Internet das Coisas: Controle Total Disfarçado de Conveniência e Status
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Internet das Coisas: Controle Total Disfarçado de Conveniência e Status



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Os avanços da tecnologia não deveriam ser arriscados. Os consumidores devem exigir que a sua privacidade e a sua segurança sejam protegidas.

Imagine um mundo onde você está conectado a qualquer coisa onde e quando quiser. Imagine um mundo onde você não tem que pensar sobre o que você quer, porque a Internet das Coisas (IdC) está aí para pensar por você.

Os proponentes de uma sociedade onde todo mundo está conectado a tudo, o tempo todo, são a conveniência e a conectividade contínua que, supostamente, tornarão sua vida mais fácil e mais agradável.


Os detalhes que esses defensores costumam deixar de fora são a segurança e a privacidade e, quando são mencionados, são dispensados como sem importância ou são tratados como algo que se resolverá por si.

Na verdade, o único impedimento que os proponentes da IdC vêem como um obstáculo à sua aquisição completa é o preço. Eles destacam como o hardware utilizado para nos manter conectados hoje em dia é inovador, mas, também, como as pessoas se recusam a pagar preços elevados por tais serviços.

Ser parte da IdC está na moda. “As pessoas estão se conectando com produtos e serviços nos dias de hoje não apenas por aquilo que fazem, mas pelo que dizem sobre eles. A tecnologia está se tornando tanto um assunto de identidade pessoal quanto de hardware e silício “, diz Christopher Caen.

De acordo com Caen, no futuro, conveniência e utilidade vão superar preço. Ele diz que as preocupações com preço “não levam em conta a conveniência, valor ou, mais importante, o poder da identidade.”

Ele está certo. Muitas pessoas compram coisas não porque precisam ou porque são baratas, mas porque está na moda. Há uma série de exemplos que podemos citar: smartphones, fones de ouvido, carros, roupas e muito mais. Portanto, aqueles que procuram impor o controle total sobre a população podem contar com a ignorância e o vazio de uma grande maioria que vão fazer qualquer coisa para conseguir o mais recente eletrônico para mostrar que estão na moda.

A idéia usada por aqueles que são a favor da IdC é que, como Caen aponta, “todo esse hardware fabuloso será centrado em você, seus dados e sua identidade.” Se você acha que selfies são um sinal de egocentrismo e arrogância, espere até que milhões de idiotas percebam que há um novo nirvana esperando por eles. De acordo com Caen, é sobre a tecnologia ser capaz de nos cheirar, nos sentir e fazer tudo o que gostamos. É um orgasmo tecnológico.

E quanto à segurança e privacidade?

Enquanto os loucos por tecnologia salivam enquanto esperam que o seu carro os cumprimente cada vez que entrem, avisem a temperatura certa para a cabine ou a velocidade em devem dirigir, as pessoas que ainda querem ter o comando total de suas vidas estão preocupadas com dois aspectos que são verdadeiros problemas quando se trata da Internet das Coisas.

Falta de segurança e violações de privacidade são dois fatos muito reais que impedem as pessoas de embarcarem no trem da alegria da Internet das Coisas.

Aparelhos domésticos com termostatos inteligentes, geladeiras e máquinas de lavar. Dispositivos de segurança, como câmeras de segurança em casa e babás eletrônicas e dispositivos de saúde, como bombas de insulina e aparelhos de marcapasso. E todos nós sabemos dos rastreadores fitness e relógios“, explica Cate Lawrence.

Todos os dispositivos acima citados foram comprovados inseguros. Alguns deles foram hackeados e, no caso dos rastreadores fitness e dos relógios, eles “compartilhavam” informações pessoais com seus fabricantes sem o consentimento dos usuários.

De acordo com Lawrence, “há casos notificados de pais descobrindo hackers observando e conversando com seus filhos durante a noite.” Em Nova York, o Departamento de Assuntos do Consumidor investigou a falta de segurança de monitores de bebê. Intimações foram emitidas a quatro fabricantes de monitores de vídeos de bebê e a Comissão Federal de Comércio emitiu alertas sobre violações de segurança desses dispositivos.

Há uma abundância de dispositivos sem câmeras que são vulneráveis a ataques. Do Toyota Prius a bombas de insulina e chaleiras wi-fi. Alguns são hackeados somente para demonstrar que é possivel fazê-lo em vez de malícia, mas ainda é coisa séria “, revela Lawrence.

Drones, os veículos aéreos não tripulados, usados tanto para fins recreativos e militares, foram hackeados. O que mais as pessoas que descartam preocupações de segurança e privacidade precisam como prova para iniciar um fórum adequado para a discussão? “Não é absurdo que uma pessoa que compre um dispositivo e o utiliza de acordo com as instruções do fabricante tenha o direito de privacidade, segurança e uma garantia de ser livre de hackers”, insiste Lawrence.

