Bager defende a construção urgente de passagem na BR 101, no Rio de Janeiro, na área habitada pelo mico leão dourado.
Cerca de 17 animas silvestres vertebrados são mortos por atropelamento nos 1,7 milhões de quilômetros de estradas brasileiras a cada segundo. Em uma estimativa subestimada, a fauna brasileira perde 475 milhões de indivíduos mortos por carros, caminhões e ônibus por ano. Estes foram alguns dos dados apresentados nesta quinta-feira (9), em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a pedido do deputado Ricardo Izar (PSD-SP).
De acordo com o parlamentar, estima-se que 390 milhões são pequenos animais como sapos, cobras, aves e mamíferos de pequeno porte, 55 milhões são animais como lebres, gambás, macacos, jiboias, tartarugas, entre outros, e 5 milhões são de grandes animais, tais como onças, onças-pardas, lobo-guará, tamanduá-bandeira, lontras, canídeos e outros felinos de várias espécies.
O professor e pesquisador da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e coordenador do Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE), Alex Bager, disse que estes números são apenas estimados e podem estar muito aquém da realidade.
Em comparação, Bager disse que nos Estados Unidos, onde este monitoramento é mais preciso, cerca de 340 milhões de aves silvestres são atropeladas por ano. “E os EUA possuem 880 espécies de aves. Nós possuímos 1.700 espécies. A verdade é que nós não sabemos o que está havendo no Brasil. Não conhecemos nem mesmo o resultado dos trabalhos realizados para mitigar estes desastres”, disse.
Segundo o pesquisador, não é apenas a sobrevivência destes animais que está em jogo pela falta de um maior cuidado ecológico nas nossas estradas, mas a vida humana. “Registram-se mais que 13 mil acidentes por ano com mortos e feridos envolvendo animais silvestres”, disse Bager.
Comportamento de animais
O parlamentar observa ainda que algumas pesquisas têm relatado que a presença da rodovia afeta o comportamento de animais, sendo que alguns evitam a rodovia devido às perturbações do tráfego (ruído, produtos químicos, luminosidade); outros permanecem na borda da rodovia, sem levar em conta o tráfego; e por fim, os animais que somente evitam a rodovia quando há algum carro trafegando.
“De todos os impactos, o atropelamento é o mais evidente. E este pode afetar a demografia das populações e a estrutura de comunidades. As características das estradas, do tráfego e outros fatores, como o padrão da paisagem espacial, o clima da região e a sazonalidade podem influenciar na determinação dos locais e taxas de atropelamento”, afirma Ricardo Izar.
Custos de passagens subterrâneas
A gerente do Núcleo de Meio Ambiente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Janice Cabus, observou que, além do aspecto ecológico, é preciso observar também o econômico. O custo de uma passagem inferior de fauna, que permite a migração segura dos animais de um lado a outro da estrada, aumentaria o custo e a manutenção destas estradas em milhares de reais. Custo que de teria de ser repassado aos usuários por meio de pedágios.
O representante da Universidade Federal de Lavras concordou que estas passagens pedem muitas pesquisas e áreas exaustivamente estudadas. “Nós temos pelo menos um caso que pede urgência – disse – É na BR 101, no Rio de Janeiro, em área habitada pelo mico leão dourado. Precisamos gerar conectividade para estas populações”, assinalou Bager.
Fonte: Cenário MT
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