Foto: Fábio Grison/ Wikimedia Commons
Durante o Pleistoceno, apenas dezenas de milhares de anos atrás, o nosso planeta possuía grandes e espetaculares animais. Mamutes, aves aterrorizantes, tartarugas gigantes, e os tigres dentes-de-sabre, bem como muitas espécies menos familiares, como preguiças gigantes (algumas chegavam a 7 metros de altura) e gliptodontes (que se assemelhavam a tatus do tamanho de um carro), que percorriam a Terra livremente. No entanto, desde então, o número e a diversidade de espécies animais na Terra têm declinado constantemente.
Hoje temos uma fauna relativamente depauperada e continuamos a perder espécies de animais, algumas com risco de extinção iminente. Apesar de alguns questionamentos persistirem, a maioria das evidências científicas sugere que os seres humanos foram e são responsáveis pela extinção dessa fauna do Pleistoceno, e continuamos hoje, a levar animais a extinção através da destruição de ecossistemas, a matança de animais como recurso vital ou, simplesmente como esporte além da perseguição de espécies que consideramos uma ameaça ou como concorrentes na ocupação do espaço.
Essa perda global de animais, ou defaunação, é cada vez mais reconhecida como um problema semelhante ao desmatamento em termos de escala e impacto. Embora razões emocionais ou estéticas possam levar a lamentar a perda de diversas espécies carismáticas, como tigres, rinocerontes ou pandas, agora se sabe que a perda de animais, desde o maior elefante ao menor besouro, também alterará fundamentalmente a forma e função dos ecossistemas dos quais todos nós dependemos.
Identificar os responsáveis por estas extinções é simples, mas, independente da perda é um desafio assustador. As espécies animais continuam a diminuir e desaparecem mesmo nas grandes áreas de reservas protegidas, devido tanto aos impactos diretos, como a caça furtiva, e consequências ecológicas indiretas, como a fragmentação dos hábitats.
Embora a caça de sobrevivência e a caça ilegal possam parecer os culpados óbvios para as políticas ambientais e a gestão de como enfrentá-las, há complexas questões sociais subjacentes a estas atividades que requerem ações coordenadas e colaborativas entre as nações.
Enquanto frear esta perda continua a ser uma meta desafiadora, as tentativas de reverter a tendência de extinção estão aumentando. Esses esforços de “refaunação” envolvem uma variedade de abordagens, incluindo a reprodução de animais em cativeiro, com a esperança de reintroduzi-los na natureza, e auxiliando na reintrodução das espécies em áreas onde estas se tornaram localmente extintas.
A reversão ativa da extinção de animais está se mostrando tão desafiadora quanto a prevenção de extinções; mas algumas histórias de sucesso trazem esperança. Muitos percebem e lamentam a perda de animais, mas não reconhecem que os impactos dessa perda vão além de uma necessidade estética e emocional para manter animais como parte da natureza.
Recentes estudos revelam surpreendentes taxas de declínio e extinção de animais e confirmam a importância das espécies para os ecossistemas. Além disso, e de forma mais ampla, esses estudos demonstram que, se não formos capazes de acabar ou reverter o ritmo dessa perda, isso significará muito mais para o nosso próprio futuro do que um simples coração partido ou uma floresta vazia.
* Sacha Vignieri é naturalista e jornalista científica do Science Magazine.** Publicado originalmente no site Eco21. (Eco21)
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