Iemanjá rainha das águas e do mar. Arte e foto: Pérola Maia Bonfanti
Editorial
No embalo das celebrações do Dia Mundial da Água, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República promoveu um debate sobre os principais desafios da segurança hídrica no Brasil. No evento, Vicente Andreu Gillo, Presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) deixou muito claro que a expansão da fronteira agrícola, a poluição, as diversas situações que favorecem o déficit de água e a exploração indevida dos recursos figuram entre os principais desafios relacionados à segurança hídrica no Brasil. Seu depoimento precedeu em alguns dias o lançamento da Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade das Águas da ANA, instrumento que oferecerá aos gestores públicos informações relevantes, que possibilitarão a tomada de decisões em termos de políticas públicas para a gestão dos recursos hídricos. Aprofundando o tema, o Presidente do Conselho Mundial da Água e ex-Diretor da ANA, Benedito Braga, afirmou que “o monitoramento das águas é a base para o conhecimento sobre os recursos hídricos; a maioria dos conflitos que ocorrem são intuitivos, ou seja, não sabemos por que estamos brigando. Então, os dados são fundamentais. A iniciativa de promover o bom monitoramento, de ter os dados e as informações sobre a qualidade das águas é extremamente importante”. Essa visão é particularmente importante no momento atual, quando o Instituto Trata Brasil e o CEBDS divulgaram no “Fórum Água: gestão estratégica no setor empresarial” o informe “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro”, onde se explicita que, no contexto mundial, o Brasil ocupa a 112ª posição num ranking de saneamento entre 200 países. O fato mereceu um duro comentário de Édison Carlos, Presidente do Instituto Trata Brasil: “Um país como o Brasil, com aspirações de se destacar nas grandes discussões internacionais, não pode se manter entre os mais atrasados no que há de mais básico, o saneamento; apesar de sediar a Copa do Mundo neste ano e as Olimpíadas em 2016, ainda não conseguimos garantir água tratada, coleta e tratamento de esgoto a todos os cidadãos”. Neste Dia Mundial da Água é melhor lembrar as palavras do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, pronunciadas no último 17 de Junho, o Dia Mundial da Desertificação: “Os custos políticos, sociais e econômicos dos problemas gerados pela seca são evidentes, do Uzbequistão ao Brasil, do Sahel, na África, à Austrália. No ano passado os EUA tiveram a pior seca em 50 anos; o Chifre da África também. E aí se entra no terreno das mudanças climáticas que aceleram a desertificação assim como os conflitos pelo uso da água. O mundo não pode deixar o futuro secar”. Ao menos no Brasil temos um orixá a quem apelar, a mãe das águas doces e salgadas, a Rainha do Mar, Iemanjá.
Gaia Viverá!
Índice
4 Fernando Gabeira – Mad Maria, Mad Madeira, Mad Amazônia
6 Heitor Scalambrini Costa – Até tu, Marina?
7 Washington Novaes – A caminho das eleições
8 Marina Grossi – Um momento decisivo
12 Britt-Louise Andersson – John Briscoe vence o Stockholm Water Prize
13 Raylton Alves – Fórum Mundial da Água 2018 será realizado em Brasília
14 Caleb Salomão – Os recursos hídricos e a escassez de gestão pública
15 Fabio Feldmann – Crise de água: democrática e suprapartidária
16 Malu Ribeiro – Estudo revela grave estado em 96 rios do Brasil
18 Marcia Dementshuk – Na contramão da transposição do Rio São Francisco
21 Roberto Malvezzi, Gogó – Secas urbanas
22 Clarice Gulyas – Rios Voadores vai às escolas públicas com o tema da água
28 Veronica Barbosa – Despreparo com o clima pode agravar a fome
30 Efraim Rodrigues – A minhoca é o mocinho e a formiga o bandido
31 Ednubia Ghisi – Voto histórico impede milho transgênico da Bayer
32 Erwin Northoff – O desperdício alimentar afeta o clima, a água e a terra
34 Romeu de Bruns – Curitiba e Itaipu lançam projeto de veículos elétricos
36 Gilson Moura Henrique Junior – Projeto Quilombo Solar
38 Lucas Tolentino – Brasil apoia santuário para baleias no Atlântico Sul
39 Juan Vázquez – O mundo todo se mobiliza pela vida selvagem
42 Carlos Salvatierra – Território de mangue: espaço dos povos costeiros
43 Frederico S. Brandão – DETER: desmatamento na Amazônia reduziu
44 André Lima – Por uma política tributária a serviço da sustentabilidade
46 André Trigueiro – Lixo que te quero longe
48 Giselle Paulino – Rede para o Desenvolvimento Sustentável é lançada no RJ
50 René Capriles – Achim Steiner é reeleito diretor executivo do PNUMA
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(Eco21)