residentes Iluminação solar pública no Caribe
Moradores de São Cristóvão e Neves aplaudem a iluminação solar em lugares que antes eram muito escuros e propensos à ocorrência de crimes. Foto: Desmond Brown/IPS

Basseterre, São Cristóvão e Neves, 7/2/2013 – A pequena federação de São Cristóvão e Neves e seu grande vizinho do norte, a Jamaica, encabeçam no Caribe a busca por novas formas de melhorar a eficiência energética com iluminação solar pública, uma alternativa verde e não tradicional. Este projeto é uma iniciativa entre o governo de Denzil Dougas, de São Cristóvão e Neves, e o de Taiwan. Os dois territórios mantêm relações diplomáticas há 28 anos. E este país é um dos poucos da Comunidade do Caribe (Caricom) que tem relações com Taiwan, enquanto a maioria possui vínculos com a China.
“No ano passado, conseguimos colocar painéis solares no telhado de organismos governamentais, bem como iluminação inteligente com LED na Avenida Kim Collins e na Rua Frigate Bay”, disse à IPS o embaixador de Taiwan em Basseterre, Miguel Tsao. “Estes empreendimentos são significativos e importantes. Os projetos começaram com nosso esforço conjunto para ter acesso à ilimitada fonte de energia limpa”, acrescentou.
Em lugar de depender das fontes fósseis, Tsao espera que a população faça sua parte para aproveitar esta alternativa renovável e dessa forma ajudar a tornar realidade a perspectiva de um país insular verde, no norte antilhano. Também afirmou que há outras iniciativas importantes previstas, como a criação da primeira fazenda solar e o início da segunda fase de uma Fazenda de Demonstração Agroturística, no começo deste ano.
A luz solar foi instalada pela companhia Speed Tech Energy, de Taiwan. “É um projeto único, chamado Cobra. O poste é de aço maciço e pode resistir a ventos de até 250 quilômetros por hora”, explicou à IPS o gerente-geral da companhia, Lucas Chiu. Os painéis solares convertem a luz do Sol em eletricidade durante o dia, e também a armazenam em baterias. Chiu detalhou que, nos dias nublados ou chuvosos, as baterias são carregadas entre 15% e 30% de sua capacidade. As luzes podem funcionar (acesas por 13 horas cada uma), mesmo em períodos de vários dias seguidos de chuva.
Orville Liddie, morador local de 29 anos, disse à IPS que durante anos não houve iluminação em certas áreas, e afirmou que a luz solar não poderia ter sido instalada em melhor hora. “É um benefício para as comunidades onde elas foram colocadas porque antes havia locais extremamente escuros”, afirmou. “Sou motorista e sempre me preocupou a possibilidade de alguém fechar a rua bloqueando a passagem, ou que houvesse acidentes muito graves. Especialmente me preocupavam os motoristas de ônibus, porque podiam ser levados por criminosos armados com revólver ou faca, para lugares escuros”, argumentou Liddie.
Neves, a menor das ilhas desta federação, também prova aos seus vizinhos da Organização de Estados do Caribe Oriental (Oeco) que é líder em matéria de energia limpa e eficiente, bem como na redução de custos, apesar de sua pequena população e superfície. Em 2010, esta pequena ilha de 13 quilômetros de comprimento e com apenas 12 mil habitantes lançou a primeira fazenda eólica construída dentro da Oeco, com a promessa de oferecer emprego à população, de ser uma fonte confiável de energia eólica, de fornecer eletricidade mais barata e de reduzir a sobrecarga e o uso do petróleo importado.
A ilha foi elogiada por funcionários da Iniciativa de Mudança Climática Bill Clinton, por seus esforços para uma “Neves Verde”. Uma delegação da Iniciativa Clinton, liderada pelo conselheiro Jan Hartke e o embaixador Paoli Zampolli, visitou a ilha e se reuniu com autoridades para conversar sobre o trabalho já realizado para passar da energia fóssil para fontes alternativas.
“Estamos encantados em ver como o governo encabeça e mobiliza esforços para levar a energia geotérmica a Neves, e ajudaremos assessorando para que as fontes alternativas sejam uma realidade na ilha”, afirmou Hartke. Ele também informou que a Iniciativa Clinton pretende baixar a enorme tarifa de eletricidade nas ilhas pequenas, mediante recursos alternativos com ajuda das energias eólica e solar, entre outras.
A Jamaica implanta sua iniciativa de poupança de energia mediante a iluminação solar pública, junto com a empresa de soluções de engenharia e tecnologia Green Energy RG LLC, com sede nos Estados Unidos. Um comunicado do governo desse país diz que o objetivo é reduzir significativamente o custo que representa no orçamento jamaicano a manutenção dos 93 mil pontos de iluminação pública no país, que chega a 2 bilhões de dólares jamaicanos (mais de US$ 2 bilhões) ao ano.
O primeiro grupo de led solar foi instalado em 8 de janeiro, em Osbourne Store, uma comunidade do distrito de Clarendon. “Esperamos poder instalar esta iluminação em todo Clarendon, bem como em outras partes da Jamaica. Acreditamos também poder completar o programa até meados do ano e, depois, poderemos avaliar os resultados e determinar o que vamos fazer”, declarou o ministro de Desenvolvimento Comunitário e de Governo Local, Noel Arscott.
Arscott acrescentou que na fase-piloto serão instalados cinco mil painéis de led em Clarendon, bem como em partes de Saint Catherine, Kingston e Saint Andrew. Além disso, informou que os escritórios do Ministério em Hagley Park Road, na capital, serão modernizados com soluções de economia de energia. Envolverde/IPS