Quando se pensa nos fatores que influenciam o preço dos alimentos, muitas questões devem ser levadas em conta, como clima, políticas de subsídios e cultivo de biocombustíveis.
Tentando quantificar o impacto das mudanças climáticas no preço do milho nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Stanford analisaram o mercado nos últimos anos e fizeram projeções levando em conta um aquecimento de 2°C para as próximas décadas. O que descobriram é que ondas de calor terão um impacto até quatro vezes maior sobre os preços do que se pensava e estão bem a frente do cultivo de biocombustíveis, por exemplo, como um fator contribuinte para a elevação dos preços.
O estudo “Response of corn markets to climate volatility under alternative energy futures”, publicado neste domingo (22) no periódico Nature Climate Change, alerta que a menos que os agricultores adotem variedades mais resistentes ao calor e à falta de água, toda a produção norte-americana ficará à mercê de picos de altas de preços cada vez mais frequentes.
“O calor severo tem sido o maior contribuinte nos preços nos últimos anos, e mesmo um ou dois graus de aquecimento devem ser o suficiente para tornar o mercado muito mais volátil”, afirmou Noah Diffenbaugh, um dos autores do estudo.
O pesquisador disse estar surpreso com o resultado da pesquisa, já que imaginava que a divisão entre os fatores que influenciam o preço seria mais equilibrada.
“Francamente, eu não acreditava que o clima seria tão mais importante do que as políticas de biocombustíveis”, completou.
Porém, o estudo salienta que é preciso agir com racionalidade com a questão do etanol feito de milho, já que se existisse mais milho destinado à alimentação, a alta dos preços não seria tão rápida e surpreendente.
Os pesquisadores alertam ainda que é preciso preparar a transferência das áreas de cultivo para o norte.
“Quando os estudantes que hoje estão no ensino fundamental se formarem na universidade, o ‘cinturão de milho’ dos Estados Unidos já pode ser forçado a se deslocar para a fronteira com o Canadá para escapar das ondas de calor”, concluiu o estudo.
* Publicado originalmente no CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)