No tradicional pronunciamento Estado da União, o presidente norte-americano declarou estar disposto a adotar, mesmo sem o apoio do Congresso, medidas para reduzir as emissões e prometeu incentivar as fontes renováveis.
Com o nordeste dos Estados Unidos ainda sob a neve da tempestade Nemo, o mais recente evento climático extremo a atingir a região, que mal teve tempo de se recuperar da super tempestade Sandy, o presidente norte-americano dedicou boa parte do discurso Estado da União, realizado anualmente desde 1934, para as questões climáticas e energéticas.
“Precisamos fazer mais para combater as mudanças climáticas. É verdade que um único evento não aponta uma tendência, mas o fato é que os 12 anos mais quentes da história aconteceram nos últimos 50 anos. Ondas de calor, secas, incêndios e enchentes são agora mais intensos e frequentes. Podemos escolher acreditar que a super tempestade Sandy, a mais severa seca em décadas e os piores incêndios já registrados em alguns estados são apenas incidentes bizarros ou podemos escolher acreditar no julgamento esmagador da ciência e agir antes que seja tarde demais”, afirmou Obama.
O discurso assumiu então o tom de um ultimato, com o presidente deixando claro que, de um jeito ou de outro, as ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas sairão do papel.
“Se o Congresso não agir em breve para proteger as futuras gerações, eu vou. Irei pedir para meu gabinete para formular ações executivas que possamos tomar, agora e no futuro, para reduzir a poluição, preparar nossas comunidades para as consequências das mudanças climáticas e acelerar a transição para fontes mais sustentáveis de energia”, declarou.
Renováveis
Para conseguir limitar as emissões de gases do efeito estufa e ainda promover a geração de empregos e o crescimento econômico, a grande aposta de Obama são as fontes alternativas de energia.
“No ano passado, a energia eólica acrescentou quase metade de toda a nova capacidade elétrica nos Estados Unidos. Países como a China estão adotando estratégias de investir em todas as fontes, nós devemos fazer o mesmo”, disse.
Segundo a Associação de Energia Eólica dos Estados Unidos (AWEA), o setor instalou mais 13,1GW em 2012, um recorde anual, e elevou a geração eólica do país para 60GW.
O discurso de Obama veio acompanhado da expansão dos créditos para desenvolvedores de iniciativas renováveis.
Os Departamentos de Energia e do Tesouro confirmaram que mais US$ 150 milhões estarão disponíveis na forma de redução de impostos e serão destinados para empresas promovendo energias limpas ou tecnologias de eficiência energética.
“Desde 2009 esse programa tem dado apoio para as companhias norte-americanas ajudarem na nossa competitividade na corrida global por fontes limpas”, afirmou Steven Chu, que deixou na última semana o cargo de Secretário de Energia.
No entanto, Obama ainda segue disposto a investir também nos combustíveis fósseis para reduzir a dependência dos Estados Unidos das importações.
“Vou encorajar mais projetos de gás natural, responsáveis pela redução no preço dos combustíveis. Mas também quero trabalhar com o Congresso para promover as pesquisas para tornar as fontes tradicionais mais limpas e garantir a proteção de nosso ar e água”, afirmou.
O presidente norte-americano concluiu dizendo que vai criar um Fundo de Segurança Energética com os recursos do petróleo e gás para promover a eficiência energética, principalmente nos veículos.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)