Visitantes na base do projeto Tamar, na Barra da Lagoa, em Florianópolis (Foto: Projeto Tamar/Divulgação)
A preservação de tartarugas marinhas em Santa Catarina ocorre há 10 anos em um movimento compassado que une a conservação dos animais, a pesquisa aplicada e a interação com a comunidade local. Desde então, em torno de 300 répteis foram salvos e devolvidos ao mar. Este trabalho completa uma década com o projeto Tamar, em 2014, e é referência em todo o Brasil, sobretudo nas áreas de educação ambiental, realizada em Florianópolis, e monitoramento de pesca, desenvolvido em Itajaí, na região do Vale.
“Indiretamente, devido às campanhas educativas e com a consequente mudança de hábito dos pescadores de forma geral, ao longo destes 10 anos, pelos trabalhos do Tamar, podemos dizer que milhares de tartarugas marinhas foram salvas. Mas efetivamente recebidas em Florianópolis desde 2005, foram liberadas vivas ao mar mais de 300 tartarugas marinhas”, informa Gustavo Stahelin, coordenador técnico do projeto em Santa Catarina.
O Tamar (junção das palavras tartaruga e marinha) é uma parceria do governo federal – por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – com a Fundação Pró-Tamar. Criado em 1980 – quando as tartarugas já faziam parte da lista de espécies de animais ameaçados de extinção -, o programa abrange atualmente 19 bases de pesquisa e conservação da costa brasileira, além de 11 centros de visitação. Única base de preservação da região Sul do país, a capital catarinense abriga os dois núcleos.
Colaborador do Tamar em quatro bases do litoral brasileiro – entre elas a de Florianópolis -, o pesquisador da área de ecossistemas marinhos Guilherme Longo afirma que a costa de Santa Catarina integra a rota de diferentes espécies de tartarugas jovens. “Como as tartarugas podem ser altamente migratórias, os animais que se alimentam ou utilizam diversos ambientes marinhos daqui vêm de outros lugares do Brasil e até mesmo de outros países”, explica.
Estar na rota das tartarugas acaba por estimular, consequentemente, o trabalho predatório humano na faixa litorânea do estado. “Sendo a pesca, tanto industrial quanto artesanal, atividade bastante intensa na região, a proteção, monitoramento e pesquisa de tartarugas marinhas é fundamental para integrar ações de conservação em todo o ciclo de vida desses animais”, constata Longo, doutorando em Ecologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
De acordo com Stahelin, a espécie mais encontrada em Florianópolis é a Tartaruga-verde (
Chelonia mydas), com mais de 80% dos registros, seguida da Tartaruga-cabeçuda (
Caretta caretta), em quase 10% das ocorrências. O animal encontrado com algum ferimento é levado para o centro de reabilitação do Tamar. É realizada uma avaliação pela médica veterinária e procedimentos na tentativa de reabilitá-lo. Se for bem sucedido, a tartaruga é devolvida ao mar com a participação da comunidade.
Fonte: G1
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