Cientistas alemães, australianos, franceses, holandeses e suíços, liderados por pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA), identificaramquatro novos gases prejudiciais à camada de ozônio na atmosfera, indicando que os riscos à camada podem não estar ainda totalmente controlados.
Os quatro gases – três clorofluorcarbonetos (CFCs), CFC-112, CFC-112a e CFC 113a e um hidroclorofluorcarbono (HCFC), HCFC-133a – foram encontrados em uma quantidade de 74 mil toneladas.
“Nossa pesquisa mostrou quatro gases que não estavam na atmosfera até os anos 1960, o que sugere que eles são produzidos pelo homem”, observou Johannes Laube, principal autor do estudo, da Escola de Ciências Ambientais da UEA.
Os pesquisadores descobriram a presença dos gases na atmosfera através da análise de amostras de ar coletadas na Tasmânia entre 1978 e 2012. Além disso, compararam as amostras com outras, retiradas do gelo na Groenlândia, o que permitiu diferenciação da composição do ar em diversos momentos da história.
O que chamou a atenção dos cientistas é que a concentração destes gases foi aumentando no decorrer do tempo, mesmo com a implementação do Protocolo de Montreal em 1989. O tratado baniu parcialmente os CFCs na atmosfera devido aos danos que esses causam à camada de ozônio. Em 2010, o protocolo instituiu uma proibição completa dos clorofluorcarbonetos.
Segundo Laube, o aumento na concentração desses gases se deve ao fato de que a legislação tem algumas lacunas, o que permite a emissão de CFCs em determinadas exceções.
Agora, os pesquisadores querem saber se os novos gases descobertos estão dentro destas exceções ou se estão sendo emitidos ilegalmente.
“Simplesmente não sabemos se os gases que descobrimos na atmosfera vêm de emissões isentas ou se eles vêm de alguma produção ilegal em algum lugar. De qualquer forma, as emissões estão aumentando rapidamente”, comentou.
O que se desconfia é que elas estão sendo produzidas no Hemisfério Norte, mas não se sabe precisamente onde ou por quem. “Fontes possíveis incluem produtos químicos de matérias-primas para a produção de inseticidas e solventes para a limpeza de componentes eletrônicos”, acrescentou o autor.
Laube afirma que não há motivo para alarde, já que a taxa dessas emissões está muito abaixo do pico de CFCs atingido na década de 1980 de mais de um milhão de toneladas por ano. Ainda assim, ele alerta que é necessário buscar desde já as fontes de emissão, para que o problema não tome proporções maiores.
“A detecção desses quatro novos gases é bem preocupante, já que eles contribuirão para a destruição da camada de ozônio. Além do mais, os três CFCs estão sendo destruídos muito vagarosamente na atmosfera – então, mesmo se as emissões parassem imediatamente, eles ainda ficariam [na atmosfera] durante muitas décadas.”
“Embora essa nova liberação seja pequena, contribuindo com uma fração de 1% do total de emissões de substâncias prejudiciais à camada de ozônio, para o Protocolo de Montreal continuar a ter sucesso é necessário entender se ele está sendo rigorosamente cumprido”, concluiu William Collins, professor de meteorologia da Universidade de Reading.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.