Energia solar: sem incentivo não há esperança, artigo de Heitor Scalambrini Costa
Universo Energético

Energia solar: sem incentivo não há esperança, artigo de Heitor Scalambrini Costa


energia solar

[EcoDebate] Segundo o Worldwatch Institute, a capacidade instalada da energia solar no mundo cresceu 41% em 2012, atingindo a marca de 100.000 MW instalados. Dados extra oficiais apontam que no final de 2013 poderá chegar próximo a 150.000 MW. Em 2007, eram menos de 10.000 MW.
A Europa é ainda a principal consumidora de energia solar, respondendo por 76% em 2012. O grande destaque é a Alemanha, que sozinha é responsável por 30% do uso mundial. Segundo o Solar Industry Association (BSW-Solar), cerca de 8,5 milhões de pessoas já estão usando a energia solar para gerar eletricidade ou calor; ou seja, de cada 10 alemães, um utiliza energia solar. A energia solar fotovoltaica já atende 5% da demanda de eletricidade naquele país. As indústrias do setor têm como meta aumentar esta oferta para 10% em 2020 e cerca de 20% até 2030, mesmo com as taxas adicionais pagas pelo consumidor para subsidiar as fontes energéticas renováveis.
Devido à atual situação econômica no continente europeu, o relatório da Worldwatch destaca que a posição europeia com relação à produção elétrica solar está ameaçada, pois a Itália e a Espanha recentemente alteraram suas políticas de incentivo às fontes renováveis de energia, o que sem dúvida vai prejudicar a expansão do setor solar na região.
Os Estados Unidos e a China são os atuais mercados mais promissores à tecnologia fotovoltaica. A China divulgou recentemente a decisão do seu Conselho de Estado em aumentar em 10.000 MW a cada ano, chegando em 2015 com uma potência instalada de 35.000 MW. Apenas em 2012, foram instalados 8.000 MW. Já o EUA esperam até o final de 2013 suplantar a marca dos 13.000 MW instalados.
Enquanto isso no Brasil, pais que recebe os maiores índices de radiação solar do planeta, em particular sua região Nordeste, segundo o Ministério de Minas e Energia, em dezembro de 2012 a capacidade fotovoltaica instalada no país era de insignificantes 8 MW.
Uma das causas desta pífia utilização da fonte solar para produzir eletricidade é a completa falta de interesse dos formuladores e gestores da política energética brasileira. Esta afirmativa é corroborada nas políticas públicas planejadas para o país. Segundo a Empresa de Planejamento Energético (EPE), o Plano Decenal de Energia 2013-2022 prevê a geração de irrisórios 1.400 MW de geração distribuída via fonte solar em 2022.
O preço dessa energia é o maior empecilho apontado pelo MME para sua ampla difusão. Segundo estimativas do próprio MME, o custo da energia fotovoltaica estaria estimado em R$ 280,00 a R$ 300,00/MWh, e poderia cair para R$ 165,00/MWh dentro de cinco anos. O que é um disparate total sem lastro na realidade atual, que acaba inibindo sua utilização. Por outro lado, não existe uma política consistente de apoio e/ou incentivo dessa fonte energética. Existem remedos, com ações unicamente midiáticas.
Quem poderia melhor definir os preços de mercado seriam os leilões. Todavia, a EPE tem postergado e protelado tais leilões, que por sua vez já foram marcados e remarcados inúmeras vezes nos últimos anos. Finalmente, foi realizado em 18 de novembro passado o 17º Leilão de Energia Nova, incluindo pela primeira vez a energia solar fotovoltaica, além das ofertas energéticas, como as de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), de usinas térmicas, de usinas a biomassa e de energia eólica. Apenas os projetos eólicos foram negociados.
A ducha de água fria, que inviabilizou investidores da energia de solar participarem do leilão, foi o formato do leilão, a decisão da EPE que estabeleceu um excessivamente baixo preço à energia negociada, além da falta dos incentivos e ações claras do governo na direção de impulsionar essa fonte energética. Ficou estabelecido por essa empresa, que faz de tudo para que o solar não se desenvolva em nosso país, o preço-teto em R$ 126,00/MWh.
Esse valor foi o mesmo estabelecido para projetos de fontes eólicas, que, diga-se de passagem, é a segunda fonte elétrica mais barata atualmente, depois da energia hidrelétrica. Com um mercado em plena ascensão, a energia eólica foi a grande vencedora do leilão do dia 18 de novembro. Bem diferente do caso da energia solar, cujos projetos de geração foram ofertados pela primeira vez nessa modalidade de contratação.
Com o preço-teto anunciado, não poderia ter outra consequência senão o desinteresse total dos empreendedores. Apesar de ter 3.000 MW em projetos fotovoltaicos inscritos, nenhum deles foi arrematado. Fica, assim, mais clara a sinalização da EPE, de que a atual administração da política energética brasileira não se interessa pela energia solar.
Até quando?
Heitor Scalambrini Costa, Articulista do Portal EcoDebate, é Professor da Universidade Federal de Pernambuco.
EcoDebate, 26/11/2013




- Energia Solar Representará 4% Da Potência Total Até 2024
Potencial de uso de energia do sol no Brasil aumentará na próxima década. Atualmente, matriz responde por 0,02% da potência elétrica brasileira A geração de energia elétrica fotovoltaica, ou seja, pelos raios do sol, alcançará 7 mil megawatts...

- Energia Solar Respondeu Por 29% Da Nova Capacidade Instalada Nos Eua Em 2013
por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil Com mais 4.751 megawatts (MW) em fotovoltaica e 410 MW em solar térmica construídos no ano passado, a fonte solar foi responsável por 29% de toda a nova capacidade instalada nos Estados Unidos em 2013, ficando...

- Governo Fará Primeiro Leilão Exclusivo De Energia Renovável
por Alana Gandra, da Agência Brasil Um total de 429 projetos foi habilitado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, para o leilão de energia A-3, que o governo federal promoverá na segunda-feira (18),...

- Energia Eólica Já Representa 10% Da Eletricidade Na Alemanha
por Redação do EcoD Alemanha quer que 35% da eletricidade consumida no país até 2020 venha de fontes renováveis. Foto: Paul Langrock/Greenpeace Quando o assunto são as energias renováveis, poucos países têm tido tanto destaque atualmente como...

- Capacidade Fotovoltaica Global Aumentou 900% Em Cinco Anos
por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil Worldwatch Institute aponta rápido crescimento das fontes renováveis, com o consumo de energia solar subindo 58% e o de eólica 18% em 2012, sendo que apenas em painéis fotovoltaicos já são 100GW instalados Uma...



Universo Energético








.