Vídeo revela abusos em fazendas de peles na Finlândia
25 de fevereiro de 2014
(da Redação da ANDA)
A cruel tendência do uso de peles foi alavancada nos últimos anos. O retorno do produto nas passarelas levou uma organização de proteção animal a realizar gravações secretas em fazendas de peles finlandesas, que revelam o sofrimento por trás desse produto. O vídeo foi captado em três estabelecimentos, fornecedores da Saga Furs, com sede perto da capital Helsínquia. As informações são do Daily Record.
Além da raposa-do-ártico, a raposa vermelha e a de prata também são exploradas na região. São centenas de animais confinados em pequenas gaiolas sujas. Muitos deles apresentam infecções oculares e outros são tão obesos que mal conseguem se mover. Tudo em nome da moda.
Quando as raposas atingem o tamanho certo, são eletrocutadas, suas peles são removidas e vendidas para marcas de moda de luxo por até £ 165 cada. A Saga Furs é uma das maiores fornecedoras de peles da Europa, entre seus clientes estão Burberry, Marc Jacobs, Fendi e Gucci. A pele irá adornar os ombros de modelos como Cara Delevingne em desfiles e depois acabam nos guarda-roupas das pessoas mais ricas do mundo. Seus produtos podem ser vistos em filmes recentes, incluindo O Grande Gatsby. Mas a realidade está longe do mundo de luxo retratado.
Cara Delevingne desfila para a marca Fendi em Milão
No vídeo, feito em novembro por uma equipe de direitos animais, as raposas aparecem apáticas e apertadas em gaiolas minúsculas com pelos, fezes e pedaços de alimentos. Um membro da equipe, que pediu para não ser identificado, disse: “O cheiro é uma mistura de excremento puro, de urina e dos próprios animais. Os uivos e latidos fazem o lugar parecer um horror de onde não se pode fugir. Quando você olha nos olhos dos animais, você sente a vida por trás deles. É de partir o coração.”
Thomas Pietsch da ONG britânica Four Paws, que divulgou o filme, disse: “As imagens mostram fazendas de peles na Finlândia certificadas pela Saga. Os animais não têm espaço para se mover. Eles têm infecções oculares e alguns não têm caudas, o que pode ser um sinal de canibalismo. As raposas nascem em uma gaiola, passam sete meses lá dentro e, em seguida, são mortas. Isso é tudo o que sabem para suas vidas inteiras.”
O site Saga Furs diz que a empresa opera sob “rígidos padrões de qualidade” e que “o bem-estar animal é especialmente importante.” Mas o Sr. Pietsch diz: “Uma raposa na natureza vai correr 12 km por dia, o que dá uma ideia do quanto esses animais sofrem. Os animais comem uma mistura de polpas. Suas necessidades comportamentais básicas são ignoradas porque, como carnívoros, raposas têm uma forte motivação para morder sua comida. Aqui elas só podem lamber. Nenhum animal deve ser mantido para peles. É um produto de moda que ninguém precisa e fácil de substituir.”
A cruel tendência voltou com força, apesar de uma campanha de sucesso na década de 1990 liderada pela PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) e estrelada por supermodelos, que dizia: “Eu prefiro ficar nua do que usar peles.”
Agora produtos de pele são vistos em pessoas famosas, incluindo Cara Delevingne, Jourdan Dunn e Kate Moss. Um estudo realizado pelo blog fashionista.com revelou que 70% dos estilistas usaram peles em seus desfiles no último outono. A Saga Furs confirmou que um casaco Fendi que Cara usou em Milão no ano passado é de produção deles. O valor do mercado de peles global em 2011-12 foi avaliado em £9 bilhões, um aumento de 44 % em 10 anos.
Um porta-voz da PETA disse: “Matar animais para pele é ainda mais repugnante do que era então, uma vez que todo mundo já viu as denúncias. Sufocar, bater ou eletrocutar animais e, em seguida, rasgar a pele de suas costas nunca vai estar na moda. Uma pesquisa recente aponta que 95 % dos britânicos nunca usaria pele verdadeira, e é por isso que empresas como H&M, Topshop, New Look e All Saints têm políticas estritas e não comercializam este produto.”
O Mirror aproximou as marcas Fendi, Alexander McQueen, Marc Jacobs e Gucci, mas elas não se manifestaram.Um porta-voz da Burberry disse : “A pele representa menos de 1% da nossa oferta de produtos. Como uma marca de luxo, há ocasiões em que o uso de peles naturais será considerado importante para o design e estética de uma roupa. Nós escolhemos a fonte de peles naturais com muito cuidado, a partir de fornecedores que são regidos por elevados padrões de bem-estar animal, de acordo com a nossa política de comércio ético.” Mas o Four Paws afirma que não há tal coisa como o uso ético de peles.
“Espero que as pessoas vejam estas imagens e decidam não comprar peles. Não há uma “boa” fazenda de peles, como algumas marcas reivindicam. A compra de pele é sempre cruel”, afirmou Sr. Pietsch.
Nota da Redação: Segundo pesquisa do Move Institute, no Brasil, as marcas Zara, Carmin, M. Officer, Lilly Sarti, Daslu, Pedro Lourenço, Reinaldo Lourenço, Huis Clos, Fause Haten, Carlos Miele, Animale, Victor Dzenk, Jefferson Kulig, Guaraná Brasil, Cris Barros, Carina Duek, Mixed, Brooksfield Donna e Confraria Studio apoiam o sofrimento de animais em nome da moda. Há no país, principalmente, criação de coelhos e chinchilas para esse fim. Assine a petição contra a importação e exportação de peles no Brasil.
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