Especismo e ecocídio: 100 milhões de tubarões mortos por ano, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
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Especismo e ecocídio: 100 milhões de tubarões mortos por ano, artigo de José Eustáquio Diniz Alves



Finning: Ibama apreende mais de 5 toneladas de barbatanas de tubarão no RN, 21/10/2012
Finning: Ibama apreende mais de 5 toneladas de barbatanas de tubarão no RN, 21/10/2012

[EcoDebate] O especismo é uma discriminação humana contra as outras espécies. Entre as agressões mais cruéis contra os animais sencientes está a prática do “Finning” – que é a captura e o corte das barbatanas do tubarão ainda vivo, sendo que, após a amputação, o resto do animal é jogado ao mar, onde, depois de muito sofrimento, acaba morrendo. As pessoas, em geral, têm medo de tubarão, mas são os tubarões que têm muitos motivos para temer os humanos.
A cada ano, cerca de 100 milhões de tubarões são mortos por esta prática cruel que causa tantos danos às suas populações. As barbatanas de tubarão são consideradas uma iguaria em algumas partes do mundo, principalmente no leste asiático. Em Hong Kong, por exemplo, uma sopa de barbatana de tubarão pode chegar a valer 100 dólares, tornando este tipo de pesca um grande negócio para os pescadores. Com o crescimento demográfico e a ascensão social de crescentes contingentes de asiáticos, esta prática vem se tornando cada vez mais comum.
Recentemente, alguns países, como os Estados Unidos da América (EUA), já proibiram o “finning” de tubarões. Mas este crime de especismo é muito difícil de ser evitado em outros locais, principalmente porque os tubarões não possuem fronteiras nacionais, pois são “senhores” dos oceanos, mas ironicamente são escravos da maldade humana. O “finning” continua sendo praticado em muitas partes do mundo, em especial, nos pontos extremos, como a América do Sul e a Austrália, contribuindo para o declínio das diversas espécies. O tubarão-azul, por exemplo, está em grave perigo de extinção, pois estima-se que 90% das barbatanas retiradas são desta espécie.
A sopa de barbatanas é um prato tradicional chinês, que a cultura antropocêntrica diz ser afrodisíaca e trazer sorte e inúmeros benefícios à saúde. Atualmente, é servida principalmente em casamentos e outras celebrações. Cerca de um terço de todo o consumo anual é feito no ano novo chinês.
Mas por meio da mobilização e da luta de ONGs e ambientalistas junto a restaurantes e grandes hotéis ao redor do mundo, a maior cadeia de hotéis na Ásia, Shangri-La, com mais de 72 hotéis, retirou os pratos à base de barbatanas do cardápio antes das festividades de casamento e de ano novo.
Além da mobilização dos defensores do meio ambiente e da biodiversidade, é preciso criar uma lei internacional condenando a matança de tubarões como mais um tipo de crime contra o ecosistema. Interromper a eliminação dos tubarões é mais uma forma de luta para erradicar o ecocídio da face da Terra.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: [email protected]
EcoDebate, 07/11/2012




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