Encontro da Rede de Mulheres ressalta o poder delas no estabelecimento de uma economia sustentável global
As lideranças femininas serão decisivas para promover uma mudança no modelo produtivo capaz de frear o aquecimento global. Reunidas nesta terça-feira (31/03), em São Paulo, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e as integrantes da Rede de Mulheres: Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade definiram o papel a ser desempenhado no governo, no empresariado e no terceiro setor para o estabelecimento do novo regime climático mundial.
O objetivo central do encontro foi discutir os moldes do futuro acordo de corte de emissões, que será negociado e validado por 193 países em Cúpula das Nações Unidas marcada para ocorrer em dezembro próximo, em Paris. “É preciso ter um debate aprofundado sobre a base econômica”, destacou Izabella. “A agenda de clima é uma agenda econômica e de desenvolvimento: é preciso que toda a sociedade esteja engajada.”?
Fator comum
Formada em 2011, a Rede estimula ações de sustentabilidade em mulheres que atuam na liderança de instituições públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos. O fator em comum que une estas lideranças femininas é o interesse em promover uma forte agenda de desenvolvimento que leve em consideração a mulher e a sustentabilidade.
Os recordes brasileiros no combate ao desmatamento ilegal da Floresta Amazônica foram ressaltados pela ministra. De acordo com ela, o País verificou as cinco menores taxas de desflorestamento nos últimos cinco anos. “A comunidade internacional reconhece isso”, afirmou. “Agora, começará o reflorestamento por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o País se transformará em sumidouro de carbono.”?
Crime organizado
Izabella Teixeira enfatizou o investimento em ações de fiscalização em campo com apoio da Polícia Federal. ”O que ocorre na Amazônia é crime organizado, muitas vezes financiado pelos grandes centros urbanos”, explicou.
Questões como mudanças na matriz energética nacional e ações de sustentabilidade na iniciativa privada também foram apontadas como medidas necessárias para conter o aquecimento global. “No caso do clima, há causas muito difusas e isso confere complexidade ao tema”, analisou Vânia Somavilla, vice-presidente de Rede e diretora-executiva da Vale.
A ação conjunta entre os diversos atores da sociedade é essencial. “Cada um tem de trabalhar de maneira integrada dentro da sua área”, defendeu Marina Grossi, conselheira da Rede e presidente do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. “A questão é urgente e é importante trabalhar a questão a curto prazo”, acrescentou o advogado e ambientalista Fábio Feldmann.
Saiba mais
Apesar de considerado natural, o efeito estufa tem sido intensificado nas últimas décadas e gerado mudanças do clima. Essas alterações decorrem do aumento descontrolado das emissões de substâncias como o dióxido de carbono e o metano. A emissão desses gases na atmosfera ocorre por conta de diversas atividades humanas, entre elas o transporte, o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a geração e consumo de energia.
Para mudar esse cenário, foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). Todos os anos, representantes de 193 países se reúnem na Conferência das Partes (COP) para elaborar metas e propostas de mitigação e adaptação e para acompanhar as ações e acordos estabelecidos anteriormente.
No fim deste ano, ocorrerá a 21ª COP, em Paris, capital da França. A chamada Cúpula de Paris será decisiva, pois, nela, espera-se que os países-membros definam o novo compromisso global de corte de emissões de gases de efeito estufa. Esse acordo já tem um rascunho validado pela UNFCCC e deve começar a valer a partir de 2020. (MMA/ #Envolverde)
* Edição: Marco Moreira.
** Publicado originalmente no site Ministério do Meio Ambiente.
(Ministério do Meio Ambiente)