originalmente no site Carta Capital. 
  
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