(Foto: Raimundo Valentim/Acervo DA)
O Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) chega a recolher até 70 animais silvestres em áreas residenciais, por mês, em diversos bairros da capital. São cobras, jacarés, tamanduás, macacos, em especial os sauins-de-coleira e preguiças, que saem da mata sob o risco de serem atropelados, agredidos ou ferir alguém.
Na Rua 89 do conjunto Nova Cidade, zona norte, a aparição de cobras dentro das casas tem assustados os moradores. A recepcionista Elizabeth dos Santos conta que, na terça-feira passada, a filha dela, uma adolescente de 15 anos, acordou à 1h da madrugada com uma picada de uma cobra na testa. “Foi um susto horrível. Minha filha passou três dias internada no hospital”, disse.
Na casa da comerciante Débora Duarte, também na Rua 89, a entrada de cobras, aranhas caranguejeiras e macacos já não é novidade, mas a família avalia que a aparição dos animas está aumentando gradativamente. Neste endereço há dez anos, Débora afirma que a aproximação de cobras e macacos está mais frequente. “Antes, aparecia uma cobra no quintal a cada três ou quatro meses. Agora, acontece até mais de uma vez em uma mesma semana”.
No bairro Francisca Mendes, às margens de uma Área de Preservação Permanente (APP), moradores relatam que houve cinco incidentes com jiboias em pouco mais de uma semana.
Os animais silvestres que ultrapassam as áreas de fragmentos de florestas enfrentam o perigo de agressão e atropelamento na cidade. O marceneiro Luis Cláudio dos Santos, morador do conjunto Águas Claras, relata que pelo menos uma vez por semana os vizinhos encontram preguiças, periquitos ou macacos atropelados na Avenida das Torres. “Quando o bicho ainda está vivo chamamos o resgate, mas nem sempre é possível salvar”.
A gerente de Fauna do Ipaam, Sônia Canto, afirma que existem motivos diversos para o aumento da aproximação dos animais silvestres do perímetro urbano, como o período de cheia e a pressão do desmatamento, sobretudo em áreas de invasão. A orientação mais comum é a devolução do animal para a mata. “Estamos muito próximos da floresta, muito perto do habitat desses animais. Conforme o espaço deles diminui, seja pela cheia ou pelo desmatamento, é natural que eles busquem novos espaços”, informou.
Para o professor Sérgio Luis Gianizella, do laboratório de zoologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), é preciso redobrar o cuidado no manuseio dos animais silvestres e limpeza do cômodo onde eles passaram.Ele destaca que a convivência com os animais silvestres pode não ser saudável nem para os animais, nem para a comunidade. “Muitas vezes, esses animais vêm da mata trazendo carrapatos, pulgas ou microrganismos que podem ser prejudiciais aos homem”. Gianizella afirma que o mais correto é não tocar o animal diretamente e usar uma luva ou pano para fazer o isolamento caso seja necessário fazer a retirada.
O Batalhão Ambiental da Polícia Militar informou que recebe, em média, quatro pedidos de resgates de animas silvestres por semana. O tenente Torres chama atenção para o aumento da aparição de tamanduás: foram dez, nos últimos quatro meses. “Essa elevação dos números se deve ao fato das invasões e desmatamentos das áreas onde esses animais vivem. Sem ter para onde ir, os tamanduás acabam indo parar em avenidas ou áreas residenciais de Manaus”, afirmou.
O Ipaam atende pedidos de resgate de animais pelo número 2123-6761. O Batalhão Ambiental também atende este tipo de chamadas, por meio do 98118-1414. O Corpo de Bombeiros também tem competência para atuar, por meio do 193, e o Ibama, pelo telefone 3878-7100/7124.
Fonte: D24am
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