Para driblar a extinção, tatu-bola ganha um plano nacional de conservação
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Para driblar a extinção, tatu-bola ganha um plano nacional de conservação



tatu-bola e o fuleco

O tatu-bola, escolhido como mascote da Copa no Brasil, é um animal em extinção devido à destruição de seus habitats na Caatinga e no Cerrado, além de sofrer com a caça. O pequeno mamífero também está correndo o risco de perder um importante reforço na luta por sua preservação. O trabalho desenvolvido pela Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, está ameaçado por falta de recursos.
De acordo com a professora Rute Maria Gonçalves de Andrade, do conselho fiscal da FUMDHAM, todo o trabalho que vem sendo realizado em mais de 40 anos está ameaçado, além das espécies animais que ficarão desamparadas, mais de100 pessoas podem ficar desempregadas. “Infelizmente a fundação não tem recebido os recursos do ICMBio, nem do IPHAN já que o Parque é declarado pela UNESCO como Patrimônio Natural e Histórico da Humanidade, em quantidade suficiente e nos prazos devidos para fazer esta gestão”, desabafou.
Por meio de sua Divisão de Comunicação, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informou que “não houve nenhuma interrupção de repasses para a Fundação Museu do Homem Americano. Em 2014, foram repassados R$ 400 mil de recursos de compensação ambiental e há a previsão de mais R$ 300 mil, oriundos de emenda parlamentar”. Já o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão do Ministério da Cultura (MinC), não se pronunciou até o fechamento desta edição por conta de uma greve de seus funcionários.
Desde os anos 90, a equipe da FUMDHAM, liderada por sua presidente a arqueóloga Niède Guidon desenvolve ações de preservação da fauna local, o que tem sido decisivo para manter o equilíbrio da densidade populacional no parque de muitos vertebrados. Este trabalho consiste em manter limpos e cheios os reservatórios naturais de água existentes no Parque conhecidos como caldeirões, além de outros que foram construídos, para que os animais tivessem água na época da seca.
Para Rute esse é o momento ideal para chamar a atenção para os esforços de preservação da fauna e flora brasileira. “Talvez fosse importante que a partir da Copa fosse lançada uma grande campanha nacional em favor das Unidades de Conservação que preservam a duras penas o tatu-bola”, sugeriu.
Até o momento o trabalho de conservação do tatu-bola – cujo nome científico é Tolypeutestricinctus – está dando bons resultados. Segundo a professora Rute ele é um dos animais que compõem a fauna do Parque. “Após a fiscalização relativa à caça e o trabalho defornecimento de água na época da seca possibilitaram manter a população desta espécie de mamífero, endêmico do Bioma caatinga”, afirmou.
Plano Nacional de Conservação – O biólogo Leandro Jerusalinsky, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB/ICMBio), em João Pessoa (PB), faz parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação do Tatu-bola (PAN Tatu-bola). A ideia é consolidar uma estratégia para diminuir o risco de extinção de duas espécies. “O plano tem como objetivo geral a redução do risco de extinção do Tolypeutestricinctus, que habita a Caatinga e o Cerrado, para a categoria Vulnerável e avaliação adequada do estado de conservação do Tolypeutesmatacus, encontrado no Pantanal e Cerrado, em cinco anos”, explicou.
Ainda segundo Jerusalinsky, o PAN Tatu-bola vai ajudar na conservação destas espécies por estabelecer de forma clara quais são as ações prioritárias para reverter ou atenuar os principais impactos sobre elas, que consistem na perda e fragmentação de habitats, caça e falta de conhecimento. “Desta forma, as diversas instituições envolvidas em pesquisa, fiscalização e licenciamento ambiental, por exemplo, poderão adotar essas ações em sua atuação, ajudando a conhecer e a proteger os tatus-bola”, detalhou.
O PAN foi elaborado por um conjunto de especialistas nestas espécies, sediados eminstituições de ensino e pesquisa como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade de São Paulo (USP), Universidade do Vale do Rio São Francisco (UNIVASF), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT), EMBRAPA Pantanal, além do próprio ICMBio.
(Edna Ferreira)
Fonte: Jornal da Ciência, SBPC, JC e-mail 4973
EcoDebate, 17/06/2014




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