Plantios de dendê pouco contribuem para a conservação de aves amazônicas
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Plantios de dendê pouco contribuem para a conservação de aves amazônicas



Estudo mostra que espécies com maior valor para conservação como as ameaçadas de extinção e endêmicas estão fora dos plantios de dendê

dendê
Foto: Wikimedia

Publicada pela revista internacional PLOS ONE desse mês, a pesquisa mostra que os plantios de dendê, cada vez mais crescentes, são pouco importantes para a conservação da fauna de aves da região amazônica. A pesquisa foi realizada por pesquisadores do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) e faz parte do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, rede de pesquisa que engloba diversas instituições científicas.
O estudo, realizado nos municípios de Moju e Tailândia, cerca de 80km da capital, Belém, envolveu levantamentos de espécies de aves em 4 principais tipos de uso:
florestas primárias, florestas secundárias, pastos, e dendê. O objetivo foi entender como as aves ocupam cada um desses espaços e assim avaliar o valor de conservação para cada tipo de uso da terra, com o enfoque nos plantios de dendê. Um total de 249 espécies foram registradas durante todo do estudo, porém apenas 69 estavam dentro das áreas de dendê e longe de qualquer outro tipo de ambiente.
Segundo o Dr. Alexander Lees, líder da pesquisa, as espécies presentes nesses plantios possuem baixo valor para conservação por serem muito comuns também nas áreas de pastagens e bordas de florestas – algumas dessas espécies, inclusive, podem ser encontradas em ambientes urbanos. De acordo com Alex Lees, “as espécies que possuem um alto valor para a conservação são, por exemplo, as ameaçadas e aquelas com distribuição restrita, pois são as que requerem florestas primárias em bom estado de conservação”.
Conservação – As espécies exclusivas de florestas dependem do cumprimento do código florestal pelos proprietários das terras. O código prevê que os proprietários de terras devem manter e proteger uma área de reserva legal e de preservação permanente. Ao cumprir a legislação, os proprietários conseguem resguardar a biodiversidade dentro de suas áreas não permitindo caça, pesca e derrubada de madeira.
Os municípios estudados integram a área de endemismo Belém, localizada na fronteira entre os estados do Pará e Maranhão, área com povoamento humano mais antigo, largamente desmatada, com apenas alguns fragmentos florestais e que registra as maiores taxas de perda espécies. “Mas só proteger essas áreas não garante a manutenção das populações de avifauna, que precisam ter fluxo gênico. As espécies precisam dispersar para outros lugares. Tem que ser feito um trabalho em toda a região, conectando fragmentos, por exemplo, para que esses poucos remanescentes de floresta não sejam transformados em ilhas, pois, se isso acontecer, muitas espécies podem ser extintas localmente ou até globalmente”, alerta o pesquisador.
Para Dra. Ima Vieira, coordenadora do INCT, dispor de informações de qualidade, como essa agora publicada pelo grupo, é essencial a quem toma decisões ligadas ao desenvolvimento regional. “Esse estudo é muito relevante no contexto atual, em que há uma preocupação crescente em buscar modelos sustentáveis de usos da terra na Amazônia, considerando a conservação da biodiversidade dentro dos cenários mais otimistas”, afirma a pesquisadora.
INCT – O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, sediado no Museu Paraense Emilio Goeldi, é uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi institucional com a missão de produzir pesquisas que permitam fornecer bases científicas para práticas econômicas sustentáveis, educação para sustentabilidade e apoio a políticas públicas para a região do Arco do Desmatamento. Seu eixo de atuação é a análise dos impactos socioambientais e sociais e o desenvolvimento de estratégias de uso sustentável para a região, que envolvem ampla articulação com diversos segmentos da sociedade, incluindo gestores, produtores, trabalhadores e escolas.
Fonte: Agência Museu Goeldi / Jornal da Ciência

Publicado no Portal EcoDebate, 20/05/2015




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