Universo Energético
Pesquisa avalia relação entre a escolha pelo carro particular e a qualidade do transporte público
Alessandro Rodrigues sofre com o trânsito diário para chegar ao trabalho. Morador do Riacho Fundo I, o assistente administrativo da UnB precisa sair de casa às 6h30 para iniciar a jornada às 8h. A demora no trajeto de 27 km é consequência do tráfego congestionado das grandes cidades. No Brasil, a estimativa é de que um a cada quatro habitantes possua automóvel. A proporção é maior em Brasília, onde existe um carro particular para cada dois habitantes.
O servidor público prefere o automóvel ao ônibus, mesmo já tendo ouvido falar que o coletivo é mais rápido. “É uma questão de comodidade”, diz Alessandro. Para o psicólogo e pesquisador Fábio de Cristo, a opção dos brasileiros pelo carro próprio é uma questão de hábito. “O uso do automóvel pode ser considerado um automatismo que não passa pelo crivo do usuário”, explica ele, que se dedica a estudos sobre comportamento no trânsito.
Mas, se o brasileiro não reflete sobre a iniciativa de usar o automóvel, por que as estradas, ruas e rodovias do Brasil estão cada vez mais cheias? Para Fábio de Cristo, esse é um reflexo do incentivo exagerado ao consumo de carros particulares, com a redução do IPI, por exemplo. “Um dos princípios da política nacional de trânsito é o estimulo ao uso de transporte coletivo. No entanto, o Brasil negligencia essa diretriz em detrimento de estratégias econômicas”, afirma.
O psicólogo defende uma estratégia oposta a tomada pelos governantes. “É preciso tomar medidas de impacto, que dificultem o acesso ao transporte particular, para que as pessoas passem a deliberar sobre a melhor opção para mobilidade urbana”, garante. Nessa expectativa, Fábio aponta a cobrança em estacionamentos públicos como uma das medidas para a contenção do crescimento das frotas de automóveis do país.
“Se o indivíduo constata que andar de carro é mais difícil, ele poderá voltar a deliberar e escolher usar o ônibus”, avalia. Nesse ponto, o especialista afirma que será necessário que o cidadão, ao tomar a decisão de utilizar o transporte coletivo, encontre um sistema público de qualidade. “Senão ele voltará a usar o carro ou poderão acontecer consequências psicológicas, como sentimento de injustiça, sofrimento e revolta”.
Fábio de Cristo realizou uma tese de doutoramento orientado pelo professor Hartmut Gunther, do Instituto de Psicologia da UnB, e durante quatro anos entrevistou centenas de brasileiros, de diferentes estados do país, sobre comportamento no trânsito. O pesquisador desenvolveu o estudo “O hábito de usar automóvel tem relação com o transporte coletivo ruim?”, em que explica comportamentos e aponta contribuições para a questão da mobilidade urbana no país.
Por Ádlia Tavares – Da Secretaria de Comunicação da
UnB/UnB AgênciaEcoDebate, 09/07/2014
-
O Custo De Privilegiar O Uso Do Automóvel
por Alexandre Pelegi* As cidades brasileiras têm um custo sete vezes maior com carros e motos do que com o transporte coletivo. Há alguns anos a ANTP realiza estudos e levantamentos para quantificar os custos envolvidos na mobilidade urbana. É...
-
Uma Faixa Exclusiva De ônibus Incomoda Muita Gente… Por Raquel Rolnik
“A ‘má vontade’ de nossos gestores sempre se voltou ao transporte coletivo e quem sempre usufruiu de ‘tratamento VIP’ foram os carros… afinal, o transporte por ônibus em nosso país sempre foi considerado ‘coisa de pobre’ e, como tal,...
-
São Paulo Poderá Ter Táxi Compartilhado Como Opção De Transporte Público
por Redação do EcoD Quem usar o Táxi Compartilhado poderá “rachar” a cobrança com os outros passageiros. Foto: Wagner Malagrine/Divulgação Correr para entrar na entrevista de emprego no horário marcado; chegar ao encontro com os amigos sem...
-
Trânsito: 61% Dos Paulistanos Estão Dispostos A Deixar Carro Em Casa
por Redação da Agência Brasil São Paulo – O número de paulistanos dispostos a não usar o carro, caso haja uma boa alternativa de transporte público, aumentou de 44%, em 2012, para 61% este ano, de acordo com a sétima pesquisa sobre Mobilidade...
-
Barcelona Planeja Cortar 30% Da Circulação De Carros Em Cinco Anos
por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil A cidade de Barcelona, na Espanha, está desenvolvendo um plano de mobilidade urbana (PMU) que nada tem de modesto: nos próximos cinco anos, o município pretende reduzir sua circulação de veículos em 30%, criando...
Universo Energético