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E o Vencedor da Copa do Mundo Terrorista é...
A coalizão de vontades que os EUA reuniram e que – supostamente – estaria combatendo contra os terroristas do
ISIS/ISIL/Daesh em todo o “Siriaque” reuniu-se em Paris essa semana. Em teoria, examinaram o que fazer a seguir, depois de perderem Ramadi no Iraque e Palmyra na Síria.
Mas o roteiro parece saído diretamente do Manifesto Surrealista.
O n.2 do Departamento de Estado dos EUA, Tony Blinken, jurou que Washington não tem qualquer dúvida quanto à sua estratégia “vencedora”. Insistiu que a estratégia “vencedora” matou no mínimo 10 mil jihadistas do Califato fake. Um coro de espiões da
CIA foi obrigado a arregalar os olhos.
Blinken também insistiu no “progresso”. Deve ter confundido essa história e o caso do FBI resolvendo prender uns figurões da
FIFA. A coalizão, como era de esperar, apoiou Bagdá – com muita retórica e vagas promessas de mais armas, e exortou o governo a ser mais inclusivo na relação com tribos sunitas.
Ninguém tratou do assunto de que foi a base de apoio de Ba’athists entre os sunitas – pode-se chamá-los, à moda Donald Rumsfeld, de “remanescentes” do governo de Saddam – que assegurou o sucesso do Califato fake na província de Anbar. E por isso Bagdá não pode ser muito ‘inclusiva’.
A coalizão, também previsivelmente, praticamente nem falou da Síria. Não há absolutamente qualquer diferença ideológico-religiosa entre a Frente al-Nusra – ramo da al-Qaeda na Síria – e o ISIS/ISIL/Daesh.
Pois o Qatar e a Turquia dormem na mesma cama com a Frente al-Nusra, ao mesmo tempo em que fazem crer que se oporiam ao Califato fake.
Permanece a ficção de que a coalizão apoiaria “rebeldes moderados” remanescentes do Exército Sírio Livre. Não resta nenhum rebelde “moderado”; todos eles migraram para a Frente al-Nusra ou para o ISIS/ISIL/Daesh, porque é onde está a ação – de toneladas de armas, a verdadeiras proezas militares em solo.
E então há também o Jaish al-Fatah – o Exército da Conquista; fantástico híbrido gerado em novilíngua, que encobre o fato de que o Ocidente “progressista” – mancomunado com as proverbiais petromonarquias do Golfo vassalas – faz chover armamento e dinheiro sobre a Frente al-Nusra. O Exército da Conquista não passa de coletivo nebuloso de formações variadas de takfiris dentre as quais a Frente al-Nusra; quaisquer supostas “alianças” que pareça haver entre eles
somem sempre nas areias do deserto.
A coisa fica ainda mais feia quando se sabe que Doha – via al-Jazeera Arabic – posa agora como patrocinadora oficial da Frente al-Nusra, convidando seus líderes e tentando empenhadamente erigir uma
(virtualmente inexistente) barreira entre a Frente al-Nusra e o ISIS/ISIL/Daesh. Numa daquelas entrevistas, al-Nusra disse-o claramente: o Ocidente não será atacado, à moda al-Qaeda, enquanto continuar a chover armas por lá, além de muitos dólares norte-americanos e euros. A “missão” deles na Síria continua a ser
‘mudança de regime’; exatamente o que Doha, Ancara, Riad, Telavive e – por falar nisso – também Washington desejam.
A nova normalidade chama-se al-Qaeda
O jornal turco Cumhuriyet publica um vídeo em que se vê a agência turca de espionagem MIT entregando armas à al-Qaeda na Síria, em caminhões.
E isso enquanto Ancara insiste na ficção de que estaria treinando “moderados” para lutar com o Califato fake. Nonsense: mais uma vez, não há mais “moderados”, só formações takfiris. E só os “moderados”
cruzarem a fronteira turco-síria, que viram takfiris.
Entrementes, o ISIS/ISIL/Daesh prossegue firmemente em direção a Aleppo, tentando tomar vilas no nordeste da cidade. Desnecessário dizer, a ‘coalizão’ só assiste ao movimento. O que torna tudo ainda
mais absurdo é que uma série de grupos de oposição que se recusam a deixar-se rotular como takfiris – por exemplo os Revolucionários Sírios ou a Frente do Levante – mas estão lutando ao lado dos takfiris
–, pediram ao Pentágono que bombardeie sem piedade os bandidos do Califa.
Assim, enquanto o Pentágono reclama que está ficando sem alvos, e ao mesmo tempo em que é incapaz até para bombardear colunas de caminhonetes brilhantes no meio do deserto, e enquanto prosseguem as
‘conversações’ em Paris, o ISIS/ISIL/Daesh está próximo de conquistar área extremamente estratégica, de Aleppo no norte, direto até a fronteira turca.
Se isso acontecer, todos – de soldados de Assad aos supostos “moderados” rebeldes – estarão sitiados.
Outro grupamento “moderado”, a Frente al-Izz, está perto de separar-se da coalizão. O líder, Mustafa Sijari, fez uma declaração extraordinária: disse que teria recebido ordens do Pentágono para dar combate ao ISIS/ISIL/Daesh e esquecer Damasco. Assumindo que não seja mentira, será mais uma prova de que o Pentágono age como espectador – tipo “árabes que matem árabes”, qualquer árabe e acredite no que acreditar.
Quanto à “estratégia” de Washington, não há estratégia nenhuma. Os conselheiros de política exterior do autodescrito governo “Não faça merda coisa estúpida” de Obama são piada.
Facções pró-governo no Departamento de Estado argumentam que Washington não pode alienar Teerã, atacando Damasco, porque os EUA precisam do apoio iraniano – e farto sortimento de milícias xiitas – para dar combate ao ISIS/ISIL/Daesh no Iraque. Mesmo assim, na Síria, os EUA dependem dos tais impalpáveis “moderados” não só para lutarem contra do Califato fake, mas também para ferir Damasco.
Pode-se começar a contar desde já as múltiplas variantes de tiros pelas culatras nesse cenário turvo. O Império do Caos é excelso fomentador – e do que seria? – de Caos. E quanto à destruição resultante, os locais que carreguem às costas as ruínas, enquanto o Império observa das coxias.
É sempre importante lembrar que as milícias tribais sectárias soltas no Iraque – e, em seguida, anos depois, na Síria – são consequência direta da “política” Made in USA de Dividir para Governar, posta em ação depois da destruição inicial do estado no Iraque.
Resumo disso tudo: o caos continuará prevalente. O ISIS/ISIL/Daesh continuará a avançar na Síria, imune ao poder de fogo do Pentágono; mas pode ser efetivamente contra-atacado no Iraque, graças a milícias
xiitas, não ao poder de fogo do Pentágono. Isso é o que o Departamento de Estado define como “estratégia vencedora”. *****
Traduzido por Vila VuduLeia mais:
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