Novo estudo confirma que os eventos climáticos extremos deverão se tornar mais frequentes
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Novo estudo confirma que os eventos climáticos extremos deverão se tornar mais frequentes


Mais chuva pra quem já tem; menos chuva pra quem não tem – Estudo da Nasa reforça o alerta de que as regiões mais úmidas do planeta vão receber ainda mais chuva, e que as regiões mais secas tenderão a ficar ainda mais áridas nas próximas décadas. Matéria de Herton Escobar, em O Estado de S. Paulo, socializada pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4719, de 06 de Maio de 2013.




Mais de seis anos se passaram desde a publicação do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), em março de 2007. Desde então, os programas de modelagem climática se tornaram muito mais elaborados, mas as suas previsões, infelizmente, parecem não estar mudando muito.



Um novo estudo, coordenado por um pesquisador da Nasa, William Lau, reforça o alerta de que as regiões mais úmidas do planeta vão receber ainda mais chuva, principalmente na forma de tempestades, e que as regiões mais secas tenderão a ficar ainda mais áridas nas próximas décadas, por conta das mudanças climáticas. Uma das áreas mais afetadas deverá ser o Centro-Oeste brasileiro, onde está concentrada a maior parte da produção agrícola nacional.



O trabalho, aceito para publicação na revista Geophysical Research Letters, utiliza um compilado de 14 modelos climáticos desenvolvidos nos últimos anos para tentar prever o que vai acontecer com as chuvas no planeta nos próximos 140 anos, tomando como referência os meses de junho, julho e agosto, e assumindo um aumento de 1% ao ano na concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2).



“Eles pegaram os 14 modelos que serão utilizados no próximo relatório do IPCC, que são muito mais realistas do que os de 2007, e as previsões permanecem essencialmente as mesmas”, analisa o meteorologista Gilvan Sampaio, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).



O resumo da história, segundo ele, é que os eventos climáticos extremos – como secas, tempestades e ondas de calor – deverão se tornar mais frequentes, como já vem ocorrendo nos últimos anos. Com relação aos níveis de precipitação, especificamente, algumas regiões já áridas deverão receber ainda menos chuva e permanecer secas por períodos mais longos – incluindo o Nordeste brasileiro, que este ano passa por uma das piores secas de sua história.



“Até gostaríamos de estar errados, mas, infelizmente, parece que estamos certos”, lamenta Sampaio.



Segundo o novo estudo, cada 0,56 °C de elevação da temperatura global em razão do aumento da concentração de CO2 na atmosfera resultará num aumento de 3,9% na ocorrência de chuvas fortes e de 1%, na ocorrência de chuvas fracas. Curiosamente, apesar disso, o volume anual global de precipitação não deverá mudar significativamente, por conta de uma redução de 1,4% na ocorrência de chuvas moderadas. Ou seja: haverá uma intensificação dos extremos, o que é péssimo para o ser humano, tanto no campo quanto nas cidades, pois agrava o risco de eventos extremos como secas e tempestades.



Um vídeo divulgado com o estudo mostra como os níveis de precipitação deverão variar anualmente no trimestre junho-julho-agosto (JJA) pelos próximos 140 anos. Nele, uma grande mancha marrom escura (representando reduções significativas de chuva) se expande e se retrai sobre o Centro-Oeste, sul da Amazônia e partes do Nordeste brasileiro nestes três meses de inverno, que já são naturalmente os mais secos do ano.



“O maior impacto desta figura não é tanto a queda nos volumes de chuva, mas que este volume de chuva diminui até agosto e, possivelmente, até setembro. Ou seja, a estacão seca pode ficar mais longa e as chuvas nesta região começarem mais tarde que o normal”, o que teria forte impacto na agricultura e na geração de energia elétrica nessas regiões, diz o pesquisador José Marengo, coordenador geral do CCST.



Detalhe: as concentrações de CO2 usadas na modelagem do estudo começam em 280 partes por milhão (ppm), bem abaixo da concentração atual, que já está batendo em 400 ppm. O que significa que o estudo é bastante conservador e, consequentemente, ainda mais preocupante. O próximo relatório geral do IPCC (conhecido como AR5, ou 5th Assessment Report) é esperado para o fim de 2014.

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FONTE : EcoDebate, 07/05/2013





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