Está acabando o tempo para salvar oceanos
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Está acabando o tempo para salvar oceanos


Cerca de 600 cientistas de todo o mundo observaram os oceanos, sua flora e fauna, e as formas como os seres humanos se beneficiam deles, bem como os impactos que provocam.
Por Thalif Deen, da IPS – 
Nações Unidas, 9/9/2015 – A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma nova advertência ambiental: está acabando o tempo para evitar a degradação paulatina dos oceanos e a destruição generalizada da vida marinha. Em sua primeira avaliação exaustiva sobre o estado dos oceanos, a ONU afirma que toda demora na aplicação de soluções para os problemas que já foram identificados como uma ameaça, que degradará essas massas de água, provocará, desnecessariamente, maiores custos ambientais, sociais e econômicos.
A apresentação da primeira Avaliação Mundial dos Oceanos ao Grupo de Trabalho Especial da Assembleia Geral da ONU acontece em sua sessão que começou ontem e vai até o dia 11. O estudo determinou que não se conseguirá o uso sustentável dos oceanos a menos que a gestão de todos os setores das atividades humanas que os afetam seja coerente. “Os impactos humanos sobre o mar já não são de menor importância em relação à escala global dos oceanos. É necessário um enfoque global e coerente”, recomenda o informe.
Segundo a ONU, o documento constitui a primeira vez que especialistas cientistas avaliam os conhecimentos atuais sobre os aspectos químicos, biológicos, econômicos, físicos e sociais da questão, de uma perspectiva global e integrada. Com a direção dos 22 integrantes do chamado Grupo de Especialistas, cerca de 600 cientistas de todo o mundo observaram os oceanos, sua flora e fauna, e as formas como os seres humanos se beneficiam deles, bem como os impactos que provocam.
Os especialistas examinaram uma ampla gama de questões que afetam os ecossistemas oceânicos e a biodiversidade marinha, como a mudança climática, a cobertura de gelo, a frequência das tempestades, a acidificação das águas, as atividades realizadas em terra, as práticas de pesca não sustentáveis, os transportes, as espécies invasoras não autóctones, as indústrias de hidrocarbonos de alto mar e os dejetos marinhos. “E descobriram que os oceanos do mundo estão em um estado muito ruim”, segundo a ONU.
John Tanzer, diretor do Programa Global Marinho do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), disse à IPS que o informe da ONU é “outra prova importante de que a saúde de nossos oceanos e sua base econômica sofrem uma ameaça grave, e que temos de partir para a ação imediata”. A aplicação da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e a negociação de um novo acordo climático apresentam grandes oportunidades para que os governos, as empresas e comunidades trabalhem juntos em apoio aos oceanos e à população mundial que depende do mar para sua segurança alimentar e meios de vida, acrescentou.
Segundo as Nações Unidas, os oceanos representam mais de 70% da superfície terrestre. Mais de 3,5 bilhões de pessoas dependem deles para sua alimentação, energia e renda. Ao proteger os recursos naturais e culturais dos oceanos, as zonas marinhas protegidas têm um papel central na abordagem de alguns dos maiores desafios de desenvolvimento de hoje, como a segurança alimentar e energética, a pobreza e a mudança climática.
Em junho, a Assembleia Geral aprovou uma resolução destinada à redação de um tratado internacional juridicamente vinculante para a conservação da biodiversidade marinha, para reger as zonas de alto mar além das jurisdições nacionais. A resolução foi consequência de mais de nove anos de negociações por um Grupo de Trabalho especial, que se reuniu pela primeira vez em 2006.
Se o tratado for aprovado, será o primeiro de seu tipo no mundo a incluir medidas de conservação, como as áreas marinhas protegidas e as reservas, as avaliações de impacto ambiental, o acesso aos recursos genéticos marinhos, a distribuição de benefícios, a criação de capacidades e a transferência de tecnologia marinha.
A Aliança de Alto Mar, integrada por 27 organizações não governamentais, teve um papel importante no impulso das negociações sobre o tratado proposto desde 2011. Um estudo publicado em abril pelo WWF calcula que as riquezas sem explorar dos oceanos chegam a US$ 24 bilhões, o tamanho das principais economias do mundo. Esse estudo qualifica os oceanos como potências econômicas e alerta que a superexploração, o uso indevido e a mudança climática estão afetando rapidamente os recursos de alto mar.
“Os oceanos rivalizam com a riqueza dos países mais ricos do mundo, mas se está permitindo que afundem nas profundezas de uma economia falida”, disse Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional. “Como acionistas responsáveis, não podemos ver com seriedade a extração imprudente dos valiosos ativos do oceano sem investir em seu futuro”, acrescentou.
Comparados com as dez principais economias do mundo, os oceanos ficariam em sétimo lugar com um valor anual de produtos e serviços da ordem de US$ 2,5 trilhões, segundo o estudo do WWF. Envolverde/IPS




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