Enquanto a maioria dos que seguem a moda concentram sua atenção na conveniência e no status que vão ganhar por possuir um dispositivo conectado à IdC, eles são completamente alheios à  sua falta de segurança e privacidade. Nem mesmo a existência de legislação que pede que os fabricantes criem dispositivos com uma garantia de segurança e privacidade tem sido suficiente para fazer tais questões relevantes. Um relatório publicado pela Comissão Federal do Comércio em 2015 já pede que os fabricantes forneçam a segurança mínima e privacidade para os usuários:

* Construir a segurança em dispositivos no início e não como uma reflexão tardia no processo de desenho;
* Quando um risco de segurança é identificado, considerar uma estratégia de “defesa em profundidade”, pelo qual várias camadas de segurança podem ser usadas para se defender contra um risco particular;
* Considerar medidas para manter os usuários não autorizados a acessarem o dispositivo de um consumidor, dados ou informações pessoais armazenadas na rede;
* Monitorar dispositivos conectados em todo o seu ciclo de vida e, sempre que possível, fornecer correções de segurança para cobrir os riscos conhecidos.

Lawrence fornece um exemplo claro de negligência do fabricante quando se trata de respeito de privacidade e falta de segurança:

A Comissão Federal de Comércio apresentou uma queixa contra a fabricante de câmera de segurança TrendNet por, supostamente, apresentar, erradamente, seu software como “seguro”. Na sua denúncia, a Comissão alegou, entre outras coisas, que a empresa transmitiu credenciais de login de usuário em texto simples através da Internet, armazenou as credenciais de login em texto claro nos dispositivos móveis dos usuários e não testou as configurações de privacidade dos consumidores para garantir que vídeos marcados como “privado” seriam, de fato, privado".

No caso da TrendNet, hackers conseguiram acessar os dispositivos em transmissões ao vivo, bem como câmeras de vigilância privadas mantidas por indivíduos em suas casas.

Talvez, algo pior do que a falta de regras para os fabricantes é a intervenção do governo decidindo o que é seguro e o que não é. A lei de Segurança e Privacidade em seu carro (SPY Car) permite que o governo estabeleça padrões, através de um sistema de classificação, sobre como um carro ‘protege os passageiros “. Tal legislação é mais um passo para deixar a inteligência artificial (IA), não um ser humano, decidir o que é melhor.

Entre muitas das recomendações previstas na lei estão:

* Exigência de que todos os pontos de acesso sem fio no carro estejam protegidos contra ataques de hackers, avaliados por meio de testes de penetração;
* Exigência de que todas as informações coletadas estejam devidamente protegidas e criptografadas para impedir o acesso indesejado; e;
* Exigência de que o fabricante seja capaz de detectar, comunicar e responder a eventos de hackers em tempo real.
* A partir de hoje, nenhum fabricante de dispositivos pode alegar que os seus produtos são completamente seguros de pirataria ou vigilância ilegal, o que torna irônico que o governo peça exatamente isso às empresas.

Então, qual é o perfil do usuário das atuais formas de tecnologias da Internet das Coisas?

Quando entrevistado sobre o papel da IfThisThenThat (IFTTT), a ferramenta popular que permite que os dispositivos se conectem à internet para realizar uma tarefa simples, Linden Tibbets, o presidente e co-fundador, explicou que as pessoas que o usam geralmente procuram maneiras criativas para controlar seus dispositivos e ter a capacidade de adaptar o ambiente às suas necessidades.

Neste momento, é, geralmente, alguém que está procurando obter algo mais dos serviços que têm. Pessoas que têm alguma experiência profunda com um ou dois ou três serviços individuais, tais como Gmail ou Google Calendar, Facebook, ou, talvez, alguém grande em esportes e ESPN”, disse Tibbets.

Quando perguntado sobre o futuro da IFTTT e outras ferramentas à medida que se tornam parte da Internet das Coisas, Tibbets explicou que o movimento é em direção da chamada SmartHome. “A SmartHome é incrivelmente popular e nós vamos ver uma tonelada de canais conectados. Temos, agora, mais de 70 canais de SmartHome conectados, mas vamos ver esse número explodir … A SmartHome é um pequeno pedaço da excitação geral em torno da Internet das Coisas", confessa.

Uma casa que está conectada à internet através de sensores ou aparelhos é a instância ideal para hackers e agências governamentais com poder ilimitado para vigiar aqueles que decidam adotar a Internet das Coisas como o futuro da vida e sociedade. Tibbets explicou que o objetivo de sua empresa é “permitir experiências agradáveis para seus consumidores”.

Não se engane, estar conectado à internet durante todo o dia não é somente conveniente; é um sonho para qualquer um que aprecia a tecnologia. No entanto, aqueles que procuram viver o resto de suas vidas conectado à Internet das Coisas precisam entender que não há necessidade de abdicar de sua privacidade ou segurança em troca de comodidade, conforto ou conectividade contínua.

Os avanços da tecnologia não têm que ser arriscados. Depende dos consumidores exigirem que a sua privacidade e a sua segurança sejam protegidas.

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Fontes:
- The Real Agenda; Internet das Coisas: Controle Total Disfarçado de Conveniência e Status 




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