Vista área de desmatamento no estado do Acre. Foto: © Peter Muller/Bild
Brasília (DF) – O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) confirmou nesta quarta (10) que o desmatamento na Amazônia Legal entre agosto de 2012 e julho de 2013 aumentou 29% em relação ao período anterior (confira o gráfico). No período, 5.891 quilômetros quadrados de floresta amazônica foram perdidos. No balanço, a taxa cresceu cerca de 1% em relação à previsão do Governo Federal de novembro passado, e apenas foi liberada pela pressão de organizações não-governamentais.
“As taxas definitivas alertam para uma possível tendência de crescimento do desmatamento na Amazônia. Em breve saberemos se isso representará uma retomada do desmatamento nos próximos anos”, ponderou Marco Lentini, coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil. A taxa divulgada esta semana pode ter sido influenciada por fatores como o novo Código Florestal.
A divulgação das taxas relativas ao período 2013-2014 devem ser divulgadas em caráter preliminar após as eleições.
“Embora tenha havido avanços no combate ao desmatamento – que foi reduzido em 79% desde 2004 -, qualquer desmatamento, sobretudo ilegal, é inaceitável e deve ser reduzido imediatamente”, lembrou Lentini.
Para o coordenador, a continuidade na destruição das florestas projeta um futuro incerto, com graves consequências para o clima devido ao seu papel na estocagem do carbono e na regulação do regime das chuvas que abastecem, por exemplo, as regiões Sudeste e Sul do país, além da perda de biodiversidade.
Lentini defende que é preciso fortalecer os mecanismos de valorização e proteção de florestas, como o Código Florestal. Além disso, o monitoramento da cobertura vegetal precisa ser ampliado para todos os outros biomas brasileiros, que perdem vegetação nativa diariamente sem que o Brasil saiba e aja sobre o que está ocorrendo nessas regiões, também de altíssima biodiversidade.
Em nome da defesa e do uso sustentável dos recursos naturais brasileiros, o WWF-Brasil vem entregando e debatendo com candidatos às eleições de 2014 uma série de propostas a serem assumidas pelos próximos governos. Entre elas, realizar o monitoramento anual do desmatamento de todos os biomas brasileiros e, a partir de 2016, implantar os Planos de Prevenção e Controle de cada bioma, impedindo o desmatamento ilegal e aproximando de zero o desmatamento geral e a degradação dos ecossistemas nativos, até 2018.
No começo deste mês, o Inpe divulgou os dados referentes à degradação florestal na Amazônia, uma forma de destruição que não altera consideravelmente a paisagem, mas que tem efeitos danosos sobre a manutenção do bioma. De 2007 a 2013, a degradação superou os 10 milhões de hectares na Amazônia, baseada em ações predatórias como exploração ilegal e seletiva madeira, queimadas intencionais.
E a degradação, segundo o Inpe, se dá nos mesmos estados em que registram-se as maiores taxas de desmatamento, sobretudo Pará e Mato Grosso, indicando que as ações ilegais parecem atender ao comércio clandestino de madeira. Os estados são os maiores produtores de madeira nativa do país.
* Publicado originalmente no site WWF Brasil. (WWF Brasil)
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