Nasa 300x217 La Niña seria a explicação para a desaceleração do aquecimento global
Imagem: Forte La Niña registrada em 2010 / NASA
Fenômeno, que age resfriando as águas do Oceano Pacífico, aconteceu com bastante frequência desde 1998, por isso as temperaturas médias do planeta subiram tão lentamente, afirmam pesquisadores.
O planeta tem registrado uma curva crescente nas temperaturas médias, porém, nos últimos 15 anos, a tendência de aumento se deu a taxas menores do que era esperado pelas modelagens climáticas. Esse fato tem servido de munição para os que contestam a influência das atividades humanas no clima global, já que as emissões de gases do efeito estufa cresceram durante todo esse período.
Agora, um novo estudo, publicado nesta quarta-feira (28) na Nature, pode ter encontrado a resposta para a desaceleração do aquecimento global.
Segundo pesquisadores do Instituto Scripps de Oceanografia, em San Diego, Estados Unidos, a maior ocorrência da La Niña, que resfria as águas do Oceano Pacífico, explicaria por que as temperaturas médias deixaram de subir tão rapidamente quanto nas décadas de 1990 e 1980.
Vale destacar que a década de 2000 a 2010 foi a mais quente registrada desde a Era Industrial e que 12 dos 14 anos mais quentes se deram depois da virada do milênio. Portanto, o que se questionava não é se o planeta estaria esfriando, apenas que o aquecimento por algum motivo estava acontecendo a uma taxa menos acelerada do que o previsto.
“Nossos resultados mostram que o atual hiato é parte da variabilidade climática natural, especialmente relacionada com a La Niña. Apesar de que algo semelhante possa acontecer novamente no futuro, a tendência de aquecimento muito provavelmente continuará com o aumento de gases do efeito estufa na atmosfera”, afirmaram os autores do estudo, Yu Kosaka e Shang-Ping Xie.
A última vez que o Pacífico havia estado tão gelado teria sido entre 1940 e 1970, o que também coincidiu com uma queda no ritmo do aquecimento global.
Os dois pesquisadores testaram sua teoria em um modelo climático dinâmico, que mede, além dos efeitos dos gases do efeito estufa, os registros das temperaturas da superfície do Pacífico Oriental.
A conclusão do estudo é justamente que a La Niña pode ser sim a resposta que os climatologistas estavam esperando para poder explicar a desaceleração do aquecimento global.
Infelizmente, o novo estudo chega um pouco tarde para ser incluído no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que será divulgado no começo de setembro.
Em um dos trechos recentemente vazados pela imprensa internacional, o documento reconhece apenas com “média confiança” o papel da absorção do calor pelos oceanos para explicar a desaceleração do aquecimento global.
O IPCC aponta que outras variáveis naturais podem ter também um papel, como a maior atividade vulcânica nos últimos 15 anos, que dispersou partículas na atmosfera que refletem a luz do sol de volta para o espaço.
Citação: Kosaka, Y. & Xie, SP. – Recent global-warming hiatus tied to equatorial Pacific surface cooling, Nature (2013) doi:10.1038/nature12534.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil. 
(CarbonoBrasil)