Especialista faz alerta sobre ameaças à agricultura de conservação
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Especialista faz alerta sobre ameaças à agricultura de conservação


Manejo adequado e adoção integral de técnicas da agricultura de conservação são essenciais para a preservação do solo. A mensagem foi reforçada pelo consultor e pesquisador Rolf Derpsch na conferência “Sistemas conservacionistas de produção: como assegurar a sua sustentabilidade?”, que iniciou os trabalhos da 3ª Reunião Paranaense de Ciência do Solo, na manhã de ontem.




Amparado por uma vasta experiência como consultor e pesquisador, Rolf Derpsch lançou um alerta sobre a necessidade da adoção adequada das técnicas do sistema de plantio direto. “Em 2011, 88% das áreas no Paraná eram cultivadas no plantio direto. Mas é preciso perguntar: qual a qualidade implementada?”, questiona.



Segundo ele, uma das principais ameaças à preservação do solo está sendo observada também em áreas de plantio direto, sistema reconhecido como uma das principais armas para enfrentar a degradação do solo. “A erosão está ocorrendo nessas áreas, o que é preocupante”, afirma.



A situação, como explica, é resultado de métodos inadequados de cultivo e de um manejo insustentável. “Alguns produtores têm preocupação com o lucro rápido e imediato e não pensam nas consequências”, afirma. “Não enxergam os danos que estão provocando e não pensam no futuro dos filhos”, critica.



Derpsch afirma que os agricultores se iludem com a erosão, avaliando que o aparecimento em pequenas áreas não é ameaça. O consultor alerta que o processo é lento e os efeitos negativos muitas vezes só serão percebidos depois de uma geração.



Falando a uma atenta plateia, Derpsch enumerou as ameaças à sustentabilidade dos sistemas conservacionistas de produção. A primeira é a utilização unilateral e excessiva do glifosato, que provoca resistência de novas espécies de plantas daninhas ao herbicida.



Para enfrentar a questão, o consultor indica a adoção do controle integrado de plantas daninhas, como a rotação de culturas, que implica também na rotação de herbicidas.



Execução deficiente do sistema de plantio direto também é destacada pelo consultor como prejudicial à agricultura de conservação. Ele cita a monocultura da soja, falta de diversidade adequada, insuficiente cobertura do solo, períodos do ano sem culturas ou com cobertura morta insuficiente, utilização de plantas de cobertura e adubação verde insuficiente.



Além disso, são citados a distribuição deficiente de resíduos pelas colheitadeiras, eliminação indiscriminada ou a não existência de terraços, excessivo revolvimento do solo no plantio, falta de continuidade pela interrupção periódica do sistema, deficiências no manejo e aplicação do sistema de integração lavoura pecuária, diminuição da fertilidade do solo pela utilização de técnicas inadequadas, aplicação parcial dos princípios da agricultura de conservação e perdas (emissão) em vez de ganhos (sequestro) de carbono no solo.



Para o enfrentamento da questão, Derpsch considera imperativo adotar algumas medidas. Primeiro, a eliminação de todo e qualquer preparo do solo e a diminuição do revolvimento do solo no plantio. Também indica a aplicação permanente do plantio direto, evitar a ocorrência de erosão, adição de pelo menos de 8 a 12 toneladas por hectare de biomassa seca ao solo, eliminação da monocultura de soja, adotar a rotação de culturas com a maior intensidade possível e adotar práticas para aumentar os teores de matéria orgânica no solo por meio do sequestro de carbono, ou manter valores elevados de carbono no solo.



Rolf Derpsch trabalha como consultor no sistema de plantio direto, sediado em Assunção, Paraguai. Trabalhou durante 23 anos pela Cooperação Técnica Alemã GTZ. De 1977 a 1984 fez pesquisa em sistemas de plantio direto por meio de convênio entre a GTZ e IAPAR. De 1968 a 1972 atuou no IPAME em Curitiba e Londrina. É formado em agronomia pela Universidade do Chile e Escola Superior de Agricultura de Osorno e mestre pela Universidade de Reading, Inglaterra.



Ao final da conferência, Rolf Derpsch foi homenageado com o troféu “Amigo do Iapar”, entregue pelo diretor- presidente, Florindo Dalberto

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FONTE : Informe da 3ª Reunião Paranaense de Ciência do Solo, publicado pelo EcoDebate, 10/05/2013







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