DEZ MILHÕES EM RISCO DE FOME
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DEZ MILHÕES EM RISCO DE FOME


El Niño de 1997-98 observado pelo Topex/Poseidon. Foto: en.wikipédia.org
El Niño de 1997-98 observado pelo Topex/Poseidon. Foto: en.wikipédia.org
Por Tharanga Yakupitiyage, da IPS – 
Nações Unidas, 7/10/2015 – Pelo menos dez milhões das pessoas mais pobres do planeta poderiam passar fome em 2015 e 2016 devido às condições climáticas extremas e ao fenômeno El Niño, segundo a organização humanitária Oxfam. No informeEntrando em Águas Inexploradas, a Oxfam assinala a existência de padrões climáticos erráticos, incluídas altas temperaturas e secas, o que perturba as safras e a produção agrícola em todo o mundo.
Os países já enfrentam uma “emergência grave”, como é o caso da Etiópia, onde 4,5 milhões de pessoas necessitam de assistência alimentar devido à seca deste ano, indicou a organização. Em Malawi, quase três milhões de habitantes poderiam passar fome em consequência das chuvas irregulares, seguidas pela seca. Essas condições provocam a interrupção da produção de alimentos e o aumento dos preços. A organização Christian Aid informou que a produção de milho, alimento básico desse país, caiu 30% em 2014, enquanto seus preços subiram entre 50% e 100%.
Os produtores agrícolas da América Central também sofrem uma seca há quase dois anos, que afetou a produção de milho e diminuiu o acesso a uma alimentação suficiente.
A Oxfam adverte que as condições se agravarão devido à chegada do fenômeno El Niño/Oscilação do Sul (Enos), cuja fase quente ganha corpo quando aumenta a temperatura superficial da água nas áreas oriental e central do Pacífico equatorial. Esse aquecimento das águas da maior bacia oceânica do planeta, somado a outros padrões de circulação atmosférica de grande escala, ocasiona significativos efeitos climáticos regionais, que são observados em grande parte do mundo.
O Enos pode durar entre nove meses e dois anos, produzindo chuvas inferiores à média, além de altas temperaturas. Segundo a Oxfam, o fenômeno deste ano poderia ser o “mais poderoso” desde 1997, e já reduziu as chuvas de monção na Índia, o que poderia desencadear uma prolongada seca, além de insegurança alimentar na região oriental do continente asiático.
O aquecimento dos oceanos, agravado pela mudança climática, poderia duplicar a frequência dos mais poderosos desses fenômenos, segundo a Oxfam. A organização exortou por uma ação preventiva e recordou as terríveis consequências da falta de resposta, como a morte de 260 mil pessoas provocada pela crise alimentar no Chifre da África, em 2011.
A Christian Aid também destacou que Malawi tem déficit superior a US$ 130 milhões em suas necessidades de financiamento, o que dificulta o apoio às comunidades mais afetadas. “Se os governos e as agências tomarem medidas imediatas, como fazem alguns, então poderiam ser evitadas as grandes emergências humanitárias do próximo ano. Vale mais prevenir do que curar”, afirmou a Oxfam em seu informe.
Esse documento foi publicado no dia 1º deste mês, uma semana depois da adoção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em uma cúpula por ocasião da 70ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que incluem compromissos para erradicar a fome e também a luta contra a mudança climática.
A Oxfam pontuou que a crise que está se desenvolvendo é o “primeiro teste” dos líderes mundiais que se reunirão em uma cúpula em Paris para participarem da 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. A COP 21, que acontecerá de 30 de novembro a 11 de dezembro, deve forjar um acordo universal e vinculante para evitar que a temperatura da Terra supere os dois graus Celsius.
“Isso deve servir para chamar atenção dos governantes para que cheguem a um consenso sobre um acordo mundial para combater a mudança climática”, afirmou o presidente-executivo da Oxfam Grã-Bretanha, Mark Goldring. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, dos Estados Unidos, 2014 foi o ano mais quente da história. Entretanto, os dados mundiais em curso revelam que 2015 poderia superar essas temperaturas recordes. Envolverde/IPS




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